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Uso inadequado de antibióticos aumenta resistência de bactérias
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Relatório da OMS publicado no ano passado aponta grandes discrepâncias nas taxas de consumo entre os 65 países analisados, variando de aproximadamente quatro doses diárias definidas (DDD) por cada mil habitantes para mais de 64 doses diárias definidas por cada mil habitantes.
Segundo a organização, a grande diferença no uso de antibióticos em todo o mundo indica que alguns países provavelmente estão usando antibióticos, enquanto outros podem não ter acesso suficiente a esses medicamentos que salvam vidas.
No Brasil, a taxa de consumo é 22,75, a maior entre os países americanos com dados disponíveis. O país é seguido por Bolívia, com taxa de consumo de 19,57 doses diárias definidas por cada mil habitantes; Paraguai, com 19,38; Canadá, com 17,05; Costa Rica, com 14,18; e Peru, com 10,26.De acordo com o infectologista Hélio Bacha, grande parte do uso do antibiótico no Brasil, especialmente o ambulatorial, é desnecessária. “Há uma pressão muito grande por parte da população, que acha que antibiótico é medicação eficaz para todo tipo de infecção e há uma formação médica nem sempre adequada para distinguir o bom uso do antibiótico”, diestacou Bacha, que é consultor técnico representante da Sociedade Brasileira de Infectologia no Conselho Científico da Associação Médica Brasileira. Bacha disse que grande parte das doenças infecciosas virais e mesmo infecções bacterianas tem cura espontânea. É preciso, portanto, “melhorar a prescrição por parte dos médicos. E isso não basta, se não houver consciência coletiva da população. [É preciso] melhorar o nível de saber dessa população dos limites do uso do antibiótico e das ameaças que isso traz.”
Segundo a OMS, há uma série de ações que podem ser tomadas por diversos setores da sociedade.
- Prevenir infecções, lavando as mãos regularmente, praticando uma boa higiene alimentar, evitando contato próximo com pessoas doentes e mantendo atualizado o calendário de vacinação.
- Usar antibióticos apenas quando indicado e prescrito por um profissional de saúde.
- Seguir a prescrição à risca.
- Evitar reutilizar antibióticos de tratamentos prévios que estejam disponíveis em domicílio, sem adequada avaliação de profissional de saúde.
- Não compartilhar antibióticos com outras pessoas.
- Prevenir infecções ao garantir que as mãos, os instrumentos e o ambiente estejam limpos.
- Manter a vacinação dos pacientes em dia.
- Quando uma infecção bacteriana é suspeita, realizar culturas e testes bacterianos para confirmá-la.
- Prescrever e dispensar antibióticos apenas quando realmente forem necessários.
- Prescrever e dispensar o antibiótico adequados, assim como sua posologia e período de utilização.
- Implantar um robusto plano de ação nacional para combater a resistência aos antibióticos.
- Aprimorar a vigilância às infecções resistentes aos antibióticos.
- Reforçar as medidas de controle e prevenção de infecções.
- Regulamentar e promover o uso adequado de medicamentos de qualidade.
- Tornar acessíveis as informações sobre o impacto da resistência aos antibióticos.
- Incentivar o desenvolvimento de novas opções de tratamento, vacinas e diagnóstico.
- Garantir que os antibióticos dados aos animais – incluindo os produtores de alimentos e os de companhia – sejam usados apenas no tratamento de doenças infecciosas e sob supervisão de um médico veterinário.
- Vacinar os animais para reduzir a necessidade do uso de antibióticos e desenvolver alternativas ao uso de antibióticos em plantações.
- Promover e aplicar boas práticas em todos os passos da produção e do processamento de alimentos de origem animal e vegetal.
- Adotar sistemas sustentáveis com melhor higiene, biossegurança e manejo dos animais livre de estresse.
- Implementar normas internacionais para o uso responsável de antibióticos estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal, FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura] e OMS.
- Investir em novos antibióticos, vacinas e diagnósticos.
Com informações da Agência Brasil