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Seu segredo pode estar levando você à morte


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Muitos relatam opressão e estagnação da vida por não desabafarem sobre algo que os agonia e pagam um preço alto por isso, quando, na verdade, poderiam estar totalmente livres, caso se confessassem a Deus e a alguém de confiança

Todo mundo já passou por situações vergonhosas, perigosas ou por problemas sérios. Às vezes, a própria pessoa comete atos de que se arrepende e, em outras, é vítima deles. Nos dois casos, “engolir” o que ocorreu e esperar que a situação se resolva por si mesma não é a solução, pois a ausência de um final real impede que a vida siga de forma positiva.

Há, inclusive, um livro sobre o tema: Michael Slepian, professor de liderança e ética da Universidade de Columbia, em Nova York, nos Estados Unidos, é autor de The Secret Life of Secrets (A Vida Secreta dos Segredos, em tradução livre) e se alicerçou em uma ampla pesquisa que mostrou que conviver com um segredo corrói a pessoa por dentro.

Segundo o estudo, o fato de a pessoa não desabafar a impede de receber conforto ou conselhos que lhe trariam alívio. Esse segredo pode ser guardado por vergonha, culpa ou até medo de punições ou de ser rejeitado. E mais: a informação secreta pode virar uma obsessão e impedir que outros assuntos importantes recebam atenção.

Slepian revela que o constante esforço para não deixar a informação escapar gera um estado de alerta muito desgastante, entre outros problemas, como cair em um autojulgamento que mina a autoestima e prejudica relacionamentos, às vezes irreversivelmente.

Há ainda mais prejuízos: depressão, esgotamento mental, isolamento social, ansiedade, culpa, dificuldade de aprendizagem e de concentração. Mas não fica só nisso, pois também há o risco de a pessoa ter sintomas físicos, como dores de cabeça, nas costas, problemas digestivos e do sono, além de piora de outras doenças preexistentes. E o pior: quanto maiores os segredos, maiores os sintomas.

Outro estudo sobre o assunto diz que o segredo não confessado diminui o autocontrole e favorece o consumo de álcool e outras drogas, além de compulsões que funcionam como fuga, como comer demais, sexo ou jogatina. Essa pesquisa foi realizada pela Universidade de Utrecht, na Holanda, e na segunda fase analisou as consequências de quem, entre as duas etapas da análise, revelou seu segredo a alguém de confiança: um alívio que o levou a melhores condições físicas e psicológicas, enquanto quem ainda o escondia teve agravamento do quadro.

A BÍBLIA JÁ MOSTRAVA

Os danos causados por guardar segredos não são novos. Muito antes das universidades de Columbia e Utrecht, a Bíblia já atestava isso: Davi, por exemplo, cometeu atos questionáveis, mas também encontrou conforto e deu prosseguimento à vida ao desabafar com Deus e com pessoas de confiança. O rei guerreiro ensinou à posteridade os benefícios da confissão, como descrito em Salmos 32.3-5: “Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. (…) Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado”.

FUGIR NÃO RESOLVE

Conforme o Bispo Renato Cardoso destaca em seu blog, lidar com o erro é uma dificuldade comum ao ser humano: “pela vergonha que cometer um erro normalmente traz, procuramos evitar ao máximo falar sobre o que aconteceu. O que queremos é logo voltar nossa atenção para outras coisas e, se alguém toca no assunto, somos rápidos em nos defender, jogar a culpa em outro e mudar o rumo da conversa. É um mecanismo de autodefesa. Afinal, quem é visto como errado normalmente não é favorecido socialmente”.

O Bispo Renato abordou ainda o que acontece se a atitude for contrária: “algo liberador acontece quando erramos e criamos a coragem de falar com alguém sobre o que aconteceu. A primeira pessoa que se dispõe a nos ouvir, a qualquer hora e seja qual for o erro, é Deus. Lemos em 1 João 1.9: ‘Se confessarmos os nossos erros a Deus, Ele cumprirá a Sua promessa e fará o que é certo: nos perdoará os nossos erros e nos limpará de toda maldade’. Experimente. Se houver real arrependimento em uma sincera conversa com Deus, Ele tirará um enorme peso de sua consciência”.

Confessar a Deus é muito importante, mas o Bispo Renato explica que, em alguns casos, “você precisa dar um passo a mais e falar com outra pessoa a respeito”. Ele cita dois tipos de pessoa que podem ser procurados: “alguém que você feriu ou prejudicou com o seu erro ou alguém que você respeita muito, reúne condições de ouvi-lo sem julgá-lo e orientá-lo sobre o que fazer a respeito (seu pai ou sua mãe, um irmão mais velho, talvez um amigo ou o pastor de sua igreja, alguém que você conhece e confia)”.

Três pessoas cujas histórias você, leitor, conhecerá a seguir comprovaram em suas próprias vidas os danos que segredos promovem na mente, no corpo e na alma e compartilham a solução que encontraram.

O PRIMEIRO PASSO: CONFESSAR

Luciano Ferreira, (foto abaixo) de 41 anos, de São Paulo, capital, conheceu a cocaína aos 16, mas as drogas já o cercavam desde a infância, pois sua mãe se viciou por influência de más amizades. Ainda menino, Luciano vendia cachimbos de crack para conseguir algum dinheiro, tamanha era a banalidade das drogas em seu meio.

A mãe dele se r

ecuperou com a ajuda da fé, mas ele continuou no mau caminho. “Vivi 16 anos entre bebidas e drogas e cheguei a ter três overdoses”, relata ele, que, apesar de ser grande usuário, conseguia esconder o vício da família (exceto do irmão, pois eles se drogavam juntos) e da então namorada, Daiane, hoje com 39 anos e sua esposa.

“A cocaína tirava o peso dos problemas e daquele segredo dos meus ombros, mas só momentaneamente. Entre os meus amigos, eu era tido como ‘o mais doido’, apesar de trabalhar desde cedo. Aos 17 anos, tive um filho”, conta Luciano.

Mas seu segredo foi revelado por causa de um incidente: “tive a primeira overdose em uma viagem. Em um posto de gasolina, caí com o rosto no chão, convulsionando, e quebrei o nariz”. Não teve mais como esconder de Daiane, já sua esposa, que quis explicações sobre a queda. Ele pensou que contar a verdade lhe traria alívio absoluto, mas foi o primeiro passo para a liberdade, pois Daiane não aceitou a situação. Ela recebeu um convite para ir às reuniões na Universal e lá resolveu entregar o marido nas mãos de Deus.

Eles passavam necessidade por conta do vício de Luciano. Daiane ia para o trabalho com medo de deixar o filho em casa com o marido, mas não havia outra opção. Ele levava o menino a bocas de fumo, mas nem mesmo os traficantes aceitavam que alguém levasse uma criança àquele ambiente e o garotinho era deixado sozinho em uma rua próxima. “Ele me pedia para comprar algo para que ele comesse e eu, para não desinteirar o dinheiro da droga, não comprava”, afirma Luciano. Ele até roubou o dinheiro que a esposa destinou aos dízimos e vendeu o leite do filho. Ele se drogava mais e mais e pensava em suicídio para fugir da agonia.

Daiane não desistiu de lutar espiritualmente, apesar das dificuldades, e desafiou o marido: “vá comigo à Universal, preste atenção à reunião, siga a orientação do pastor e, se nada mudar a partir dali, não precisa ir mais”. Ele aceitou e relembra o que ocorreu: “senti tanto poder nas palavras do pastor que já desci do Altar como um gigante e não mais me sentindo pequeno diante dos problemas”.

Luciano afirma que não teve recaídas, mas sua luta passou a ser outra: “me comprometi com Deus a redirecionar as energias que eu usava para as drogas para aprender sobre Ele”. Ele começou a participar dos projetos da Universal, como o de Evangelização, no qual um baque o fez tomar outra decisão importante: certa vez, evangelizando, uma mulher em situação de rua lhe pediu uma oração. “Não consegui, pois não tinha o Espírito Santo em mim. Aquilo me derrubou, mas me revoltei e decidi que queria o Espírito em mim e falar dEle com conhecimento de causa e não só em teoria”, relata.

Dedicado, Luciano conseguiu que o Espírito Santo viesse sobre ele no Altar. Todo aquele processo que começou com a confissão à esposa culminou com a paz que “nunca havia provado antes, leve, livre de verdade”. Hoje, ele é um empresário para o qual não existe escassez: “nada nos falta em casa e temos uma família abençoada”. Daiane concorda e diz: “hoje meu esposo é uma referência espiritual para muitos e, para nós, ele é exemplo de marido, pai, filho e um homem carinhoso e presente”. A história dele mostra que a diferença que a liberdade traz é evidente.

NÃO ADMITIA A VERDADE

Corria à boca miúda que Maria José da Silva, (foto abaixo) de 52 anos, secretária do lar em Natal (RN), era traída pelo marido. Ela, que já frequentava a Universal, não admitia nem para si mesma tal situação, pois temia que sua imagem fosse prejudicada se a tornasse uma “verdade oficial”. Ela punha panos quentes naquela condição e tentava seguir em frente.

“Fiquei engolindo aquele segredo e ele me fazia muito mal. Eu não queria desabafar com ninguém, pois como eu ia falar do Senhor Jesus para as pessoas se eu mesma passava por algo tão sério? Aquilo foi gerando mágoa, raiva, sentimentos ruins que eu escondia e eles foram me afastando da Presença de Deus, das pessoas e da Igreja”, revela.

Ela fala das consequências dessa atitude: “foram seis anos sem a Presença de Deus em minha vida, uma experiência muito ruim. Eu guardava aquele segredo na esperança de que tudo mudasse por si só”. Isso persistiu até que “um dia, o esposo da amante do meu marido me abordou e disse que eu deveria checar as mensagens no telefone dele para saber a verdade”.

Quando a verdade veio oficialmente à tona, ela finalmente a admitiu e se desesperou: “longe de Deus, questionei meu marido e o agredi, assim como à amante dele. Eu não aguentava mais aquela vida de angústia, sofrida e cheia de vergonha. Fui desabafar pela primeira vez em anos com meu pastor, o que eu deveria ter feito muito antes, segundo ele”.

Com o desabafo, veio o alívio: “ao revelar aquele segredo foi como se o mundo fosse tirado de minhas costas, eu estava livre daquele peso enorme, da angústia, da raiva, da tristeza, de todos os sentimentos ruins”.

Sem a cortina de fumaça do segredo, medidas racionais passaram a ser tomadas com a mente clara. Maria analisou bem a situação e percebeu que não queria mais permanecer casada. “Estava claro para mim: ‘acabou, não haverá mais sofrimento, dor ou angústia’. Retornei para a vida com o Senhor Jesus e para a minha”.

O desabafo com o pastor serviu de lição: “hoje, ao menor sinal de que um problema está surgindo, já procuro o homem de Deus e confesso o que há de errado. Peço orientação, o que não fazia antes, pois eu achava que deveria guardar para que ninguém soubesse. Sigo as instruções que recebo e fico livre de um jeito a que eu poderia ter chegado antes, se tivesse tido coragem de desabafar com a pessoa certa. Não cometo mais o erro de guardar segredos. Já faz um ano que voltei para a Presença do Altíssimo e me batizei nas águas. Me dedico a ser obreira para falar do Senhor Jesus. É isso que eu quero”, finaliza.

ABUSO ESCONDIDO POR ANOS
Márcia Soares, (foto abaixo) de 46 anos, de São Paulo, sofreu abuso por parte de um tio na infância e guardou esse problema consigo. Traumatizada, com o tempo pôs na cabeça que só se relacionaria com mulheres e passou a se exceder na bebida e no fumo. “Tive sete uniões com mulheres e outros relacionamentos por mais de 25 anos. Tentei o suicídio por pensar que não havia alternativa e por não ter coragem de revelar (o abuso) à minha mãe, que confiava muito no abusador, até depois de adulta e isso me consumia”.

Ela se via como homem. “Eu cobiçava mulheres casadas e praticava feitiçaria para destruir o casamento delas.” O mau caminho e os vícios cobraram seu preço: depressão profunda, síndrome do pânico, dois infartos, cinco pneumonias e câncer de pulmão, que levaram os médicos a dizer que ela morreria em apenas três meses.

Alguns evangélicos a chamavam para ir aos cultos, “mas, como não via boa conduta neles fora da igreja, eu não aceitava”. Isso mudou quando ela recebeu um convite para ir à Universal, onde, depois de uma experiência forte, tomou uma resolução: “disse a Deus: ‘se o Senhor existe mesmo, eu quero ser diferente’”.

Na época, estava começando a campanha Jejum de Daniel, na qual Márcia teve a oportunidade de clarear a mente para entender o Espírito Santo e priorizá-Lo. Quando se batizou nas águas, ela começou a ver tudo de outra forma: “terminei o relacionamento que mantinha com uma moça e me entreguei paulatinamente a Deus”.

Em seguida, ocorreu uma Fogueira Santa, que Márcia define como a campanha da sua vida e relata como agiu: “subi ao Altar com uma bombinha e com muita falta de ar. Desempregada, fui vender água em semáforos e tudo que recebia se tornava meu sacrifício. Fiz tudo em nome da transformação da minha vida por Deus. Um dia passei muito mal e fui à Universal me arrastando”.

Na ocasião, Márcia ouviu da própria mãe que morreria, mas manteve a certeza de que não era a sua hora e tomou uma decisão: “eu não sabia nem orar direito, mas a dor intensa foi passando. Daquele dia em diante, nunca mais precisei usar bombinha, remédios fortes ou cilindro de oxigênio nem viver mais só em hospitais”. Novos exames surpreenderam os médicos e ela conta qual foi a razão: “meus pulmões estavam limpos como os de um bebê. Foi o início do milagre na minha vida”.

Com o passar do tempo, Márcia entendeu quem é e passou a se aceitar. “Minha mãe também se converteu pelo meu exemplo, assim como quase todos os meus parentes. Contei a ela sobre o abuso, o que a chocou muito, mas foi libertador para nós duas. Muita coisa do passado ficou clara e soubemos, em Deus, que caminho seguir dali em diante. Minha família, que me desprezava, agora me acolhe com carinho e admiração”, revela.

Ela conta outro resultado positivo: “Deus me presenteou com meu esposo, Geraldo, um homem dEle que caminha comigo na fé. Quando começamos a nos conhecer, contei a ele tudo que me aconteceu, porque é a verdade que liberta. Não fazia mais sentido guardar segredos e tentar ser feliz por meus próprios meios. Não cometi o erro de antes e já comecei o relacionamento livre”.

LIVRE DO FARDO
O Bispo Renato resume por que é importante ter a mesma atitude que Luciano, Maria e Márcia: “você tira o fardo de si, presta contas de alguma forma e recebe uma nova perspectiva do seu erro por meio dos olhos de quem está de fora. Às vezes, por estarmos envolvidos até o pescoço com o nosso erro, não conseguimos julgar bem a situação. Por isso, conversar com alguém pode ser libertador. Se você precisa de ajuda extra para deixar de errar ou superar um erro que cometeu, considere falar com alguém a respeito. Você ficará surpreso com o quanto isso poderá ajudar você”.

Para Deus, não há segredos, mas depende de cada um assumir a responsabilidade de se livrar de suas próprias amarras.

Seu segredo pode estar levando você à morte
  • Marcelo Rangel / Fotos: Getty Images, Demetrio Koch, Mídia FJU/Natal

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