Agronegócios
Soja trabalha com estabilidade na Bolsa de Chicago nesta terça-feira e se ajusta após últimas baixas
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Depois de perder quase 20 pontos no pregão de ontem, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago trabalham com estabilidade nesta terça-feira (5). Embora com variações bastante tímidas, as cotações têm testado os dois lados da tabela nesta manhã. Perto de 8h45 (horário de Brasília), os vencimentos mais negociados recuavam entre 0,50 e 1 ponto, com o julho/18 valendo US$ 10,01 por bushel.
O mercado internacional de grãos consegue tomar um fôlego após a sessão anterior, mesmo com novos dados que mostram um bom avanço e as boas condições da nova safra norte-americana reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta segunda-feira (4).
Na semana, a área semeada com a oleaginosa passou de 77% para 87% até o último domingo (3) eficou acima dos 81% do ano passado e dos 75% da média plurianual.
O relatório informa ainda as lavouras que já germinaram passaram de 47% para 68% na última semana, contra 55% de 2017 e 52% da média dos últimos anos. Além disso, mostrou também que 75% das lavouras de soja estão em boas ou excelentes condições, 21% em situação regular e 4% em condições ruins ou muito ruins.
No entanto, analistas afirmam que os traders seguem muito atentos à questão da nova safra norte-americana, uma vez que o período mais crítico e determinante para a soja e seu rendimento ainda não chegou. Até este momento, porém, ainda não há ameaças que possam comprometer essa primeira fase das lavouras.
Ainda no radar dos participantes do mercado seguem as preocupações com as disputas comerciais entre China e EUA, a movimentação dos fundos e do dólar, principalmente no exterior.
Os futuros da soja terminaram a sessão desta segunda-feira (4) perdendo quase 20 pontos entre as posições mais negociadas na Bolsa de Chicago, marcando, como explicou o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, seu pior momento dos últimos 40 a 50 dias. O contrato julho/18 terminou o dia com US$ 10,01 por bushel, enquanto o agosto/18 foi a US$ 10,06.
As baixas, aliadas a uma sessão de perda também do dólar, pressionaram a formação dos preços no mercado brasileiro, principalmente nos portos. Em Paranaguá, a soja disponível ficou em R$ 87,50, com queda de 0,57%, enquanto recuou 1,97% em Rio Grande, para R$ 84,50 por saca. Já no mercado futuro, queda de 1,69% no porto paranaense, para R$ 87,50 na referência março/19 e de 2,07% no gaúcho, para R$ 85,00 na referência junho/18.
No interior do país, a maior parte das principais praças de comercialização continuam sem apresentar indicativos de preços, uma vez que ainda se adequam à volta do fluxo de cargas após os 11 dias de paralisação dos caminhoneiros nas últimas semanas. A exceção fica por conta da região Sul, com preços acima dos R$ 70,00 por saca ainda em Santa Catarina, no Paraná e no Rio Grande do Sul.
“Os preços, porém, já estiveram até R$ 5,00 melhores do que os observados neste início de semana aqui no interior do Paraná”, diz Motter, relatando ainda uma trava dos negócios no interior não só pela volta da normalização do fluxo logístico, mas pelas incertezas que o tabelamento do frete trouxe aos novos negócios.
Segundo o analista, não só a pressão sobre a formação dos preços no interior é maior, como os custos para o transportes dos insumos também deverá crescer com esse tabelamento, o que acaba fazendo com que o produtor se retraia, refaça suas contas e então tome suas decisões para novas operações.
Dólar
Nesta segunda-feira, a pressão veio também do dólar, que encerrou o dia com queda de 0,62% e valendo R$ 3,7434, depois de bater em R$ 3,7266 na mínima do dia.
“Os recentes dados econômicos positivos ao redor do mundo, que mostram um crescimento global ainda saudável e relativamente robusto, parecem estar dando suporte ao humor global ao risco”, escreveu o chefe de multimercados da gestora Icatu Vanguarda, Dan Kawa, em relatório.
Mercado Internacional
Na Bolsa de Chicago, os quase 20 pontos de baixa observados entre os futuros da soja foram motivados por uma conjunção de fatores. Embora já conhecidos pelos traders, sua renovação de fôlego acabou pesando de forma bastante severa sobre as cotações neste início de semana e de mês, onde as especulações se intensificam.
As novas conversas entre China e Estados Unidos – que continuam acontecendo sob ameaças de ambas as partes – volta a pressionar os preços da soja. Neste domingo, segundo noticiou a Reuters, os chineses alertaram os norte-americanos de uma possibilidade de riscos sobre benefícios comerciais caso os EUA imponham novas tarifas. Ainda assim, porém, as duas nações seguem afirmando que têm evoluído bem nas discussões, embora novos acordos ainda não tenham sido anunciados.
“Para implementar o consenso alcançado em Washington, os dois lados se comunicaram bem em várias áreas, como agricultura e energia, e fizeram progressos positivos e concretos”, disse a agência de notícias estatal da China, Xinhua, acrescentando que os detalhes estão sujeitos à “confirmação final por ambas as partes”. “Reforma, abertura e expansão da demanda doméstica são estratégias nacionais da China. Nosso ritmo estabelecido não vai mudar”, acrescentou.
E como explica o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter, o fim da trégua entre as duas maiores economias do mundo pesa severamente sobre as cotações.
“Depois de uma trégua, negociada há duas semanas, as tensões voltaram a dominar o cenário, com a determinação norte-americana de taxar produtos importados de diversos países, sobretudo da China. Com a trégua, algumas negociações com soja voltaram a acontecer; porém, novas operações voltaram a ficar ameaçadas”, explica o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter.
Os números dos embarques norte-americanos de soja trazidos hoje pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) também não foram suficientes para amenizar o recuo, já que ficaram dentro das expectativas.
Os EUA embarcaram, na semana encerrada em 31 de maio, 557,733 mil toneladas, enquanto os traders esperavam um intervalo de 380 mil a 680 mil toneladas. No acumulado da temporada, os EUA já têm embarcadas 46.795,868 milhões de toneladas, enquanto na anterior eram mais de 51 milhões nesse mesmo período.
O mercado internacional especula ainda sobre a nova safra americana, que avança em um ritmo acima da média e também pressiona os preços na CBOT. No fim da tarde, após o fechamento do mercado, o USDA traz seu novo boletim semanal de acompanhamento de safras, com a atualização do plantio no país.