Acre
Sem emprego fixo, autônomos faturam até R$ 5 mil com vendas em semáforos no Acre
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Quem passa pelo cruzamento da Avenida Ceará e Rua Osmar Sabino, no bairro Estação Experimental, em Rio Branco, é acostumado ver vendedores passando entre um carro e outro com bandejas de pães ou banana frita em saquinhos.
Sem emprego formal, autônomos apostam em vendas nos semáforos da capital acreana e faturam até R$ 5 mil por mês. Um desses vendedores é Diego Gurgel, de 27 anos, que trabalha com a mulher vendendo pães caseiros no semáforo.
Gurgel ficou desempregado em 2018 após ser demitido do posto de combustível que trabalhava como frentista. Sem conseguir emprego de carteira assinada novamente, ele viu nos pães uma chance de terminar a construção da casa, comprar uma motocicleta e até um carro.
“Fui demitido da empresa, temos um ponto ao lado da casa da minha sogra e a senhora perguntou se podia alugar o ponto para vender os pães. Colocou umas pessoas para vender no semáforo, não deu certo e nos oferecemos para vender”, confirmou.
Início e casa construída
Gurgel e a mulher, que não quis dar entrevista por causa da timidez, ficam das 16h às 21h de segunda a sexta-feira e cada pão é vendido por R$ 5. O casal trabalha para uma mulher que faz os pães.
Nesse semáforo ficam ele, a esposa e uma terceira funcionária da proprietária.
“Minha comissão é de 40% e tiro R$ 80 por dia. Por mês consigo tirar de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil, economizando bastante. Minha esposa vende também no semáforo, além de vender produtos de beleza de diversas marcas”, contou.
Diego Gurgel oferece pães para motoristas na Avenida Ceará, em Rio Branco — Foto: Aline Nascimento/G1
Há dias em que cada vendedor leva 50 pães e em outros apenas 40 para vender. Gurgel diz que vende os 50 pães apenas no início do mês, quando as vendas estão boas. Já no final do mês, a venda diminui e o número de pães baixa para 40.
“Fui fazer frete em moto, mas estava perigoso e desisti. Vim vender pão, que é bem melhor porque não estou colocando ninguém estranho na minha moto”, relembrou.
Ainda segundo o vendedor, ele e a mulher conseguem tirar até R$ 5 mil por mês se economizarem. Com o dinheiro, o casal está terminando de construir a casa, o vendedor já comprou um carro e uma motocicleta usados.
“Comprei a moto de R$ 2,5 mil e o carro de R$ 5 mil de um amigo. Carro e moto usados, mas em boas condições”, complementou.
Banana frita e salário mínimo
O mesmo semáforo que ajuda a pagar as contas de Gurgel e a mulher também é palco para as vendas de Maria Tomé Moreira, de 45 anos. Há três anos ela virou vendedora de banana frita depois que precisou sair do emprego de doméstica.
“Desistiu do último emprego porque fiquei doente. Estava com mioma no útero, operei e sai do trabalho”, relembrou.
Com uma bacia cheia de saquinhos com bananas, Maria espera os carros pararem para ir de janela em janela oferecer a mercadoria. Um rapaz repassa a banana de R$ 1 e R$ 1,5 para ela, e para tirar a comissão dela aumenta o preço pro cliente.
Maria Tomé vende banana frita há três anos após sair do emprego de doméstica — Foto: Aline Nascimento/G1
“O saquinho menor ele repassa de R$ 1 e vendo de R$ 2, o saco maior ele faz de R$ 1,5 e vendo de R$ 3. No começo do mês dá para tirar de R$ 50 a R$ 60 por dia. Já para o final do mês cai pra R$ 20 a R$ 30”, contou.
Maria também só vende no semáforo na parte da tarde. Tem dias que chega mais cedo, às 14h, e em outros aparece lá pelas 15h30. É que ela vai de bicicleta do bairro Tucumã para o local de vendas.
“Por mês consigo tirar R$ 800 ou até um salário mínimo. Moro eu e minha filha de 19 anos, que começou a trabalhar recentemente. Parou os estudos e começou a trabalhar e me ajudar”, concluiu.