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‘Sensação que eu tinha sido atropelado’, diz 1º paciente confirmado com varíola dos macacos no Brasil


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Três casos da varíola dos macacos foram confirmados no Brasil. O surto da doença começou em maio na Europa e vem se alastrando pelo mundo, com mais de mil pessoas contaminadas. Fantástico entrevistou o primeiro paciente a receber o diagnóstico da doença, no Brasil. Ele está em um quarto especial, em isolamento, no Instituto Emílio Ribas, em São Paulo.

Álvaro Pereira Júnior: Quando você chegou aqui, o que estava sentindo?
Anderson: Eu cheguei no Emílio Ribas por causa das feridas que já estavam no meu corpo, em grande quantidade. Eu tive febre, dor de cabeça, dor no olho, a sensação que eu tinha era que eu tinha sido atropelado e quebrado todos os ossos do corpo. eu não conseguia sair da cama e uma febre muito alta, calafrios.

Apesar de se chamar assim, a varíola dos macacos não vem dos macacos. Ela tem esse nome porque foi observada pela primeira vez em macacos, em 1958. Mas os portadores originais provavelmente são roedores das selvas africanas. Os macacos são tão vítimas quanto os seres humanos.

Ela é transmitida principalmente pelo contato direto, de pele com pele, e também ao se compartilharem objetos que têm muito contato com a pele, como roupas e lençóis. Anderson chegou ao hospital com uma queixa principal.

“Eram as dores, porque as feridas, quando elas estão na mucosa, elas tendem a doer”, conta.

 

Entre os principais focos do surto estão Portugal e Espanha. Recentemente, viajando com a mãe, Anderson esteve nos dois.

“Eu queria dar um presente de aniversário para minha mãe que ela fez aniversário dia 23 e decidi viajar para Portugal. Saímos daqui na, no sábado à noite, nos hospedamos em Lisboa. Ficamos em Lisboa até o dia 25. Nós já tínhamos combinado que íamos para Barcelona. Fomos para Barcelona. Em Barcelona, ficamos até a sexta-feira à noite. Porque sábado de manhã bem cedinho eu embarco de volta para o Brasil fazendo uma conexão ali é em Lisboa”.

A mãe está isolada em casa, em observação, sem apresentar nada.

“Quando você está em uma festa, não é num barzinho, você cumprimenta pessoas, você abraça pessoas, você beija pessoas. Você conhece gente que aí, você abraça. Então, o que eu acredito e nem é uma certeza, é que é desse momento, que eu estava em um pub ali”, diz.

 

No Instituto de Medicina Tropical da USP, os testes genéticos, chamados de sequenciamentos, mostraram: o vírus que contaminou o Anderson é praticamente 100% igual ao da Europa — de um tipo originário do oeste da África e considerado pouco agressivo.

Dependendo da profundidade que atingiram, as lesões podem deixar marcas mesmo depois que sararem. Em relação às sequelas, elas também podem existir, se o caso for grave, atingindo pulmões ou cérebro, por exemplo. Mas em surto atual, a doença tende a ser mais leve.

Álvaro Pereira Júnior: Como é que você está?
Anderson: Eu estou bem. Estou medicado, sem dor. Estou até conseguindo fazer algumas coisas minhas aqui de trabalho e conversar com as pessoas, comendo. Estou muito bem, muito bem mesmo, muito bem cuidado também.

E quando vem a alta?

“A regra atual vigente é que ele só sairá do isolamento após todas as lesões secarem e tiverem boas. Tiverem cicatrizadas”, destaca Ralcyon Teixeira, supervisor médico do Emilio Ribas.

Álvaro Pereira Júnior: Estão a caminho, ou ainda não?
Ralcyon Teixeira, supervisor médico do Emilio Ribas: Ainda não, ainda tem lesões novas aparecendo. Então assim, deve ter mais ou menos aí mais umas duas a três semanas até que tudo isso aconteça, até que as lesões novas regridam, formem a crosta que é aquela casquinha famosa casquinha. E depois, ele fique sem lesões.

Ministério da Saúde anunciou um terceiro caso de varíola dos macacos no Brasil. O paciente é um homem de 51 anos, de Porto Alegre. Ele chegou ao país na sexta-feira (10), depois de uma viagem a Portugal. O paciente está em isolamento em casa. E, segundo o Ministério da Saúde, apresenta quadro clínico estável, sem complicações.

O outro caso é de um homem de 29 anos que está isolado em casa, em Vinhedo, a 80 km de São Paulo. Ele também esteve em Portugal e na Espanha. No mundo, são mais de mil casos. Nenhuma morte foi registrada.

G1.globo.com

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