Direto de Brasília
Senado tem plano de preservação de documentos históricos em parceria com a UnB
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Para evitar tragédias como a que ocorreu no Rio de Janeiro, com o incêndio que destruiu o acervo do Museu Nacional, o Senado tem se preparado há algum tempo com ações de preservação do seu acervo histórico. Dentro do Projeto Estratégico de Gestão Arquivística e Preservação da Memória do Senado Federal, executado pela Secretaria de Gestão de informação e Documentação em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), há uma ação planejada para análise de riscos dos acervos.
A arquivista Samanta Nascimento, da equipe de gerenciamento do projeto estratégico, explica que já está em andamento uma análise minuciosa em todos os documentos do Brasil Império que estão no acervo do Serviço de Arquivo Histórico.
— Essa análise é de extrema importância para a preservação desses documentos de valor histórico. Além disso, a UnB deverá fazer uma análise ambiental com vistas à elaboração de um plano de gestão de riscos e prevenção de desastres — explica.
Digitalização e disponibilização do acervo
Samanta Nascimento destaca a digitalização como um outro passo importante com vistas à preservação. Pois, após o correto arquivamento desse material, haverá a disponibilização das imagens em plataforma de difusão de documentos na internet, tornando-os mais acessíveis à população.
— Com isso, os documentos originais não precisarão ser manipulados para pesquisa, e o Senado terá, ainda, sua reprodução digital em alta qualidade e em conformidade com as recomendações técnicas de digitalização de documentos permanentes — acrescenta.
Restauração
Liderado pela pesquisadora da UnB Silmara Küster, professora do curso de Museologia e especialista em conservação de obras sobre papel, esse trabalho está sendo feito em conjunto com os restauradores do Serviço de Conservação e Preservação de Acervos e tem por objetivo identificar quais documentos carecem de restauração, quais requerem apenas intervenções preventivas e quais estão em bom estado de conservação. Também participam dessa etapa estagiários de arquivologia da UnB e servidores do Senado, uma vez que é preciso capacitá-los na atividade para a sustentabilidade do procedimento após o término do projeto.
Ela diz que o diagnóstico exige observação e identificação de fatores de degradação. E que foi preciso elaborar uma ficha de diagnóstico para ser preenchida, contendo vários itens de verificação, tais como: sujidades, rasgos, furos, insetos, manchas de fungos, fungos ativos, tipo de papel etc.
— Na ficha, fazemos indicação se o documento está apto a ser digitalizado, se necessita de tratamento de conservação curativa ou restauração. Esse procedimento antecede a etapa de digitalização. Os documentos aptos a serem digitalizados são liberados para o procedimento. Nos demais estamos realizando procedimentos de conservação curativa e estabilização, para posteriormente serem digitalizados.
Prevenção de tragédia
O projeto estratégico realizado no âmbito do Arquivo Histórico do Senado prevê um diagnóstico de conservação das condições atuais da edificação e do acervo visando identificar a que riscos o arquivo está sujeito agora e no futuro.
A professora explica que, por meio de um diagnóstico de riscos, é possível estabelecer ações de preservação a curto, médio e longo prazo.
— É importante destacar que risco é a possibilidade de perda. Ocorre em vários graus, uma vez identificados os riscos e os perigos que o potencializam, tomar as providencias para bloqueá-los ou minimizá-los certamente diminuirá a probabilidade de acontecer algum sinistro, como o que ocorreu no Museu Nacional esta semana — alerta Silmara Küster.
Ela também explica que é preciso identificar quais as causas que podem desencadear um incêndio, como falta de vistoria elétrica.
— Uma vez o incêndio iniciado, os materiais construtivos e os materiais de acervos, por serem combustíveis, potencializam o sinistro. Então é uma soma de fatores. É importante que a edificação tenha autorização do Corpo de Bombeiros para o funcionamento, ter extintores adequados, treinamento de pessoal e resposta imediata para emergência — sugere.
Entre os principais cuidados a serem tomados, a professora da UnB enumera algumas ferramentas e técnicas necessárias para se evitar um incêndio em um acervo:
- sistemas de alarme;
- uso de sprinklers;
- uso de extintores adequados e dentro da validade;
- treinamento de pessoal até a chegada do corpo de bombeiros;
- localização do quadro de luz.
Com esses cuidados sendo observados durante a execução do Projeto de Preservação de Memória do Senado, a possibilidade de uma tragédia ocorrer é mínima, finaliza a pesquisadora.