Agronegócios
Soja libera espaço para algodão e milho nas exportações de agosto
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Quatro meses após o pico de safra, o fluxo de soja em direção aos portos começa a diminuir. Sai a leguminosa, entram milho e algodão na rota de exportações.
As vendas externas de soja somaram 8,1 milhões de toneladas no mês passado, 24% menos do que em julho. Já as de milho, embora menores do que as de soja em volume, subiram 137% no período.
O algodão também está com a safra em fase final e, com a colheita recorde de 2,1 milhões de toneladas de pluma, as vendas externas ganham ritmo: o país exportou 125% mais em agosto do que em julho.
A exportação da soja perdeu ritmo, mas ainda é bem superior à de agosto de 2017, quando somou 5,96 milhões de toneladas.
Dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) desta segunda-feira (3) indicam que o volume e o preço da soja estão melhores.
Com isso, as receitas acumuladas com as vendas externas de grãos de janeiro a agosto atingem US$ 26 bilhões (R$ 108 bilhões).
Outro destaque no setor foi o farelo de soja, cujas receitas somaram US$ 4,7 bilhões (R$ 19,5 bilhões) no período, 31% mais do que de janeiro a agosto de 2017.
O Brasil ocupou parte do mercado argentino, tradicional exportador de farelo, por causa da quebra de safra de soja no país vizinho.
As carnes não repetiram, em agosto, o bom desempenho de julho, à exceção da bovina. Esta teve evolução de 6% nas vendas externas, enquanto a suína registrou recuo de 9% e a de frango, de 20%. Os dados se referem apenas às carnes “in natura”.
A balança do agronegócio registra, ainda, queda de 43% nas receitas com açúcar bruto. As vendas caíram para US$ 3,4 bilhões (R$ 14 bilhões) nos oito primeiros meses deste ano.
Ajuste fiscal da Argentina afeta as exportações de produtos agrícolas
O pacote fiscal anunciado nesta segunda pelo presidente Mauricio Macri recaiu também sobre as vendas externas de produtos agrícolas.
O governo vinha retirando, mês a mês, parte da taxa de exportação sobre a soja. Até o fim de 2019, voltaria a 18%.
A alíquota voltou nesta segunda para 18%, mas serão retidos 4 pesos por dólar arrecadado com as exportações. Com isso, a taxa sobre as exportações de soja volta para próximo de 29%.
Milho e trigo, liberados por Macri das taxas de exportação ao assumir o governo, também voltam à lista dos produtos que pagarão imposto. No caso, vale o desconto de 4 pesos por dólar, o que deverá representar uma carga tributária próxima de 11%.
A elevação da tributação sobre a soja e seus derivados na Argentina não tem grande influência para o Brasil, líder mundial em exportações de soja em grãos.
Já a tributação sobre o trigo poderá ser um ônus para os brasileiros, tradicionais importadores do cereal.
O Brasil deverá importar 6 milhões de toneladas de trigo neste ano, dos 11 milhões que consome. Boa parte virá da Argentina.
A taxa sobre o milho poderá favorecer os brasileiros. Antes importadores de milho argentino, agora o Brasil é competidor do país vizinho.