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Um ano após 1º caso de Covid-19, MT vive o pior momento da pandemia – entenda


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Um ano após o primeiro caso de Covid-19 ser registrado em Mato Grosso, estado vive a denominada 2ª onda da doença e o pior momento da pandemia. Conforme a médica infectologista e pesquisadora Márcia Hueb, segundo pico do vírus se somou ao primeiro, já que em nenhum momento foi registrada redução drástica no número de casos.

“Nós estamos no pior momento da pandemia e temos muitas coisas que apontam que talvez a gente continue assim por muito tempo mesmo que haja alguns períodos de calma aparente. A chance de nós voltarmos a estar nessa situação ou nem sairmos dessa situação dramática é muito grande pelos próximos meses”, finalizou.

Nós estamos no pior momento da pandemia e temos muitas coisas que apontam que talvez a gente continue assim por muito tempo

Infectologista Márcia Hueb

No dia 16 de março de 2020, um homem de 48 anos, morador de Cuiabá, foi internado em um hospital particular da capital após passar período na Itália. De lá para cá, ao menos 274.788 casos pessoas foram infectadas em Mato Grosso e outras 6.456 morreram em decorrência da doença, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), divulgados nesta segunda (15).

Seja pela falta de medidas drásticas para contenção do vírus ou pela disseminação das novas variantes, fato é que Estado enfrenta novamente um colapso no sistema de saúde com Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e enfermarias da rede pública e privada lotadas. De acordo com a pesquisadora, 2ª onda era inevitável, mas poderia ter sido melhor administrada.

“Nós não agimos com o conhecimento que adquirimos com esse tempo, então é como se a gente tivesse sido novamente surpreendido. Não deveria ser assim. A gente podia estar em uma situação melhor sim, nós não precisaríamos estar com o colapso na saúde, nós poderíamos estar com uma perspectiva de vacinação muito melhor, ter vacinado um percentual muito maior da população”, disse.

Até o momento, Mato Grosso vacinou 113.519 pessoas com a primeira dose do imunizante, o que significa
3,22% da população do Estado. O total de 51.329 vacinados que receberam a segunda dose equivale à apenas
1,46% dos mato-grossenses. A aplicação corresponde a 40,7% das doses recebidas do Ministério da Saúde.

O fato de existir uma 2ª onda a gente não pode atribuir somente às novas variantes. Foi porque não houve controle, não houve uma atenção com as medidas que seriam de restrição

Infectologista Márcia Hueb

Novas variantes e reinfecções

Como um comportamento natural de vírus, tendência é que ele apresente mutações que favoreçam a sua maior disseminação. As novas variantes identificadas no Brasil, contudo, não têm comprovação científica de serem mais letais do que o vírus “original”.

“O fato de existir uma 2ª onda a gente não pode atribuir somente às novas variantes. Foi porque não houve controle, não houve uma atenção com as medidas que seriam de restrição, de contenção, que fariam a transmissão diminuir muito. Agora, é claro, tendo as variantes, isso facilita que a 2ª onda exista, mas ela existiria de qualquer forma”, complementou.

O que se sabe, até agora, é que pessoas mais jovens e sem comorbidades têm morrido com maior frequência no que na denominada 1ª onda. Para Hueb, no entanto, isso se dá porque essa parcela da população começou a se expor mais ao vírus ao descumprirem as medidas de distanciamento social.

“Pode ser que a gente conclua que de fato existe uma letalidade maior com essas variantes, mas hoje o que sabemos é que é aparentemente igual, apenas a transmissão está mais acelerada. Tendo muitos casos, você tem muitas mortes”, disse.

Quanto às reinfecções, também ainda não é possível dizer com clareza o espaço de tempo com que é possível se contaminar novamente pelo vírus. No entanto, pesquisas apontam que é mais plausível que reinfecção aconteça de 6 meses a 1 ano depois da doença devido à redução da imunidade adquirida com o quadro infeccioso.

Fecha comércio, abre comércio

Desde que foi confirmado o primeiro caso, governador Mauro Mendes (DEM) e prefeitos dos municípios tomaram uma série de medidas para tentar evitar a proliferação do vírus. No início de março, decreto estadual proibiu a circulação de pessoas das 21h às 5h e permitiu que estabelecimentos comerciais fossem abertos das 5h às 19h.

Para a pesquisadora, contudo, medidas são muito tímidas para conter a situação na velocidade adequada e não atendem às necessidades reais de Mato Grosso. Para que o número de casos confirmados e mortes reduzissem em uma ou duas semanas, por exemplo, medidas precisariam ter muito mais rigorosas.

Para funcionar, segundo pesquisadora, Estado teria que ter lockdown de até 4 semanas

“Em um cenário ideal teríamos um lockdown de no mínimo umas 4 semanas. Então somente serviços considerados essenciais que seriam abertos. Todo o restante as pessoas não poderiam circular, não poderiam estar usando transporte público da forma que usam, se aglomerando. Então um lockdown de fato que nós nunca tivemos no Brasil”, alertou.

Ela afirmou que possibilidades precisam ser discutidas com responsabilidade e seriedade por todos os setores da sociedade. Nenhuma medida tomada pelos governantes em um ano de pandemia foi eficaz para a contenção do vírus.

Entre os primeiros

O Amazonas ficou conhecido por ter enfrentado período drástico da doença, em que faltaram leitos e oxigênio para pacientes infectados. Mato Grosso, no entanto, também chamou atenção pelo número de mortes com relação ao número de infectados. Para a pesquisadora, isso pode ser atribuído à falta de preparo e de medidas mais enérgicas para lidar com o vírus.

“Se nós olharmos, Mato Grosso sempre fica na 4ª ou 5ª posição em números proporcionais de óbitos, ou seja, óbitos a cada 100 mil habitantes. Enquanto em número de casos, nós somos o 15º, porque nós somos uma população pequena. Então daí a gente vê a desproporção. Quer dizer, nós temos muito mais óbitos do que a gente deveria pelo número de casos que temos”, explicou.

Conforme dados do boletim epidemiológico da secretaria estadual de Saúde (SES), até essa segunda o índice de mortalidade a cada 100 mil habitantes no Estado é de 185,2.

3ª onda

Volta no aumento no número de casos em Mato Grosso foi registrado a partir de dezembro de 2020. Em março de 2021, contudo, houve colapso na saúde, até que nesta segunda (15), Estado bateu recorde no número de mortes desde o início da pandemia: 86 em 24 horas.

Pacientes lotam a Upa Ipase, em Várzea Grande. Uma das unidades que recebem pessoas infectados pelo coronavírus na região metropolitana de Cuiabá

Expectativa é de que nos próximos meses cenário caótico tenha continuidade e que 3ª onda seja registrada. Isso porque medidas de isolamento social não foram decretadas e processo de vacinação em massa não está em andamento.

“Mesmo que a gente saia em um primeiro momento dessa segunda onda e que a gente reduza um pouco os casos, nós temos tudo para ter uma terceira onda somada à primeira e segunda. Nós não vamos ter atingido a vacinação na proporção que nós precisamos e nós não estamos fazendo medidas que controlariam a disseminação do vírus”, finalizou.

 

Rdnews

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