SSP cita confronto de facções e dá versão oficial sobre tiroteio dentro de hospital, em Manaus

Durante a invasão ao hospital, Everton e um homem, ainda não identificado, trocaram tiros com Gabriel Moreira Melo, de 22 anos, e Renan Alves, da mesma idade. Esta segunda dupla fazia “escolta” de Adriano, que ocupa cargo importante dentro de uma organização criminosa local. Neste momento de confronto, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-AM), Everton foi atingido com dois tiros.

Mesmo assim, Everton foi preso e saiu do hospital andando até a viatura. Junto com ele, policiais militares colocaram dentro do carro Gabriel e Renan. Eles são de grupos rivais. O quarto suspeito está foragido.

A troca de tiros aconteceu no térreo do 28 de Agosto, o principal hospital público do Amazonas. Funcionários, pacientes e acompanhantes entraram em pânico dentro da unidade, que chegou a ser isolada pela Polícia Militar. Os suspeitos ficaram cerca de 40 minutos escondidos dentro do prédio. Além da prisão dos três homens, duas armas foram apreendidas. Elas serão analisadas.

“O Everton e mais um comparsa se deslocaram até o 28 de agosto na tentativa de ceifar a vida do Adriano, vulgo ‘Porocada’. Na hora de fazer o disparo no Adriano, dentro do hospital, o Everton tentou empreender fuga e houve um confronto entre ele, o Renan e o Gabriel, que estavam acompanhando o Adriano. Eles são de grupos, facções rivais. Tinha uma guarnição da Rocam lá com um outro preso, que pediu reforço na hora da ocorrência. Foi feita uma varredura completa no hospital e foram presos o Everton, o Gabriel e o Renan” explicou o secretário de Segurança Pública do Estado, Coronel Amadeu Soares.

Antes mesmo de prender os suspeitos da troca de tiros, a Polícia Militar, com auxílio de paramédicos e seguranças do hospital fez a transferência de Adriano para outro hospital de Manaus. Mesmo após os dois tiros que levou no início da tarde e o terceiro de raspão, disparado por Everton, Adriano tem quadro de saúde estável.

Depois da varredura, Everton saiu do hospital escoltado por um grupo grande de policiais militares. Ele foi, segundo a Secretaria de Segurança e o laudo inicial do IML, ao que o G1 teve acesso, atingido por arma de fogo no braço direito. Em imagens, é possível ver que Everton também foi baleado no joelho. Ainda assim, conseguiu caminhar até a viatura sem muita dificuldade.

Everton, Gabriel e Renan foram colocados dentro do mesmo carro da PM. Eles são de grupos rivais. Segundo o comandante geral da Polícia Militar, Claudio Silva, Everton foi espancado pela dupla dentro do carro. A viatura o levou ao Hospital João Lúcio, ainda na noite de domingo. Ele morreu às 5h30 desta segunda-feira (26).

A causa da morte ainda não foi oficialmente divulgada. O comandante geral da PM assegurou, em entrevista ao G1, que o jovem teve morte cerebral em decorrência do espancamento. Já a Secretaria de Segurança reforça a informação de que ele morreu por ferimento de arma de fogo.

“Os três estavam sendo conduzidos para a delegacia, quando no Xadrez [viatura] houve uma confusão entre os três, porque eram grupos rivais. O Everton precisou ficar internado e a situação dele evoluiu para óbito agora pela manhã”, afirmou o secretário Amadeu Soares.

Ao ser questionado sobre a imcompatibilidade das informações repassadas por Polícia Militar e Secretaria de Segurança à cerca da morte de Everton, o secretário de segurança disse que não se manifestará até o laudo final do IML.

“É precipitado falar antes que as perícias sejam concluídas. A versão que eu vou falar vai ser a versão baseada no laudo pericial, tanto de necrópsia, quanto de balística que será feita no corpo dele”, disse.

Segundo a polícia, Adriano, que estava internado no Hospital 28 de agosto, já foi vítima de uma chacina que ocorreu em um campo de futebol no bairro da Compensa, em agosto deste ano. Ele sobreviveu. Neste domingo, no início da tarde, ele foi baleado no mesmo bairro da capital. E foi, então, levado à unidade hospitalar.

Segundo a SSP, Adriano está, atualmente, atuando no lugar do filho do líder de uma facção criminosa local, que está preso. Justifica-se, por isso, as três tentativas de morte.

Durante a coletiva de imprensa, nesta segunda, a SSP afirmou que houve uma falha na segurança na área de entrada do hospital. O secretário considera o ocorrido como “surreal”.