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Wallace, de volta à casa no Cruzeiro: “Quero jogar até não aguentar mais”


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O pequeno Max aparece no vídeo já no fim da entrevista. Ele pula no colo de Wallace, diz que quer brincar, mas, no embalo da conversa, pergunta:

– Nós vamos viajar, pai?

Até alguns meses atrás, a resposta seria imediata: não. Mas, ao anunciar que sua história na seleção chegou ao fim após os Jogos de Tóquio, Wallace se permite a outros planos. Aos 34 anos, dono de duas medalhas olímpicas, se adapta a novos tempos. De volta ao Cruzeiro, clube pelo qual conquistou alguns de seus principais títulos, o oposto pode, pela primeira vez em mais de uma década, se dedicar totalmente à equipe. E até, quem sabe, planejar as férias após o fim da Superliga, que começa sua nova temporada neste sábado. O time mineiro estreia contra o São José, às 19h, com transmissão do SporTV2.

Wallace volta ao Cruzeiro após cinco anos — Foto: Divulgação

Wallace volta ao Cruzeiro após cinco anos — Foto: Divulgação

Wallace volta ao Cruzeiro cinco anos após deixar o clube. Passou por Taubaté, Sesc-RJ e Spor Toto, da Turquia, no período. Na Europa, apesar de atuar em uma liga sem tanta tradição, foi campeão e escolhido MVP do campeonato. Nas Olimpíadas, logo depois, encarou uma de suas maiores frustrações com a seleção ao deixar Tóquio sem subir ao pódio: “Tenho certeza que essa dor dentro do coração de cada um que estava lá ainda está aberta”, diz. Mas, ao retornar ao clube mineiro, maior vencedor da história da Superliga com seis títulos, tem a missão de conduzir o time de volta ao topo nacional.

– É muito bom voltar, né? Eu acho que as coisas não mudaram tanto nesses cinco anos que eu passei fora daqui. O ambiente de trabalho perfeito, como sempre, bem tranquilo de se trabalhar. Alguns atletas novos; outros não tão novos assim, que eu já conhecia. Então fica muito fácil de trabalhar. Eu fiquei extremamente feliz de poder voltar. Feliz pela confiança que eles têm em mim, mesmo depois de um pouco mais velho, me contratar novamente. Então o que eu posso fazer é me doar ao máximo, dar 120% ali dentro de quadra contra o time que for. É uma honra voltar e vestir essa camisa – disse o oposto, que já conquistou o título mineiro nesta temporada.

Apesar de mais velho, Wallace não mudou tanto assim. Durante a carreira, Wallace teve poucos problemas físicos. Já não é aquele jogador de pura explosão, é verdade. Nos últimos anos, porém, soube se reinventar.

– Desde que eu saí, ganhei principalmente mais experiência. A saúde, a gente sabe, vai caindo aos poucos, não tem jeito. A idade vai chegando. Mas, em contrapartida, você tem muito mais cabeça. Não é só aquela coisa de ir para o ataque dar porrada toda hora, sem uma largadinha. São coisas que a gente vai ganhando com o tempo. Hoje eu tenho mais paciência e consciência do que tinha há cinco, seis anos.

A tal experiência e os cuidados com a saúde permitem que Wallace não se imponha limites. O oposto evita fazer planos, mas acredita que ainda tem ao menos mais quatro anos pela frente. Talvez, até mais…

– Eu falo eu acho que eu vou conseguir jogar até meus 38, 39. Mas posso chegar e meu corpo estar bem. Então, beleza, segue. Mas posso chegar aos 37 e meu corpo já estar morto. Aí vou ter que parar antes. Mas eu acho que, com essa folga aí da seleção, sem dúvida o corpo recupera bastante. Na época que eu joguei no Taubaté, o Dante estava lá. E ele falava o quanto é realmente um absurdo o quanto o cara descansa e volta melhor para o clube sem estar na seleção. Vou te falar que eu quero jogar até não aguentar mais. Quando não aguentar mais de dor, aí eu paro.

No comando do Cruzeiro, Wallace vai reencontrar um velho companheiro de quadra. Filipe Ferraz esteve ao lado do oposto em boa parte das conquistas do clube. Agora, será o técnico da equipe para a temporada.

– É diferente. É um cara que jogou ali do seu lado e agora a gente se trata como técnico e atleta. Mas o Filipe é um cara que desde atleta a gente sabe que sempre deu o máximo dele, sempre se doou, se dedicou. E agora, como técnico, tenho certeza que não vai ser diferente. A gente conversa bastante. É um cara que dá abertura para a gente trocar ideia. Dá abertura para conversar sobre coisas técnicas e táticas. Então fica muito fácil trabalhar com ele. Ele mesmo fala: “Eu, hoje, sou uma esponja. O que me falam, eu vou só absorvendo”. O cara chegou agora, é um negócio novo para ele. Eu sei que estuda demais. Para melhorar, para aprimorar cada vez mais esse novo esse novo projeto.

Em seus novos tempos, Wallace tem aproveitado melhor a companhia da esposa, Mari, e dos filhos, Max e Mia. Volta dos treinos e consegue viver melhor os dias ao lado deles. Ainda que a ideia de não defender mais a seleção ainda não lhe pareça natural, sabe que o momento de dizer adeus foi o correto.

– Estou realmente tentando me adaptar a essa nova fase. Mas era uma coisa necessária. A gente fica muito tempo longe das crianças, muito tempo longe da família. Isso pesa muito, perder algumas partes da vida da criança crescendo. Eu perdi muitas partes do Max, principalmente, enquanto fiquei na seleção. A Mia, eu acho, ainda não entende tanto. Mas daqui para frente, vai começar a entender. Foi uma coisa pensada há muito tempo. Está na hora. Acho que já deixei tudo que eu podia deixar para a seleção. A gente brinca: “Obrigado pelos serviços prestados”. Deixei tudo o que podia na seleção. Ganhei, perdi, ganhei de novo, perdi.

Com a cabeça no Cruzeiro, encara a Superliga como a chance de recolocar o time de volta ao topo.

– Eu acho que, antes de eu sair, todo mundo sempre colocava o Cruzeiro como o principal time. Hoje, eu acho que está bem aberto. Tem o Minas, Campinas e Guarulhos, que fizeram a final do paulista, o Natal, que era o Taubaté. O jogo está bem aberto. Quem suportar melhor essa pressão, essa briga direta, tem grandes possibilidades de ser campeão da Superliga. Eu acho que temos um time que vai dar bastante trabalho.

Ge.globo.com

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