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Sexismo começa na pré-escola e pode ser revertido


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“Mulheres não gostam de futebol”, “homens não podem usar roupa rosa”- é comum fazermos distinção de coisas que seriam voltadas para mulheres e outras para homens, como se fosse atividades específicas para cada sexo. O nome disso é sexismo.

Esse sentimento é passado tanto pelos pais quanto pela escola e pode prejudicar a formação da criança se for exagerado demais. “Embora essa separação de masculino e feminino não seja tão marcante hoje, ela ainda existe e pode ser preocupante”, afirma Stella Paiva, psicóloga escolar da Rede Pitágoras.

Fique atento aos sinais dessa tendência e saiba o que especialistas aconselham para a educação do seu filho:

crianças brincando - foto Getty Images
crianças brincando – foto Getty Images

Quais as consequências?

“Os meninos podem criar diversos conflitos contra a menina e vice-versa, já que não trata o outro como igual”, alerta Stella. Muitas crianças carregam esse sentimento para a fase adulta e podem ter problemas de relacionamento, tanto dentro de casa como no trabalho. O homem, por exemplo, pode colocar a mulher em uma posição inferior, a mulher pode se achar sempre frágil e dependente – ou até o contrário: a mulher pode inferiorizar o sexo oposto, sentindo-se independente demais.

“São as pequenas ações que fazem isso progredir e o papel da escola e da família é fundamental nesse processo”, explica Stella. Ela conta que é necessário evitar grandes distinções entre homens e mulheres e procurar dar a oportunidade à criança de fazer suas próprias escolhas, sejam elas “de menina” ou “de menino”.

O sexismo pode ser alimentado pelos próprios pais, antes mesmo de a criança entrar na escola.

Os primeiros sinais

De acordo com a pedagoga e coordenadora do Colégio Fênix, Gabriela Dalmédico, a criança manifesta esse sentimento sexista no período pré-escolar, um pouco antes dos sete anos. “Nessa fase, ela vivencia situações que envolvem o sexismo e expressam esse sentimento de forma até espontânea, como um menino não querer usar rosa e uma menina não querer usar azul”, afirma.

É interessante a interferência dos professores e dos pais, a fim de que a criança entenda que essas separações não são extremamente necessárias.

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crianças brincando - foto Getty Images
crianças brincando – foto Getty Images

A influência da família

O sexismo pode ser alimentado pelos próprios pais, antes mesmo de a criança entrar na escola. É comum os pais separarem, até inconscientemente, as coisas “de menino” das “de menina”. Desde brinquedos até mochilas, lancheiras, cadernos… A criança cresce com essa ideia de que é tudo separado.

Um recente estudo publicado na revista Psicothema revelou que mães podem ser as maiores responsáveis por atitudes sexistas de crianças e adolescentes. Os pesquisadores afirmam que as mães costumam passar mais tempo com os filhos, determinando, assim, as tarefas domésticas que eles irão desempenhar, quais presentes irão ganhar e, principalmente, quais os valores que irão levar para a vida.

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“A mídia também influencia essa formação”, lembra a psicóloga escolar Stella Paiva. Ela conta que a tendência é de que as referências masculinas sejam os super-heróis, dando a ideia de que os homens são os fortes e poderosos. Já as referências femininas são as personagens dengosas, carinhosas e que gostam de cor-de-rosa. “Essas convicções são tão marcantes que acompanham a criança até a vida adulta”, afirma a profissional.

menina brincando - foto Getty Images
menina brincando – foto Getty Images

Como a escola contribui?

Algumas escolas montam fileiras só de meninos e outras só de meninas na sala de aula, não disponibilizam os mesmos brinquedos para todas as crianças – impossibilitando o menino de brincar de boneca e a menina de brincar com carrinhos, por exemplo – e até aulas de educação física são ministradas separadamente para meninas e meninos.

“Há escolas, inclusive, onde a lista de chamada não é elaborada em ordem alfabética, para que os nomes dos meninos não fiquem juntos com o das meninas”, conta a pedagoga Gabriela.

Nesse caso, é papel dos pais escolher se essa é a educação ideal para os seus filhos. Se não concordam, o ideal é conversar com a instituição de ensino ou mesmo trocar a criança de escola.

crianças brincando - foto Getty Images
crianças brincando – foto Getty Images

O papel do professor

A psicóloga Stella conta que o professor deve ter a sensibilidade de perceber que essas diferenças exageradas não precisam existir. Ele jamais pode ter uma visão sexista, afinal, como ele conseguirá quebrar esses tabus se não concordar com essas igualdades? “O trabalho do professor é formar o ser humano. Existem diferenças, mas também existem igualdades, e estas devem ser exaltadas”, lembra.

A escola também deve usar recursos que diminuam essas diferenças. “Se a aula de educação física oferece o futebol para a menina, por exemplo, isso já abre novas possibilidades”, diz Stella. E o mesmo vale para a o menino que quer brincar de casinha ou outras brincadeiras consideradas femininas. “O professor também pode propor atividades em que exista a participação de ambos os sexos”, sugere Gabriela.

Como os pais devem lidar com isso?

“Mesmo em escolas que não fazem distinção entre meninos e meninas, há alunos que questionam o fato de meninas jogarem futebol, por exemplo, ou meninos brincarem de boneca”, conta Stella Paiva. O pensamento provavelmente vem dos pais, que ensinaram os seus filhos dessa forma.

A pedagoga Gabriela Dalmédico alerta que os pais não precisam levar tão a sério as “regras” ditadas pela sociedade. Isso pode gerar comportamentos machistas demais. Vale mais a pena educar os filhos de modo que eles percebam que as diferenças entre meninos e meninas não precisam ser exageradas.

Desse modo, não é preciso proibir a criança de algumas brincadeiras que são consideradas exclusivas do sexo oposto. A psicóloga conta que é muito comum, por exemplo, o filho que tem irmão menor querer brincar de casinha com ele. Isso pode ser incentivado sem preconceito.

Fonte: Minha Vida

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