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Turista lamentam suposto desmonte do complexo ferroviário e querem reativação da ferrovia até Guajará


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O cenário é ainda de desmazelo, apesar de está viva para o mundo, é o que afirma a acadêmica Francisca da Silva, 56, sobre o atual quadro em que se encontra a legendária Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) por parte do poder público e político rondoniense.

Envolta a muitas histórias e muito mais “estórias”, o principal cartaz de propaganda sobre o patrimônio dos porto-velhenses, a então temida “Ferrovia do Diabo” que, no século passado, levou à morte várias gerações de imigrantes definha, a céu aberto, por conta e risco de maus gestores, reafirma a acadêmica.

Em meio às polêmicas sobre o processo de revitalização, ora pelo Município, ora pela União, turistas e visitantes, muitos dos quais sedentos por ouvir histórias reais sobre o empreendimento, “entram e deixam os ambientes do Complexo Ferroviário, tristes e frustrados, por nada ou quase nada informado pelos agentes controladores”, Hermes Daniel de Araújo, 23, de Manaus.

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Em linhas gerais, os destaques negativos sobre o amontoado do que resta das peças históricas das locomotivas (trilhos, trens, vagões e acessórios), foi o que motivou a Associação dos Ferroviários (ASFEMM) ir aos comandantes militares para, em uma verdadeira operação de guerra, “remover essas engrenagens para dentro das oficinas”, afirma George Telles, O Carioca.

Na ausência do poder público, os comandantes da 17ª Brigada e do 5º Batalhão de Engenharia e Construção (5º BEC), ao serem sensibilizados pelos ferroviários, agiram em nome e da defesa do principal cartão-postal da cidade e removeram todas as peças do acervo, “jogadas sob o Sol e chuva, desde o século passado, à antiga oficina onde era feita a manutenção dos maquinários”. Acusa José Bispo, 83 anos, líder dos ferroviários.

Atualmente, o Complexo Ferroviário da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), considerado ainda principal ponto turístico da cidade, ao lado do Prédio do Relógio, da Centenária Vila Ferroviária, do Palácio Getúlio Vargas e do Marco Zero, “continua sendo desmantelado e cuja descaracterização é acelerada por décadas”, atestam remanescentes da EFMM.

– A ferrovia faz parte da história da cidade, completam José Bispo e George Telles, respectivamente, dirigentes da Associação dos Ferroviários.  

Segundo eles, ”é por ela que tudo começou e até hoje, turistas e visitantes são obrigados a adentrar seus ambientes para mirar o Pôr-do-Sol ou realizar passeios de barcos ao longo do Rio Madeira”, assinala a artesã Maria do Socorro, 58, remanescentes de soldados da borracha e ferroviários.

Faz parte, ainda, desse belo cenário paisagístico e histórico, as operações de passeio na legendária Litorina ao preço de R$ 5, o ingresso. “Retomarmos a sensação de circular sobre trilhos, onde as locomotivas 18 e 50 nos levaram de Porto Velho, à Vila Santo Antônio e à estação final, em Guajará-Mirim, é manter viva a memória de nossa gente”, revela José Romão Grande, 96, presidente do Sindicato dos Soldados da Borracha e Seringueiros na Amazônia Ocidental Brasileira.

Na outra ponta da linha, figuram, ainda, reclamações e queixumes em cima de veredictos deixados por viajantes sobre a inexistência de programações ou atividades culturais nos ambientes do Complexo e Vila dos Ferroviários. Não há agenda oficial sobre shows, espetáculos nem mesmo excursões guiadas ao local por parte dos por órgãos de controle do Município, Estado e União.

Nas avaliações geradas em cima do vazio cultural que se formou nos ambientes da Madeira Mamoré, principalmente, “é acentuada a tristeza vermos esse patrimônio sendo descontruídos”, se dividem turistas e visitantes entre notas que dariam caso aconteça aa reativação da ferrovia, na inicial, à Vila Santo Antônio e futuramente, a Guajará-Mirim.

Enfim, apesar de não haver calendário para recepcionar turistas e visitantes domésticos e, sobretudo, estrangeiros remanescentes de ingleses, norte-americanos ou barbadianos, cabe à uma parcela de ferroviários genuínos fornecer indicativos da história e da atual situação em que se encontra a ferrovia, “ainda hoje cobiçada por outras nações”, atesta José Bispo.

   O registro da flagrante ausência do poder público e político nos ambientes da EFMM, são de viajantes sozinhos, famílias, pares românticos, homens de negócios e/o amigos de filhos de ferroviários, de soldados da borracha e seringueiros. Além de remanescentes dos trabalhadores mortos durante a construção da EFMM, “que teimam em resgatar a maior de todas as histórias do povo porto-velhense, a da Estrada de Ferro à centenária Vila Ferroviária”, arremata José Romão Grande, 96 anos.

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