Mato Grosso
Setenta mulheres foram assassinadas em 10 meses no Estado
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Setenta mulheres foram assassinadas em Mato Grosso entre janeiro e outubro, segundo dados mais recentes levantados pela Secretaria de Segurança Pública.
No mesmo período do ano passado, o número de mulheres vítimas de homicídios também foi de 70.
Os crimes não são definidos como feminicídio pela Secretaria – são apenas homicídios classificados pela sua motivação.
Os crimes passionais contra a mulher compreendem 50% do total. A taxa de morte por envolvimento com drogas é de 10%, vingança 4%, rixa 3%, a apurar 30% e outros 3%.
O País está em 5º lugar no ranking de taxas mais altas de feminicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mulher.
As negras são ainda mais violentadas. Apenas entre 2003 e 2013, houve aumento de 54% no registro de mortes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período. Muitas vezes são os próprios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%) os que cometem os assassinatos.
Em 2015, o feminicídio passou a constar no Código Penal como circunstância qualificadora do crime de homicídio. A regra também incluiu os assassinatos motivados pela condição de gênero da vítima no rol dos crimes hediondos, o que aumenta a pena de um terço até a metade da imputada ao autor do crime.
Célia Cristina Ferreira, Edilene Coelho Santos, Vanessa Tito Poqueviqui Ramos, Lucimar Souza de Oliveira, Bianela Mylla Dias da Silva foram algumas das vítimas de feminicídio neste ano.
Célia Cristina Ferreira
Na tarde do dia 14 de janeiro, Célia Cristina Ferreira foi assassinada a tiros pelo ex-marido.
De acordo com informações do 4º Batalhão da Policia Militar, Vitorino José da Cruz, que é servidor da Prefeitura da cidade, utilizou uma arma calibre 38 para matar sua ex-mulher e depois se matou.
O assassinato e suicídio aconteceram por volta do meio-dia.
Conforme policiais militares que atenderam a ocorrência, o homem não aceitava o fim do relacionamento.
Edilene Coelho Santos
A dona de casa Edilene Coelho Santos, de 30 anos, foi assassinada na tarde do dia 17 de janeiro, em Guarantã do Norte (719 km de Cuiabá). O principal suspeito de cometer o crime é o ex-marido da vítima.
Segundo a Polícia Militar, Edilene levou várias facadas nas costas. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local do crime.
A mãe da vítima relatou à PM que ela morava anteriormente em Sorriso com o ex-marido e havia se mudado para a cidade em busca de um recomeço.
Ela ainda teria uma medida protetiva contra o homem, que já havia sido preso anteriormente, acusado de agressões contra a vítima.
Vanessa Tito Poqueviqui Ramos
A jovem Vanessa Tito Poqueviqui Ramos, de 21 anos, foi encontrada morta no final da manhã do dia 31 de janeiro, no Bairro Três Barras, em Cuiabá.
Ela foi asfixiada até a morte na casa de seu namorado de 30 anos, que é considerado o principal suspeito do crime.
Conforme a Polícia Civil, Vanessa estava com a blusa levantada, seios a mostra e só de calcinha. Ela ainda tinha dois cortes no rosto, que foram provocados por algum tipo de arma branca.
Segundo informações preliminares, a vítima morava havia cerca de um mês na casa dos pais do namorado.
O suspeito tem quatro passagens, sendo três por violência doméstica, com vítimas diferentes, mas nenhuma contra a jovem morta.
A primeira foi registrada em 2009, por lesão corporal, com procedimento realizado pela Delegacia da Mulher de Cuiabá, tendo sido condenado nesse processo e, posteriormente, beneficiado com uso de tornozeleira.
Lucimar Souza de Oliveira
Um homem identificado pelas iniciais I.L.S., de 30 anos, foi preso em flagrante no dia 14 de agosto, acusado de matar a esposa, Lucimar Souza de Oliveira, de 20, em Matupá (696 km de Cuiabá).
A primeira informação era de que o casal teria sofrido um acidente de motocicleta e caído em uma ribanceira. Na queda, Lucimar não teria sobrevivido.
No entanto, esta versão foi descartada pelo delegado Claudemir Ribeiro de Souza.
De acordo com ele, no local onde o corpo da mulher foi encontrado não havia sinais de que tenha ocorrido um acidente.
I.L.S. e Lucimar eram dados como desaparecidos havia quatro dias, desde quando deixaram os filhos com familiares, saíram e não mais voltaram.
“No local onde foi encontrado o corpo da mulher e a moto não havia vestígios nenhum de acidente. E lá é uma ribanceira, não tinha sinais de que a moto tenha caído, nada de tombamento ou capotamento. O corpo da mulher também estava em decomposição”, afirmou o delegado.
Bianela Mylla Dias da Silva
Um homem identificado pelas iniciais L.F.S. foi acusado de matar a ex-companheira Bianela Mylla Dias da Silva, de 30 anos, em outubro deste ano.
Bianela foi morta a facadas e, segundo a Polícia Civil, foi o próprio suspeito quem avisou a família da vítima, por telefone, após cometer o crime.
As imagens do circuito interno do motel onde aconteceu o crime mostram quando L.F.S sai de dentro do quarto onde estava com a esposa, digita um número e sai falando ao celular, aparentemente tranquilo.
Segundo a Polícia Civil, os dois tiveram um relacionamento por 15 anos e teriam se separado dois meses antes do crime. Eles estariam tentando a reconciliação.