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Violência volta a irromper protestos em Hong Kong


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Após dez dias de relativa calma em Hong Kong, as passeatas deste fim de semana, em protesto contra medidas de Pequim, foram acompanhadas por violência. Pela primeira vez, a polícia usou jatos d’água contra os participantes e pelo menos um tiro foi disparado.

Quando milhares se dirigiam, sob chuva torrencial, ao bairro-cidade de Tsuen Wan, após comício num estádio esportivo próximo, um grupo de ativistas linha-dura ergueu barricadas improvisadas e arrancou tijolos dos pavimentos. Segundo a agência de notícias AFP, a certo ponto vários agentes da lei empunharam pistolas.

Durante as confrontações, por diversas vezes os agentes da lei se viram em inferioridade numérica, isolados diante de jovens mascarados que os atacavam com porretes e atiravam pedras.

Após tentarem dispersar a multidão com gás lacrimogêneo, as forças de segurança colocaram nas ruas caminhões equipados com múltiplos canhões d’água, exibindo avisos de que os utilizariam, caso os manifestantes não se retirassem.

Mais tarde, os jatos foram lançados dos veículos em movimento contra um grupo de participantes que saiu correndo. Contudo ativistas mais violentos confrontaram os agentes com tijolos e coquetéis molotov. Antes, a polícia assegurara que os caminhões, também equipados com câmeras de vigilância, só seriam empregados no evento de “distúrbios públicos de larga escala”.

O superintendente de polícia Leung Kwok Win admitiu que houve um disparo de arma de fogo, pela primeira vez em quase cinco meses de protestos na região semiautônoma chinesa. “Pelo que entendo, um tiro acaba de ser dado por um colega. Minha compreensão inicial é que foi um policial uniformizado que disparou sua arma”, declarou o policial. As circunstâncias e motivos ainda não foram esclarecidos.

À tarde (hora local), uma segunda passeata reuniu algumas centenas de cidadãos, incluindo familiares de policiais. Parte deles criticava o governo por deixar as tropas sozinhas para lidar com a crise, enquanto outros exigiam uma investigação independente do suposto excesso de violência policial nos protestos.

No sábado, dez pessoas foram hospitalizadas, duas em estado grave, e 29 foram presas em confrontos que duraram até a noite. Num bairro proletário, a polícia investiu com gás lacrimogêneo e cassetetes contra os manifestantes que atiravam garrafas e pedras. Em contraste, os protestos da sexta-feira foram pacíficos, com a formação de uma corrente humana de quase 50 quilômetros de extensão.

As passeatas na ex-colônia britânica e polo financeiro, iniciadas em 31 de março de 2019, dirigiam-se originalmente contra um projeto de lei de extradição anunciado pelo governo chinês. Mais tarde, ampliaram-se num movimento pró-democracia, exigindo a deposição da chefe do Executivo local, Carrie Lam, e eleições plenamente democráticas.

Neste meio tempo, Pequim tem empregado um misto de intimidação, propaganda e pressão econômica para conter os protestos, numa estratégia que o movimento apelidou de “terror branco”. Até este sábado, o governo de Hong Kong parecia ter desistido de empregar violência: a última confrontação séria ocorreu mais de uma semana atrás, depois que as manifestações paralisaram o aeroporto local.

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