Agronegócios
Supersafra derruba preço da cebola e traz problemas para produtores
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O clima perfeito para o cultivo de cebola neste ano, de frio e pouca chuva, levou a uma supersafra. Mas, com muito produto no mercado, o preço despencou e está dando dor de cabeça para os produtores.
Em São José do Rio Pardo (SP) e em outros 4 municípios vizinhos devem ser produzidas 1.500 toneladas de cebola, 15% mais do que no ano passado. É a região que mais produz o item no estado de São Paulo.
Lá, cerca de 250 produtores estão com problemas financeiros. O valor médio para produzir uma saca de 50 quilos é de R$ 30. Mas o preço pago ao produtor está em R$ 10, ou seja, um terço do que foi gasto para colher.
O agricultor Júlio de Lima Neto financiou toda a produção e agora teve que renegociar a dívida com o banco. “Tudo o que nós compramos – insumos, adubos, óleo diesel- está subindo, sendo cotado em dólar”, reclama.
No Triângulo Mineiro, principal região produtora de cebola do estado de Minas Gerais, 218 mil toneladas devem ser colhidas neste ano, 10% mais que em 2017.
O produtor rural Valdir Trisoglio conta que gasta de R$ 0,50 a R$ 1 para produzir cada quilo, mas está recebendo R$ 20 centavos pelo produto.
Em Santa Juliana (MG), parte da produção que era enviada para o Paraguai até o fim de agosto agora está encalhada com o início da safra no país vizinho. Com muita cebola ainda para colher no campo, a estratégia dos agricultores tem sido estocar a colheita para vender depois, na esperança de que o preço suba.
“Quando pega um produto com qualidade boa, a gente consegue manter ele estocado por um tempo de 60 dias, até poder comercializar por um preço um pouco melhor”, diz o agrônomo Flávio Mafio.