Não escrevo contra uma denominação. Creio que é importante cada denominação se distinguir em certos aspectos doutrinários; porém, estes sempre precisam ser secundários e não vitais como a fé na ressurreição corpórea de Cristo, a salvação pela graça e a confissão do nome do Deus Trino.
Podemos discordar em questões como ceia e batismo. Podemos divergir sobre escatologia e dons. Agora, sempre estaremos unidos ao Espírito Santo, à fé una e às Escrituras que são a Palavra de Deus.
Caro leitor, a decisão da Assembleia de Deus no Mato Grosso não é razoável. Com todo respeito ao pastor que vaticinou o documento, não são usos e costumes que mudam o coração, mas o evangelho da graça de Deus. É a maravilhosa mensagem redentora da obra substitutiva de Cristo que nos remove a culpa e vence o poder do pecado em nossas vidas.
Eu entendo que possa haver um zelo maior por parte desses líderes de não deixar que o povo seja subsumido pela cultura secularizada vigente; contudo, devo discordar do documento unicamente por não ver uma necessidade pastoral de que os irmãos sejam conduzidos com tanta repressão, que não tem poder para remover o desejo pecaminoso que está presente não na exterioridade, mas na interioridade.
Veja o que o Apóstolo Paulo, inspirado pelo Deus Espírito, escreveu em sua carta aos irmãos que vivam na cidade de Colossos:
“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.” Colossenses 2:20-23 (grifo do autor)
Não se corrige o problema da impureza com mais religiosidade. A lógica não pode ser a da lei – que tenta frear o coração pecaminoso, mas só consegue provar que ele carece de um Salvador que o justifique – mas, sim, do evangelho, que opera poderosamente profundas transformações no coração por meio da livre graça que Deus comunica pelo Espírito Santo.
Como diz outro documento histórico da Igreja, “A Confissão de Fé de Westminster”, no capítulo XX, inciso II:
“Só Deus é Senhor da consciência, e a deixou livre das doutrinas e dos mandamentos humanos que, em qualquer coisa, sejam contrários à sua Palavra ou que, em matéria de fé ou de culto, estejam fora dela. Assim, crer nessas doutrinas ou obedecer a esses mandamentos, por motivo de consciência, é trair a verdadeira liberdade de consciência; requerer para eles fé implícita e obediência cega e absoluta, é destruir a liberdade de consciência e a própria razão.”
Referências bíblicas: Rm 14.4,10; Tg 4.12; At 4.19; At 5.29; Mt 23.8-10; Cl 2.20-23; Gl 1.10; Gl 2.4,5; Gl 4.9,10; Gl 5.1; Rm 14.23; At 17.11; Jo 4.22; Jr 8.9; 1Pe 3.15.