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Saúde

Uma carta aos pais dos adolescentes com obesidade


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A obesidade é uma doença e mais de 157 milhões de crianças e adolescentes vivem com ela em todo o mundo. Confira dicas da endocrinologista Paula Pires para ajudar no tratamento do seu filho.

Oi. Eu sou a Paula, tenho 39 anos, sou médica, especialista em auxiliar as pessoas a perderem peso com saúde e a melhorarem o seu estilo de vida. Por atender tantos adolescentes que chegam no consultório com seus pais precisando de ajuda, eu decidi escrever uma carta para você, pai e mãe de adolescente que luta com a obesidade, pois sinto que já conheço vocês muito bem.

A obesidade é uma condição clínica que tem várias causas e possui um tratamento  — Foto: Ketut Subiyanto/Pexels

A obesidade é uma condição clínica que tem várias causas e possui um tratamento — Foto: Ketut Subiyanto/Pexels

Seu filho tem muita dificuldade em perder peso — e a maioria das pessoas não entende isso. Acham que ele é preguiçoso, que não tem força de vontade. Talvez até você mesmo já teve esses pensamentos e falou coisas que não gostaria de ter dito para o seu filho. Vejo a tristeza, o cansaço, e às vezes o desespero nos seus olhos. Sei o tanto de coisa com as quais você precisa lidar e como se preocupa com seu filho. Eu me pergunto: Como uma pessoa tão jovem lida com a fome emocional? Com a ansiedade pela comida? Com a gula que não passa mesmo após comer e comer? Como lidam com ter de comer coisas diferentes da sua família e tantas vezes coisas que nem mesmo gosta? Como lida com as piadas dos amigos sobre o seu corpo? Eu não consigo nem imaginar tamanha confusão e dor que deve passar pela cabeça do seu filho adolescente que tenta perder peso.

 

 

Mas eu quero trazer nessa carta informações que talvez você não saiba!

 

Há algo que você precisa entender que, embora não desfaça as dificuldades da sua família, não acabe com o seu cansaço ou não melhore a fome e o ato emocional de comer do seu filho, pode ajudar pais e mães. É uma verdade que é a chave para obter a ajuda de que vocês precisam, com muito mais facilidade do que no passado. Vocês não estão sozinhos!

 

A obesidade é uma doença e existem mais de 157 milhões de crianças e adolescentes vivendo com ela em todo o mundo. E, sim, você leu bem, a obesidade é uma doença. É uma condição clínica que tem várias causas — a maioria delas nem é sua culpa — e que possui um tratamento.

 

É importante que você entenda que pode haver mais por trás do peso do seu filho do que apenas a relação com a comida e o exercício. Você sabia que entre 40-70% de toda a obesidade está relacionada à genética? Isso significa que muitos adolescentes que vivem com o problema herdaram uma chance maior de desenvolver essa enfermidade durante a vida.

 

Como os genes podem afetar o peso de alguém? Eles podem influenciar:

 

– Quanta comida é consumida de uma vez;
– Como alguém responde à sensação de plenitude;
– Quanto prazer é recebido de certos tipos de alimentos;
– Quanta energia é necessária para executar as funções básicas de um corpo;
– Como e onde o excesso de calorias é armazenado como gordura em um corpo.

 

Nós, médicos, sabemos que essas coisas podem ter menos a ver com nossas personalidades e escolhas de estilo de vida e mais a ver com nossos genes!

 

Agora, queria dar a vocês algumas dicas para começar a tratar a obesidade do seu filho adolescente e ajudá-lo a crescer saudável, com uma vida plena e feliz. Confira abaixo:

 

 

1. Busque um especialista

 

Procure junto com seu filho um médico especialista em obesidade! Olhe o currículo desse médico e veja se ele realmente sabe como cuidar de vocês. Escolha aquele de que seu filho gostar, se sentir à vontade e tranquilo.

 

2. Prepare-se para a conversa

 

Na consulta, o médico pode perguntar como é a rotina diária da casa, por isso, algumas semanas antes, anote o dia de vocês, incluindo as atividades em que seu filho está envolvido e o que come em todas as refeições. Se conseguir tirar fotos dos pratos, melhor ainda! Isso ajudará vocês a explicar ao médico sobre seu estilo de vida e o ajudará a recomendar a melhor abordagem para seu filho adolescente.

 

3. Sem culpa

 

A conversa com o médico deve ser equilibrada e de forma alguma implicar qualquer culpa! Seu filho deve gostar das consultas e não ter medo de ir ao seu médico ok? Se estiver com medo e triste, alguma coisa está errada. Certifique-se de que seu filho se sinta à vontade para discutir seu peso com seu médico. Tente identificar as principais prioridades ou pontos principais desejam discutir e anote-os com você, para não esquecer. É importante falar das emoções! Não tenham vergonha. Não deixe que ninguém julgue seu filho ou sua família pela obesidade.

 

4. Persevere!

 

Se sair da consulta insatisfeito, não desista. Haverá outros médicos e prestadores de cuidados com a obesidade prontos para ajudar a sua fmaília. Se você precisar de suporte adicional, existem muitas alternativas.

 

5. “Mantenha seus ovos em apenas algumas cestas”

 

Já escutou esse ditado? Com ele eu quero dizer: encontre um bom médico endocrinologista, especialista em obesidade de adolescente e confie nele. Não espere que um novo médico saiba mais ou tenha uma fórmula mágica que vai resolver a obesidade. Essa é uma doença que não tem cura, tem controle. Eu levo anos de consultas repetidas para realmente entender muitos dos meus pacientes com obesidade. E eu vou envelhecendo e crescendo junto com os meus queridos adolescentes. O melhor atendimento acontece quando um médico entende o paciente e o paciente entende o médico. Isso só pode acontecer com o tempo. Há algo muito poderoso em ter uma compreensão construída ao longo dos ano. Por isso, tenha paciência!

 

 

A obesidade é uma condição real, que acomete pessoas reais e que precisam de cuidados reais. Não deixe que ninguém faça seu filho se sentir mal por ter essa doença. Continue lutando!

 

Um forte abraço, com carinho,
Dra. Paula Pires

 

Receita: Smoothies

 

Smoothies variados  — Foto: Acervo do projeto "Médicos na Cozinha"

Smoothies variados — Foto: Acervo do projeto “Médicos na Cozinha”

Adicione os ingredientes na ordem sugerida abaixo e misture até que o smoothie tenha a consistência certa para você.

 

  • 1/4 xícara de cubos de gelo (opcional)
  • De 1a 2 colheres (de sopa) de sementes
  • 2 xícaras de vegetais inteiros
  • 1/2 xícara de fruta
  • De 60 a 120 ml de suco sem açúcar (opcional)
  • De 120 a 180 ml de líquido de base
  • Opcional: colheres de sopa de proteína

 

Líquidos de base
Prepare um litro de chá forte para usar como base para seus smoothies. Os líquidos básicos podem ser feitos a partir de diferentes combinações de ervas: tanto em saquinhos de chá disponíveis no mercado quanto feitos em casa com ervas a granel.

 

Se optar por usar chás e ervas a granel, cozinhe as ervas em dois litros de água quente por 10 a 15 minutos, cubra e desligue o fogo. Deixe esfriar por 20 minutos antes de coar e descartar o chá solto. Use as misturas de chá de ervas indicadas mais abaixo.

 

 

Se optar por usar chás disponíveis no mercado, faça a infusão conforme as instruções e deixe o chá em infusão por 10 a 15 minutos. Deixe esfriar por 20 minutos, antes de descartar o saquinho. Você pode usar os tipo de chás indicado abaixo:

 

  • Chá Verde
  • Chá de maçã, hibisco
  • Chá de frutas vermelhas, maracujá
  • Chás noturnos (camomila etc.)

 

Uma vez que a mistura de chá e ervas estiver pronta, coloque de 120 a 180 ml da mistura no liquidificador. Armazene o líquido restante na geladeira por 7 a 10 dias.

 

Sucos
Escolha um suco de fruta 100% puro, sem açúcar. Coloque de 60 a 120 ml de suco gelado no liquidificador. Exemplos de sucos para usar são:

 

  • Suco de cranberry
  • Suco de romã
  • Suco de cereja
  • Suco de uva roxa
  • Suco de limão, maracujá, morango, frutas vermelhas, acerola

 

Frutas
Adicione 1?2 xícara de frutas sem açúcar (de preferência orgânicas) no liquidificador. Evite frutas processadas contendo açúcares, adoçantes ou xaropes adicionados. Os tipos de frutas a serem incluídos são:

 

  • Maçã (ou purê de maçã sem açúcar)
  • Pêssego
  • Banana pera
  • Amoras, mirtilos, framboesas, abacaxi, morangos…
  • Manga
  • Melão
  • Kiwi

 

Legumes
Em seguida, adicione uma xícara de quaisquer verduras sazonais ou outros vegetais inteiros de sua escolha. Os tipos de vegetais a serem incluídos são:

 

  • Folhas de abacate e hortelã
  • Beterraba
  • Pepino
  • Folhas verdes escuras (acelga, couve, espinafre etc.)
  • Cenoura

 

Proteínas
Adicione ao liquidificador uma das seguintes fontes de proteína:

 

  • Proteína em pó, como whey protein
  • Aveia integral, embebida durante a noite em leite (pode ser de amêndoa)
  • Iogurte ou kefir (soja ou laticínio)
  • Sementes de linhaça

 

Adicione de 1 a 2 colheres de sopa de sementes de linhaça ou chia moídas (ou farinha de aveia ) no liquidificador.

 

Gelo: adicione 1?4 xícara de gelo picado no liquidificador se você gosta do seu smoothie frio.

 

Paula Pires é especialista em Endocrinologia, membro da Endocrine Society, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Também é idealizadora do projeto "Médicos na Cozinha" e editora do livro "Médicos na Cozinha"  — Foto: Arquivo pessoal

Paula Pires é especialista em Endocrinologia, membro da Endocrine Society, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Também é idealizadora do projeto “Médicos na Cozinha” e editora do livro “Médicos na Cozinha” — Foto: Arquivo pessoal

 

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