Agricultura
Safra de cana do Centro-Sul poderá atingir 624 milhões de t; entenda os motivos
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Dados do último levantamento da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar e Bioenergia) também mostrou um forte resultado de moagem na última quinzena de agosto, mesmo com algumas chuvas esparsas. Cerca de 46,5 milhões de toneladas foram moídas e 3,46 milhões de t açúcar foram produzidos.
No entanto, segundo análise da hEDGEpoint Global Markets, companhia especializada em commodities, o mercado reagiu devido ao vencimento das opções e novas notícias em relação à safra da Índia.
“Rumores antigos foram renovados quando a indústria e os governo do país declararam que a produção de Maharashtra deve cair quase 14% em 2023/24”, disse Lívia Coda, analista de Açúcar da hEDGEpoint.
Além disso, o anúncio do projeto de lei “Combustível do Futuro” por parte do governo federal brasileiro, que tem o objetivo de atrair R$250 bilhões em investimentos, e as iniciativas propostas que incluem o aumento da mistura de anidro na gasolina em até 30%, mais o estabelecimento de um programa de combustível de aviação sustentável e a criação de regulamentos para atividades de captura de dióxido de carbono e armazenamento geológico, todas destinadas a descarbonizar o setor de transportes, são outros fatores que impactam positivamente o mercado de acordo com a analista de Açúcar da hEDGEpoint.
Safra do Centro-Sul poderá atingir até 624 milhões de toneladas
Como evidenciado, a produtividade da cana-de-açúcar (TCH) tem demonstrado melhorias em comparação com a temporada anterior. Fatores como um canavial mais jovem e condições climáticas favoráveis têm sido os principais impulsionadores desses resultados excepcionais, e tudo indica, segundo os analistas do hEDGEpoint, que essa tendência positiva será mantida.
Embora muitos modelos de previsão meteorológica tenham inicialmente indicado um agosto mais chuvoso do que o habitual, essa perspectiva não se concretizou completamente. Além disso, as projeções para setembro apontam para um clima mais seco. “Isso sugere que as usinas poderão manter o ritmo de moagem excelente e que podemos esperar maior disponibilidade da região”, afirma Lívia.
Primeiro, qual a quantidade de cana que o Centro-Sul costuma moer depois de agosto? Numa média de 10 anos, o Centro-Sul moeu 34,6% da sua cana total a partir de setembro, o que significa que mais de 65% já tinha sido feito até ao final de agosto.
Durante a safra 2015/16, ano de forte El Niño, a região conseguiu esmagar um pouco mais que a média durante o resto do ano, atingindo 35,2%. “Usando matemática simples e considerando os números realizados até agora, de 406,6 milhões de t esmagadas, seria possível chegar a 622,2 milhões de toneladas se usarmos a média de 10 anos, ou 627,4 milhões de t se usarmos 2015/16 como proxy”, explica a analista de Açúcar da hEDGEpoint.
Ainda de acordo com a hEDGEpoint, pode-se considerar ambas as estimativas como uma boa faixa indicadora do rumo que a safra está tomando. No entanto, é preciso ficar atento ao clima, que desempenha um grande papel na capacidade da região de atingir ou não esse nível — mesmo que haja cana suficiente para o fazer.
“Analisamos os dias perdidos até o momento e sua correlação. Para verificar se um dia foi considerado perdido ou não, estabelecemos um limite de precipitação de 5 mm. Também consideramos a média entre algumas regiões chave, como Ribeirão Preto (SP), São José do Rio Preto (SP), Mineiros (GO), Triângulo Mineiro (MG) e outras para estimar os dias perdidos do Centro-Sul”, detalha Lívia.
Olhando para os dias perdidos de 2023/24 até o momento, os dados mostraram uma correlação de 75% com a média de 10 anos, enquanto apenas 47% com 2015/16. Sendo assim, o analista explicou que estatisticamente não faria sentido confiar apenas em 2015/16 como proxy.
“Portanto, sendo conservadores, decidimos tirar a média entre ambos, penalizando a falta de correlação entre 2015/16 e 2023/24. Ao final, os números de moagem de cana Centro-Sul poderão chegar a 624,8 milhões de toneladas. Este número também está alinhado com a nossa revisão do TCH”, afirma Lívia.
Incorporando os resultados de julho, nossos modelos mostram que é possível atingir uma produtividade acumulada da cana de 82,4t/ha até o final de 2023/24. Com um aumento de área de 1,3%, todas as evidências apontam para 624,8 milhões de cana.
“Maior disponibilidade também permite um maior mix, acrescentando 2p.p. em relação à nossa estimativa anterior, atingindo 48,5%. Essas mudanças combinadas com um ATR de 139,7 levam a região a uma produção recorde de açúcar de 40,3Mt. Esta disponibilidade extra (cerca de 700kt) será totalmente redirecionada para o mercado internacional”, adiciona a analista de Açúcar da hEDGEpoint.
A revisão realizada pela hEDGEpoint afeta o primeiro olhar para 2024/25. Supondo que haverá alguma retração no TCH, mas com clima positivo, o Brasil poderá continuar fornecendo até 40 milhões de t de açúcar na próxima temporada.
Segundo a analista de Açúcar da hEDGEpoint, o Centro-Sul por si só não é suficiente para atenuar a ausência do Hemisfério Norte. A possibilidade de novas reduções para a Tailândia e de nenhuma exportação da Índia continua a apoiar a história altista, tanto para o açúcar bruto como para o branco.
“Os meteorologistas do governo dos EUA anunciaram na última quinta-feira que há mais de 95% de probabilidade de que as condições do El Niño persistam durante todo o inverno do Hemisfério Norte, que vai de janeiro a março de 2024, dando força adicional ao lado altista, empurrando ambos os contratos para seus níveis mais altos em meses”, conclui Lívia.
Fonte: RPA News
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