Acre
Rio Acre aumenta 5 centímetros depois de chuvas isoladas, mas situação continua crítica na capital
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Depois de ficar a 3 centímetros de cota histórica, de 1,30 metro registrada em 2016, o Rio Acre, em Rio Branco, apresentou uma pequena elevação na medição desta segunda-feira (30) e chegou a cota de 1,38 metro, segundo dados da Defesa Civil municipal.
Apesar da pequena elevação, as perspectivas não mudam, e o cenário continua crítico segundo explicou o coordenador da Defesa Civil, major Claudio Falcão.
“Infelizmente não dá para vislumbrar melhora. Digamos que estes cinco centímetros são porque aconteceu chuva na extensão da bacia do rio, inclusive, nesse momento, só existe diferença se chover dentro do rio”, explicou.
Falcão disse ainda que na última sexta-feira (27), teve uma chuva significativa que aumentou o nível do rio em 24 centímetros na cidade de Brasileia, no interior do estado, e possivelmente algum resquício dessa água chegou até a capital e também as chuvas que estavam previstas, de forma isolada, para o domingo (29).
“Isso fez essa pequena diferença, que possivelmente não se sustenta por 24 horas. A gente continua com essa perspectiva de dificuldade. Temos uma previsão de chuva para esta semana, depois do dia 1º, mas aí não tem como precisar ainda se é pouca chuva, muita chuva”, acrescentou.
Com a seca, lixo e entulhos que ficam dentro do rio é exposta durante a estiagem — Foto: Hugo Costa/Arquivo pessoal
Decreto
O nível do rio chegou a 1,30 metro, menor marcação já registrada desde 1971 – ano em que o manancial começou a ser monitorado – no dia 17 de setembro de 2016. Com a previsão de que essa marca seja superada, a Defesa Civil de Rio Branco já elaborou um decreto de situação de emergência para conseguir recursos e ajudar os moradores de comunidades distantes.
O coordenador acrescentou ainda que o decreto de emergência está pronto à espera da publicação que deve ocorrer ainda nesta semana. “Já é uma das maiores secas da história. Estamos quase na mesma marca e ainda temos muitos dias pela frente”, explicou Falcão.
Cenário crítico
Em entrevista à Rede Amazônica Acre, o ambientalista Evandro Pereira, disse que o nível do rio vem baixando ao longo dos anos. As previsões para os anos de 2030 e 2040 são de que, no verão, as pessoas consigam atravessar o rio andando.
“Esse ano, provavelmente, ele vá baixar mais. Está sempre baixando, baixando”, confirmou.
Em fevereiro desse ano, o Rio Acre atingiu 15, 80 metros na capital acreana, inundando 22 bairros, afetou 19 mil pessoas e desabrigou 300 moradores. Sem previsão de chuvas significativas, as águas devem permanecer baixas.
“Muita gente fez pasto, campo e muita gente faz o que chama de bebedouro ou barragens. Já temos um problema de chuva na região e as pessoas ainda armazenam essa água, que teoricamente deveria voltar para o Rio Acre. Então, temos esse problema e isso compromete o nível do rio. Sem falar que sem florestas você tem o assoreamento do rio, que deixa o manancial mais raso”, concluiu.
G1.globo.com