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Terapia Assistida por Animais: doutores do amor


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Por aqui, já trouxemos várias coisas boas que os animais de estimação oferecem à vida dos seus tutores em suas casas e apartamentos. Mas engana-se quem pensa que para por aí a colaboração positiva da interação com animais — cães, gatos, cavalos, coelhos e até pássaros já contribuem em tratamentos de saúde. Os benefícios não estão só nos hospitais. A Terapia Assistida por Animais (TAA) já demonstra resultados na rotina de pessoas com autismo, depressão, doenças ortopédicas e até distúrbios de atenção. Pelos macios, carinho e ternura fazem bem à saúde. Vamos entender o alcance e os avanços da carinhosamente chamada pet terapia.

O que é Terapia Assistida por Animais?

A TAA faz parte de um conjunto de práticas que utilizam a interação com animais como ferramenta dirigida para obter benefícios terapêuticos em humanos — as Intervenções Assistidas por Animais. Aqui, o foco será na TAA, que pode ser feita com cães, cavalos, gatos, pássaros, coelhos, entre outros. Se há possibilidade de contato seguro com humanos, há a alternativa de terapia com animais.

Para ajudar no entendimento dos benefícios desse tipo de prática, nada mais esclarecedor do que uma boa história. A da família Azevedo pode acender uma luz sobre a sua vida. À PROTESTE, a sul-mato-grossense Camila Azevedo, mãe de duas lindas e ativas meninas, contou que buscou a equoterapia após o diagnóstico de autismo da mais velha, Alice, de 4 anos. Por ser casada com um veterinário e apaixonada por animais, ela estava ciente dos benefícios da equoterapia, que é uma TAA, no desenvolvimento de pessoas com autismo, como melhora no equilíbrio e na coordenação motora. “Autoconfiança, segurança, respeito com o limite do próximo. Elas (Cecília é a mais nova) estão há um ano praticando ativamente”, comenta a mãe sobre o tratamento.

terapia assistida por animal

Alice Azevedo tem 4 aninhos e foi diagnosticada com autismo.  Ela frequenta aulas de equoterapia há um ano ao lado da irmã mais nova

 

As TAAs beneficiam os homens na esfera física, cognitiva, social e emocional e podem ser aplicadas em grupos distintos de pessoas. O importante é identificar qual tipo atende melhor cada necessidade. Para autistas, por exemplo, além da equoterapia, a “cãoterapia” também é benéfica, pois pode ajudar na redução do estresse e estimula habilidades de comunicação e interações sociais. Também chamada de cinoterapia, ajuda até os familiares, pois melhora o lado emocional dos envolvidos. Diminuição da percepção da dor e redução dos sintomas da depressão são outros possíveis benefícios. No Instituto Nacional de Câncer, (Inca) a cadela Hope é sensação e atende na ala pediátrica (você conhece mais sobre esse trabalho na página ao lado).

Como funciona a equoterapia

De acordo com a Associação Nacional de Equoterapia, a modalidade TAA utilizada pela pequena Alice usa o cavalo como mediador. “Essa prática auxilia o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio”, explica Adrielle Rodrigues, colaboradora do Centro de Competência de Alimentação e Saúde da PROTESTE.

Pessoas com doenças genéticas e neurológicas, com sequelas de traumas e cirurgias ou doenças mentais, entre outras, são favorecidas. “É fantástico o poder dessa modalidade de mexer com nosso corpo e mente”, ressalta Camila Azevedo, que indica: “Esse tipo de terapia é interessante para qualquer pessoa que goste de animais e que deseja ter contato direto, troca de energia e vibração”.

No caso das terapias assistidas com outros animais, como gatos, pássaros e coelhos, os ganhos também são inúmeros. É possível citar: autonomia, melhora de habilidades motoras, estímulo à memória, diminuição do estresse e da ansiedade, melhora do humor e da adesão a outros tratamentos (veja detalhes no quadro acima).

Acesso às terapias

A TAA é encontrada em hospitais pelo Brasil por meio de iniciativas de médicos e Organizações Não Governamentais (ONGs), que também fazem parcerias para levar as práticas para clínicas, asilos, orfanatos e escolas. “É uma abordagem de tratamento complementar bastante versátil, com ampla gama de aplicações, podendo ser direcionada a diferentes grupos populacionais, de crianças a idosos”, explica a colaboradora PROTESTE. Entretanto, as TAAs ainda estão em desenvolvimento e enfrentam dificuldades de aplicação, como desconhecimento, por parte de profissionais e pacientes, e custos envolvidos.

A própria equoterapia é um exemplo, já que não é possível ser aplicada em hospitais ou locais pequenos e fechados. São necessárias instalações apropriadas, inspeções veterinárias regulares, garantia das condições de segurança do paciente e uma equipe multidisciplinar que, além do médico e do veterinário, deve contar com psicólogo, fisioterapeuta e profissional de equitação, além de outros especialistas dependendo dos objetivos do programa. Mas é possível encontrar a atividade em hípicas e centros de hipismo, pagos ou gratuitos (é preciso pesquisar em cada bairro ou cidade os locais especializados e com alvará de funcionamento).

Apesar das dificuldades listadas, a expectativa de quem trabalha e acredita no sucesso da iniciativa é que mais espaços acessíveis sejam criados. “Vale destacar a necessidade de pesquisas adicionais e avanços na regulamentação da prática, trazendo mais eficácia e segurança aos pacientes e profissionais”, reforça Adrielle.

A mãe da Alice e da Cecília deixa um recado para famílias que estão na mesma situação e buscando terapias alternativas para ajudar no desenvolvimento de crianças autistas ou não: “Foi uma longa jornada. No início, elas tinham medo, mas fomos dessensibilizando e ganhando confiança. Hoje, a conexão é fantástica”.

Hope, a “cão terapeuta” do Inca

Ela tem mais de 50 mil fãs na rede social (@hopedemell), mas sua influência vai muito além do digital. Hope, uma cadela da raça Golden Retriever, é a “cão terapeuta” do Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. Com a missão de amenizar o sofrimento de crianças internadas no hospital, ela se mostra dócil, companheira, leal e uma grande propagadora do otimismo e da vontade de viver para a ala de pediatria da instituição.

terapia assistida por animal

 

A médica Bianca Amorim foi a idealizadora do projeto e, ao lado do adestrador André Donza, procurou um canil especializado. Hope nasceu de pais dóceis, já sendo preparada para a sua missão de vida: ajudar crianças em tratamento contra o câncer. “No começo, houve muita resistência”, comentou a médica sobre a implementação do projeto. Mas a ideia era tão boa e a Terapia Assistida com Animais é tão benéfica que todos se renderam. “Ela vai ao hospital toda quinta-feira, às 12h30. Foi treinada para isso desde que nasceu”, explica o adestrador.

Hoje, Hope é aguardada pelas crianças, e até mesmo pais e médicos mandam mensagens para o adestrador com saudades da cachorrinha.

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