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Rondônia tem mais de 70 mil estudantes com distorção idade-série, segundo Unicef


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Um estudo recente do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), revelou que a Região Norte possui o indicador mais elevado de distorção idade-série no Brasil. Em Rondônia, 23,5% dos estudantes estão atrasados nos estudos. É um universo de mais de 70 mil alunos no estado que, por algum motivo, se encontram atrasados na vida escolar.

Micael Menezes é um dos estudantes que sofre com essa realidade. O cenário é composto por alunos que estão dois ou mais anos atrasados no calendário escolar.

“É muito ruim, pois atrapalha em alguns momentos. Com 20 anos e no 3º ano do ensino médio a gente quer trabalhar, mas lembra que ainda há estudos para concluir. Nunca desisti, mas acabei reprovando. Por isso, acabei cursando o EJA [Educação de Jovens e Adultos]”, lembra Micael.

Para reaver o potencial desses alunos, tanto na sala de aula quanto no futuro mercado de trabalho, um projeto da Escola Estadual Lídia Johnson, em Porto Velho, permite que jovens com atraso sigam em frente na conclusão de seus estudos. Na escola atualmente 70% dos alunos estão com distorção idade-série.

Para administrar isso, a escola trabalha com 115 dias letivos, onde cada etapa do ensino médio é concluído a cada seis meses. O projeto “Asas do Saber” abrange a formação básica do aluno, e garante uma formação integral com cursos profissionalizantes.

E foi no ensino integral que Micael encontrou a solução para a distorção idade-série. A mãe dele descobriu o projeto da Escola Lídia Johnson possibilitando que ele conclua os estudos em um tempo menor.

O estudante Micael Menezes, de 20 anos, espera concluir o ensino médio e se tornar maquiador profissional. — Foto: Pedro Bentes/G1

O estudante Micael Menezes, de 20 anos, espera concluir o ensino médio e se tornar maquiador profissional. — Foto: Pedro Bentes/G1

“De início não queria vir, pois o ensino era integral. Mas no primeiro dia vi que as aulas eram diferenciadas. Quem faz a aula não é somente o professor, mas os alunos”, explica o estudante.

Em Rondônia, 71.355 estudantes estão com distorção idade-série, segundo o levantamento da Unicef, esse número representa 23,5% dos alunos do estado. Tanto nas redes municipal e estadual a tendência é que a distorção aumente com o avançar dos anos escolares.

O fundo da Organização das Nações Unidas (ONU), também trouxe um levantamento sobre a composição racial/étnica dos estudantes que apresentam distorção escolar. Sendo 48,8 de pardos e 15,9 de brancos.

Por fim, o estudo da Unicef fornece um panorama de como se dá a distribuição dos estudantes com atraso escolar conforme suas localizações no estado. A grande maioria mora em áreas urbanas, eles são 55.119.

Para a especialista em educação, Raquel Serbino, é muito fácil detectar em uma sala de aula sintomas de uma distorção idade-série. Segundo ela, se as crianças são reprovadas ou abandonam a escola e depois retornam, elas voltam com idade atrasada. Conforme explicado pela especialista, isso acontece muito no final do ensino fundamental.

“Acabamos vendo alunos de 15 a 16 anos de idade estudando ainda no 6º ano, quando o esperado e indicado é que todos tenham 12 nessa série escolar”, afirma a especialista.

Para ela, além da perda de capital humano, o Estado acaba tendo um custo extra para reinserir esse estudante no quadro regular de ensino.

“Quando o aluno retorna para a sala de aula ou reprova de série, precisamos pagar de novo o professor, o material didático, a merenda, transporte. Ou seja, o governo duplica a despesa com o estudante. E este fica menos interessado, pois o ensino não é voltado para gente da idade dele. A autoestima do aluno fica muito atrapalhada, tendo mais dificuldade até a chegada no mercado de trabalho”, afirma Raquel.

Raquel Serbino, especialista em educação, acredita que precisa haver mais reforço por parte da escola.  — Foto: Pedro Bentes/G1

Raquel Serbino, especialista em educação, acredita que precisa haver mais reforço por parte da escola. — Foto: Pedro Bentes/G1

Segundo a pesquisadora, o Brasil, atualmente tem 45 milhões de alunos na educação básica, destes 37 milhões são da educação pública. A solução, segundo ela, deve vir a custo de muito trabalho do poder público.

“Precisamos mais do que nunca tratar do reforço. Em 1970, tínhamos 40% das crianças na escola, hoje temos 95%. Mas são filhos de famílias que precisam de melhor assistência, pois seus pais não foram a escola, seus avós foram analfabetos. É muito importante que façamos a criança e o jovem terem perseverança”, pensa a pesquisadora.

A Secretaria de Estado e Educação de Rondônia (Seduc), informou que para tentar reverter esse quadro, existem políticas de regularização do fluxo escolar, com projetos como, o “Se Liga” e “Acelera Brasil”, que abrangem aulas especiais de leitura, escrita, matemática e outros.

G1 entrou em contato com o Ministério da Educação (MEC), e aguarda o posicionamento da pasta.

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