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Turismo na Bolívia: 7 razões (e fotos) para se apaixonar pelo país
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Tem gente que vê a Bolívia como o país mais pobre da América do Sul e pensa que deve ser um lugar feio, perigoso e nada turístico. Se você é desses, não se deixe enganar pelos gráficos: a Bolívia tem as paisagens mais belas da América do Sul, como o Salar de Uyuni e o Lago Titicaca, além de exóticas cidades cheias de atrações, como La Paz, Potosí e Oruro.
Mas e o presidente mala deles, o Evo Morales? Mas e os torcedores do Corinthians que ficaram presos em Oruro? Mas o mar que eles querem tomar do Chile? Mas e as drogas?
Bom, o presidente não é problema nosso; Os corinthianos fizeram por merecer; Bolivianos e chilenos que falam espanhol que se entendam. E droga só usa quem quer.
Então vamos direto ao ponto. Ou melhor, primeiro à geografia da Bolívia, que explica um pouco dessa imensa selva turística a ser explorada.
Da Amazônia ao Lago Titicaca
Com um território menor que o do nosso estado do Pará, a diversidade geográfica da Bolívia proporciona enorme contraste entre as paisagens.
O país tem trechos de floresta amazônica, tem desertos intermináveis, tem vulcões, tem o Lago Titicaca, tem o altiplano andino e tem até neve! Então vamos começar por ela, a neve, tão desejada e perseguida por nós brasileiros.
Bora lá, desbravar esses 7 motivos para conhecer a Bolívia.
1 – Na Bolívia tem neve!
Pode acreditar, Brasil. Neve não é sinônimo de riqueza econômica e até a Bolívia tem suas montanhas nevadas. E não são poucas. Mas vamos falar das mais acessíveis. Ou melhor, do pico nevado que pode ser facilmente visitada por quem está em La Paz, o Chacaltaya.
A 5.395 metros de altitude, o Chacaltaya está a 30 km de La Paz e não é preciso ser nenhum perito em alpinismo para chegar até lá. Basta comprar um pacote baratinho em qualquer agência de turismo da cidade, passar pouco mais de uma hora no trânsito caótico, dentro de uma van, e aguardar um pouco mais até chegar à estação de esqui do Chacaltaya.
Mas a paisagem compensa qualquer transtorno pelo caminho, além do prazer que só um brasileiro criado no sertão do Cariri é capaz de sentir ao tocar, comer e se esfregar na neve. Dá até pra fazer guerrinha!
Então dá pra esquiar na Bolívia? Nessa montanha, só se você for o Highlander. Pois a estação de esqui do Chacaltaya, além de ser a mais alta do mundo, é íngreme e vem perdendo volume de neve a cada ano.
2 – La Paz e nada mais!
La Paz é a maior cidade da Bolívia e sede do governo. E o que isso tem a ver com as atrações da cidade? Absolutamente nada, mas é bom chegar sabendo o mínimo, pra não dar nenhum fora, por exemplo, achando que está na capital do país, que na verdade é a cidade de Sucre.
Mas o charme de La Paz não tem nada a ver com o governo. O lance é percorrer suas ruas abarrotadas de gente, suas ladeiras úmidas e seus mercados abertos. Aliás, não vi em La Paz nada parecido com um Shopping Center ou grandes lojas de departamento.
O centro da cidade, especialmente nos arredores da Catedral Metropolitana de La Paz, mais parece uma grande feira ao ar livre, onde se vende desde pilhas a estranhos sucos típicos. Vai um quentinho de mandarinas?
Um famoso atrativo de La Paz que também merece ser percorrido é o Mercado de Las Brujas, nada mais que algumas ruelas de paralelepípedo repletas de lojinhas de artigos, digamos, místicos, como símbolos de bruxas, fetos de lhamas (e eles cheiram a fetos de lhamas mesmo) e saquinhos com folhas de coca para mascar. Eu disse MASCAR, não FUMAR.
Apesar de tanta gente dos altiplanos nas ruas, falando o incompreensível idioma quíchua, provavelmente você, em mochilão pela America do Sul ou viajante descolado, quase não terá contato com eles.
Quem domina os points hype da cidade, os pubs, os restaurantes menos esquisitos (deve ter quem goste, mas pra mim a pior coisa da Bolívia é a comida) e os hostels são os gringos.
O índice de alemães, islandeses, suecos e israelesens em La Paz é maior do que em qualquer outra grande cidade da América do Sul. E esse pessoal manja das melhores festas e percorre La Paz dia e noite. Tente se enturmar.
Dica de pub: meu preferido durante a viagem foi o Sol y Luna Os donos são holandeses e a comida também.
Passeio básico: Valle de la Luna, com suas estranhas formações rochosas, que mais parecem coisa de outro planeta.
Passeio aventura: descer mais de 3 mil metros de bicicleta pela ” Estrada da Morte” nome assusta, mas o passeio é organizado por agências de turismo e até crianças podem participar.
ALÉRGICOS, ATENÇÃO: LA PAZ ESTÁ A MAIS DE 3.000 METROS DE ALTITUDE. ÁCAROS TEM DIFICULDADES PARA SOBREVIVER ACIMA DE 1.500 METROS. PENSE NISSO ANTES DO SEU PRÓXIMO ESPIRRO.
Em resumo, La Paz é isso: a China das Américas, o lugar mais exótico que você pode conhecer sem ter que passar 2 dias dentro de um avião. Não se assuste com o “exótico”, a cidade tem bons hotéis, bons restaurantes e é bastante segura.
3 – A Bolívia é mais segura que o Brasil
Grande coisa, você deve estar pensando. Mas saiba que é mesmo. Para um país com IDH tão baixo, massacrado pelos vizinhos mais safos e com o PIB que tem, ser relativamente seguro é difícil de se acreditar.
Seja nas ruas de La Paz ou nas ladeiras escuras da Isla del Sol, não presenciei ou fiquei sabendo de nada que desabonasse o país. A polícia parece ser truculenta e despreparada, mas não é polícia que transmite segurança.
Nas lojas, o dono fica sentado no fundo sem se preocupar com seus produtos pendurados do lado de fora. Nos restaurantes, ninguém controla os clientes com comandas e guardinhas. Nos hotéis, não existem seguranças armados até os dentes como no Rio de Janeiro. Parece que a honestidade é cultural, ou talvez a lei pra quem rouba seja séria.
Não faço ideia do que gera essa sensação de segurança e segurança relativa real que paira sobre a Bolívia, especialmente no altiplano, mas é uma das coisas que mais me encanta no país. Se você souber, é só comentar que eu atualizo aqui com direito a honrarias.
4 – Isla del Sol: paraíso no Lago Titicaca
A Bolívia divide com o Peru a soberania do Lago Titicaca. Apesar dos peruanos entenderem melhor como capitalizar o turismo, em atrações como as Islas Uros e a Isla Taquile, por exemplo, é na Bolívia que está guardado o melhor segredo do Lago Titicaca: a Isla del Sol.
Da Isla del Sol, é possível ter uma visão quase que surreal: imagine caminhar pela praia admirando a beleza do horizonte infinito. Agora, imagine que no limiar do horizonte, onde a água faz a curva, exista uma linda cordilheira com picos nevados o ano inteiro? Pois é, é assim na Isla del Sol, com sua vista privilegiada do lago com a Cordilheira Real ao fundo.
Mas o visual de cinema é só mais um detalhe na ilha que preserva hábitos antigos, como a criação de lhamas, e construções históricas incas, como a Escalera Inca, passagem obrigatória para quem vai se hospedar por lá.
A infraestrutura é rústica, o que dá ainda mais charme à Isla del Sol. Para ficar uma ou duas noites, as pousadas baratas e os restaurantes caseiros são mais que suficientes.
5 – Salar de Uyuni
9 entre 10 listas tipo “lugares para conhecer antes de morrer” ou “As paisagens mais inacreditáveis da Terra” incluem o Salar de Uyuni. O motivo é óbvio: ele é simplesmente o maior deserto de sal do mundo, um verdadeiro e belíssimo oceano de sal. Uma vez no meio do Salar de Uyuni, é melhor ter um GPS ou um guia experiente por perto, pois é difícil se orientar com o infinito branco por todos os lados.
Sim, o solo por lá é todo de sal. Pode provar, não faz mal. O sal retirado do deserto, inclusive, é o sustento da maioria dos habitantes das vilas ao seu redor.
Mas como um deserto de sal foi parar logo na Bolívia, um dos dois únicos países da América do Sul sem acesso ao mar? Em resumo, ele surgiu após o ressecamento de um lago pré-histórico, dando origem à enorme planície salgada, maior até que o Lago Titicaca.
Entre as atrações do Salar de Uyuni, estão o Cementerio de Trenes, o hotel de sal – desativado como hotel, mas funciona como uma espécie de museu e ponto de encontro das caravanas que atravessam o deserto – e a Isla del Pescado, com seus cactos que chegam a medir 12 metros de altura e vivem por séculos. Como o “cactus milenario”, que viveu cerca de 1200 anos e hoje tem uma placa em sua homenagem.
Se você é daqueles aficionados por lembrancinhas típicas, na entrada do Salar de Uyuni existe um vilarejo onde vendem objetos feitos de sal, como cinzeiros e chaveiros.
6 – Vulcões e lagunas multicoloridas
Se chegou até o Salar de Uyuni, espero que tenho comprado o passeio de 3 noites e nem pense em dar a meia volta antes de seguir até a Reserva Eduardo Abaroa.
Pois é quando o Salar de Uyuni acaba que começa a parte mais interessante da viagem, em cenários que parecem saídos de algum quadro de pintura impressionista, com lagos de variadas cores, flamingos, vicuñas – um parente mais selvagem das lhamas – e montanhas nevadas.
Mas nem tudo que é alto e com neve em cima é montanha. O maior exemplo disso é o Licancabur, vulcão de 5.916 metros de altitude que domina a paisagem e faz valer cada segundo a bordo do 4×4.
As excursões que atravessam esse árido altiplano geralmente faz paradas em comboio à beira das lagunas: existe a Laguna Verde, a Laguna Colorada, a Laguna Kalina e muitas outras, em cores inacreditáveis, geradas por fatores como o movimentos das algas ao vento.
As últimas paradas do passeio costumam ser nos geirsers “Sol de Mañana”, ainda pela madrugada, e em uma piscina natural de água quente.
Pra dar uma relaxada na água quente, é bom ser ágil na hora de entrar e sair, pois a temperatura do lado de fora pode estar alguns graus abaixo de zero, com direito a lama congelada ao redor da piscina.
Como você deve imaginar, não existem restaurante e hotéis no percurso, que leva duas noites. As refeições são preparadas por uma cozinheira, que vai junto desde a partida. Seja na beira das lagunas, do hotel de sal ou nos rústicos alojamentos, elas preparam comidas típicas, como frango e quinoa.
O passeio acaba na fronteira com o Chile, onde você pode pegar uma van em direção a San Pedro de Atacama, ou retornar para a cidade de Uyuni.
Para conhecer o lado chileno da região, o afamado Deserto do Atacama, fui em frente a atravessei a fronteira. O que só serviu para comprovar que a Bolívia selvagem é muito mais incrível que o Atacama, disputado por gananciosas agências de turismo.
7 – Viajar pela Bolívia é muito barato
E olha que não é só o Buenas Dicas quem diz. O ranking com as 116 cidades mais baratas do mundo para mochileiros coloca La Paz no 11º lugar, atrás apenas de destinos na Ásia da também sul-americana Quito, capital do Equador. Para chegar a essa conclusão, a pesquisa considerou:
– 1 cama em hostel barato
– 3 refeições econômicas
– 2 bilhetes de transporte público
– 1 entrada em atração cultural
– 3 cervejas baratas, pra garantir a diversão
Se La Paz, que é a maior cidade e capital turística da Bolívia está entre as mais baratas do mundo, lugares ainda mais baratos, como a Isla del Sol, deveriam ganhar o título por antecipação. Só quem passa um tempo na Bolívia sabe o quanto o dinheiro parece render por lá. Por isso, não tenha pressa para aproveitar o país.
Inclusive, acabei de ver em um artigo que 80% dos turistas na Bolívia são mochileiros. Um percentual bem relevante e que deve ser valorizado pelo país, afinal o dinheiro dos mochileiros vai pra diversos setores da economia e não só pra alimentar as agências de turismo. Bom pra todo mundo.
fonte: buenasdicas.com