Política
Taques detalha caixa do Estado: “A questão financeira me ferrou”
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O governador e candidato à reeleição Pedro Taques (PSDB) afirmou na manhã desta quinta-feira (27) que os problemas financeiros enfrentados pelo Estado, especialmente nos últimos três anos, prejudicaram – e muito – a sua administração.
“Esses dias me reuni com professores, alunos e pais numa escola e perguntei a quatro professores qual nota dariam para nosso Governo. Os quatro falaram que o Governo foi muito ruim, porque estava devendo isso e aquilo”, disse.
“Então eu falei: abstrai a questão financeira. Os quatro disseram que a nota era 8,5. Quer dizer, a questão financeira me ferrou”, acrescentou Taques.
A declaração foi dada durante encontro na Associação Mato-grosssense de Magistrados (Amam). A entidade fez, nos últimos dias, uma roda de conversa com os postulantes ao Palácio Paiaguás.
Os senhores, como magistrados acreditam que eu, como governador, vindo de onde eu vim, gostaria de atrasar os duodécimos? Sei a importância do Poder Judiciário, do Ministério Público para concretização de direitos fundamentais
Ao longo do encontro, Taques expôs as obrigações que o Estado têm frente a um orçamento de pouco mais de R$ 20 bilhões, sendo R$ 16 bilhões depois de descontados os repasses aos municípios.
“Nós pagamos os servidores, pois precisamos fazer a máquina do Estado caminhar. E, em razão dos aumentos salariais ofertados no passado, a folha de pagamento cresceu de forma estonteante. Mais que a arrecadação do Estado. A segunda despesa obrigatória é repassar os duodécimos aos Poderes”, enumerou.
Este foi, inclusive, um dos entraves enfrentados pro Taques em sua administração e que gerou, inclusive, a formalização de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com Poderes e instituições na tentativa de quitar os valores em atraso. Até mesmo o TAC não foi cumprido.
Taques justificou que os pagamentos não ocorreram justamente por conta da dificuldade de caixa.
“Os senhores, como magistrados acreditam que eu, como governador, vindo de onde eu vim, gostaria de atrasar os duodécimos? Sei a importância do Poder Judiciário, do Ministério Público para concretização de direitos fundamentais. Ou aqui nessa sala, que temos pessoas sérias e decentes, entendem que eu queria atrasar o duodécimo do Judiciário porque tenho maldade no coração?”, questionou Taques.
Ele chegou a afirmar que, em algumas ocasiões, chegou a receber ligações do presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Rui Ramos, por exemplo, cobrando desesperadamente os valores atrasados.
“Teve vezes que ele me ligava desesperado e eu tirava dinheiro de outros lugares para passar ao Judiciário. Não tinha dinheiro no caixa. Teve dia que Estado ficou com R$ 200 mil em caixa. Porque o que fizeram com Mato Grosso no passado, nos trouxe até aqui. Houve uma irresponsabilidade e eu estou pagando por essa irresponsabilidade”, disse.
O governador citou ainda outras obrigações do Estado como os pagamentos de dívidas contraídas com a União, que hoje somam R$ 7 bilhões relativas à operação de crédito – boa parte de obras da Copa, o pagamento da dívida com o Bank of América – contraída na gestão Silval Barbosa, além do custeio da máquina.
De cada R$ 100, sobra cerca de R$ 2,30. E eu tenho que fazer opções. Essas opções foram feitas
“Depois disso tudo, o que sobra para investimento? De cada R$ 100, sobra cerca de R$ 2,30. E eu tenho que fazer opções. Essas opções foram feitas. Em pouco mais de três anos, não fiz outra coisa além de ser mecânico, de tratar de efetivamente do caixa do Estado”.
Avanços
Taques aproveitou a reunião para citar os avanços de sua gestão. Ele enfatizou ações executadas nas áreas de Segurança e Saúde.
“Algumas pessoas sé veem o lado vazio do copo. Mas melhoramos todos os indicadores educacionais. Não tinha escola em tempo integral em Mato Grosso, hoje são 40. Só tinha uma escola militar, hoje são 8. Tínhamos 8 escolas técnicas, terminaremos o ano com 17. Os professores tiveram 49% de aumento real”, disse ele, ao citar que a lei que concedeu os aumentos foi aprovada na gestão passada.
“Aumentamos em 27% a força de segurança. Fiz isso porque se não, teríamos o caos em Mato Grosso em 2016, 2017. Quando assumi, Mato Grosso tinha 39 homicídios para cada 100 mil habitantes, hoje são 28. Isso significa que as medidas que tomamos foram corretas. Significa que minha opção por investir na segurança salvou vidas”, afirmou.
Ele afirmou ainda que, alguns de seus adversários dizem que as opções tomadas por ele foram equivocadas. Taques, por sua vez, afirma não se arrepender.
“Governar é fazer escolhas e elas foram feitas por mim. Tive que fazer porque não tinha dinheiro. Alguns candidatos dizem que errei por que fiz essas opções. Não me arrependo dessas opções, porque salvamos vidas”, concluiu.