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Terra em 2500: como será nosso planeta daqui a tanto tempo?


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Prever quanto avanço científico, ou retrocesso ambiental, nosso planeta pode apresentar daqui a 500 anos é uma tarefa tão difícil que parece nem valer a pena pensar nisso. Mas é importante pensar no papel da humanidade nesse processo, se é que pretendemos deixar um mundo agradável para nossos descendentes. O problema é que os que detêm o poder de mudar o rumo das coisas não parecem ter essa intenção. Então, como a Terra será daqui a tanto tempo?

Por um lado, podemos retroceder 500 anos, pouco depois das aventuras de Cristóvão Colombo no “Novo Mundo”. Em 1521, Cuauhtémoc, o último imperador Azteca, rendia-se ao conquistador Fernando Cortés, enquanto o navegador português Fernão de Magalhães falecia durante a primeira viagem de circum-navegação da história, organizada pelo próprio. Se eles tentassem imaginar o mundo hoje, dificilmente chegariam perto de uma previsão correta.

Por outro lado, nosso avanço tecnológico é muito recente, com imenso destaque para o século XX. As descobertas de Albert Einstein e Max Ludwig Planck sobre a gravidade e a mecânica quântica desencadearam — literalmente — dois universos para explorar: o cosmos e o mundo das partículas sub-atômicas. Sem essas duas explorações, talvez ainda não viveríamos em um mundo globalizado.

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Claro, mudanças radicais aconteceram antes, em episódios como a revolução industrial, ou mesmo no final do século XVIII, quando as atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo no clima da Terra e nos ecossistemas. Alguns cientistas consideram esses marcos como possíveis pontos iniciais do Antropoceno — período mais recente na história do planeta Terra no qual o homo sapiens se torna o autor de toda uma era geológica.

Essa afirmação tem um peso enorme, pois significa que as mudanças que nosso planeta sofre não dependem mais de fenômenos naturais, e sim da ação direta da humanidade. Desde os dias de Fernão de Magalhães, várias espécies foram extintas como resultado da colonização humana das ilhas, incluindo as tartaruga-gigantes e o dodô, ambos nas ilhas Mascarenhas. Causamos extinções em tempo recorde, com uma taxa atual estimada 100 a 1.000 vezes superiores às taxas de extinção “históricas” na escala de tempo evolutiva do planeta Terra. Isso também tem um nome: extinção em massa do Holoceno.

As mudanças climáticas causadas pelo nosso estilo de vida — que vai desde emissão da queima dos combustíveis fósseis ao atual modelo de agricultura, passando pelo descarte de não-biodegradáveis nos oceanos e muitos outros hábitos — pode ditar também o próprio destino da humanidade. A constante destruição das florestas causa mudanças extremas, como temporadas de tempestades incomuns, que são apenas um sinal de algo pior ainda por vir.

Imaginar o que acontecerá com o mundo nos próximos séculos é quase um exercício de cursos de escrita criativa para autores de ficção científica, mas uma coisa é certa: não estamos em uma rota segura. As temperaturas nos EUA e Canadá bateram recordes e, ao que tudo indica, a temperatura média deve subir em 2° C no início da próxima década, segundo climatologistas. “O que os modelos climáticos projetam para o futuro é o que obteremos se tivermos sorte. O comportamento dos modelos pode ser muito conservador”, garante o cientista e professor Brian Hoskins.

A Terra vista da Lua durante a missão Apollo 8 (Imagem: Reprodução/NASA)

Se 2 graus parece pouco, vale lembrar que os modelos computacionais têm visão ampla das temperaturas globais, ou seja, não há muita precisão quando tratam de áreas menores. Isso significa que locais onde a temperatura atinge extremos sofrerão ainda mais. Além das ondas de calor, outras regiões, como a Europa, sofrem com as chuvas torrenciais e inundações devastadoras. Bryony Worthington, autora principal da Lei de Mudanças Climáticas do Reino Unido, disse à BBC que “cientistas preocupados não estão mais preocupados; eles estão apavorados”.

Carl Sagan, em uma entrevista à Veja, disse que a Terra não está em perigo. “A Terra está segura. Nós, os humanos, é que estamos numa situação cada vez mais frágil. É provável que a esta altura de nosso desenvolvimento tecnológico estejamos criando uma civilização incompatível com a vida no resto do planeta”, disse ele. “Ou conseguimos viajar pelo espaço e colonizar outros planetas, ou corremos sério risco de entrar para o rol de espécie extinta”.

Mas isso é um paradoxo, pois, para chegar a outros mundos, será necessário que a humanidade deixe de ser uma ameaça a si mesma. Como o próprio Sagan disse em outra ocasião, quando os humanos se expandirem pelo universo, provavelmente se tratará de uma outra humanidade. Afinal, podemos encontrar a extinção antes mesmo de pisar em outro planeta. Então, pode ser que em 500 anos a Terra seja habitada por uma espécie que aprendeu a viver em harmonia consigo mesma e com o planeta. Isso só acontecerá se nós, enquanto espécie, quisermos.

Fonte: Space.com, BBC

 

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