Agronegócios
Suinocultura brasileira pede socorro, diz presidente de entidade
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Em algumas praças acompanhadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a saca de 60 quilos do milho já vem sendo negociada acima de R$ 100, como é caso de Campos Novos, Santa Catarina.
De acordo com pesquisadores do Cepea, os produtores do cereal seguem limitando o volume ofertado. Com isso, compradores, especialmente suinocultores e avicultores, têm voltado ao spot, na tentativa de recompor os estoques, mas têm tido dificuldade para realizar novas aquisições.
Estimativas sobre a produção brasileira foram divulgadas na semana passada e confirmaram as perdas da safra verão brasileira na temporada 2021/22. Lembrando que o milho é o principal componente da ração de suínos e aves, que representa a maior parte na formação do custo de produção dos animais.
Prejuízo
Nesta quarta-feira (19), Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), escreveu um artigo afirmando que os “Suinocultores pedem socorro”. Santa Catarina é o maior produtor e exportador de suínos do Brasil.
No artigo, Losivanio Lorenzi escreve que a suinocultura brasileira vive um momento ímpar, exportando cada vez mais, batendo recordes em volume produzido e sendo uma grande oportunidade para o consumidor adquirir a carne suína, já que tem um dos preços mais acessíveis de proteína animal do mercado.
Na contramão deste cenário, no entanto, ele afirma que o “produtor está amargando uma das maiores crises da história da atividade”.
“No ano passado, a partir do final do primeiro trimestre, o preço do suíno começou a baixar e o cenário só foi agravando até o final do ano, fazendo com que o produtor perdesse por suíno entregue de 100 quilos, o valor de R$ 110 por animal”.
Segundo o presidente da entidade, a situação só tem piorado desde o início deste de 2022, “já que os produtores independentes estão comercializando o suíno a R$ 4,50 o kg com o custo de produção na casa dos R$ 8. Isso significa um prejuízo de R$ 350 por animal comercializado”, complementa.
“Ninguém mais sustenta uma atividade pagando caro para trabalhar. O pior de tudo é não vermos a curto e médio prazo uma solução para este grave problema porque a produção continua em expansão no campo. Para piorar temos a seca que atingiu alguns estados do País e também nossos vizinhos como Argentina e Paraguai. Ela tem deixado inúmeras perdas em lavouras como milho e soja. Para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo, em 2020 comprávamos com 1 kg de suíno com 5.100 kg de milho. Em 2021 esse volume caiu para 4.070 kg e agora a relação de troca está em 2.540 kg”, explica.
Cobrança
O presidente da entidade conta que esteve com a ministra da agricultura, na semana passada, onde entregou uma série de medidas para ajudar os suinocultores.
“Sabemos das dificuldades financeiras que atravessa o país devido a pandemia, onde vários setores tiveram a ajuda do governo. Mas para nós suinocultores até agora não foi concedido qualquer auxílio. Esperamos que essa realidade mude o quanto antes, caso contrário será uma catástrofe financeira não só para as propriedades que estarão parando a produção, mas para economia de inúmeros municípios catarinenses, do estado e do nosso país”.
Canalrural.com.br