Política
Silvio Berlusconi, ex-premiê italiano e magnata da mídia, morre aos 86 anos
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Por Emilio Parodi e Elvira Pollina
MILÃO (Reuters) – Silvio Berlusconi, o magnata bilionário de mídia e ex-primeiro-ministro italiano que transformou a política do país com orientações polarizadoras e muitas vezes alarmou seus aliados com seus comentários insolentes, morreu nesta segunda-feira aos 86 anos.
Berlusconi, o primeiro-ministro da Itália que mais tempo permaneceu no cargo, tinha como amigo o presidente russo Vladimir Putin e ganhou notoriedade por suas festas “bunga bunga” de sexo, sofria de leucemia e recentemente desenvolveu uma infecção pulmonar.
Ele morreu no hospital San Raffaele, em Milão, onde estava desde sexta-feira, por volta das 04h30 (horário de Brasília). Quatro de seus cinco filhos e seu irmão Paolo estavam ao lado de sua cama, informou a ANSA pouco antes de sua morte ser anunciada.
O partido Forza Italia de Berlusconi faz parte da coalizão de direita do primeiro-ministro Giorgia Meloni e, embora ele próprio não tenha desempenhado um papel no governo, sua morte provavelmente desestabilizará a política italiana nos próximos meses.
Seu império de negócios também enfrenta um futuro incerto. Ele nunca indicou publicamente quem assumiria o controle total de sua empresa MFE após sua morte, embora sua filha mais velha, Marina, desempenhe um papel de destaque.
Sua morte foi lamentada por aliados e rivais.
“Lutamos, vencemos, perdemos muitas batalhas com ele, e também por ele levaremos para casa os objetivos que estabelecemos juntos. Adeus, Silvio”, disse o primeiro-ministro italiano, Giorgia Meloni.
Enrico Letta, ex-primeiro-ministro de centro-esquerda, escreveu no Twitter: “Berlusconi fez a história de nosso país. Sua morte marca um daqueles momentos em que todos, apoiando ou não suas escolhas, sentem-se afetados”.
Depois de construir um império televisivo na década de 1980, Berlusconi se lançou na política em 1994 e quase imediatamente se tornou primeiro-ministro. Ele ocupou o cargo quatro vezes — 1994-5, 2001-5, 2005-6 e 2008-11 — apesar de vários escândalos legais.
Ele deixou o cargo de primeiro-ministro pela última vez em 2011, com a Itália perto de uma crise de dívida ao estilo grego e sua própria reputação manchada por alegações de que ele havia organizado festas sexuais “bunga bunga” com mulheres menores de idade, algo que ele negou.
Ele foi absolvido de todas as acusações relacionadas às festas, mas foi condenado por fraude fiscal em 2013, levando a uma proibição de cinco anos de ocupar cargos públicos.
Apesar de seus problemas de saúde e das implacáveis batalhas judiciais, Berlusconi se recusou a abrir mão do controle do Forza Italia e voltou à linha de frente da política, conquistando uma cadeira no Parlamento Europeu em 2019 e no Senado italiano no ano passado.
Embora se apresentasse como um estadista mais velho, ele continuou a alimentar a controvérsia, principalmente com sua recusa em culpar seu velho amigo Putin pela invasão da Ucrânia em 2022, dizendo que Moscou só queria colocar “pessoas decentes” no comando de Kiev.
Não há um sucessor óbvio para assumir as rédeas do Forza Italia, que conquistou 8% dos votos em 2022, e aliados e inimigos vão querer roubar seu eleitorado leal, que ficou com Berlusconi nos bons e maus momentos.
Sempre bronzeado e vigorosamente promovido por suas próprias empresas de mídia, Berlusconi levou suas grandes habilidades como vendedor e comunicador para o mundo sóbrio da política, oferecendo uma perspectiva brilhante e otimista que os eleitores adoraram.
Ele também tinha um senso de humor que muitas vezes o colocava em apuros, mais recentemente em dezembro passado, quando disse aos jogadores de seu time de futebol Monza que traria “um ônibus de prostitutas” se eles conseguissem vencer um rival da Serie A.
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