Direto de Brasília
Questionado na CPI se agradeceu à Venezuela por doação de oxigênio, Ernesto Araújo diz que não
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O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo disse nesta terça-feira (18), em depoimento à CPI da Covid, que não fez nenhum contato com a Venezuela para conseguir o envio de oxigênio do país vizinho para o Amazonas.
Em 19 de janeiro, caminhões enviados pelo governo da Venezuela entregaram em Manaus 100 mil m³ de oxigênio. Documentos obtidos pelo Ministério Público de Contas indicam que 31 pessoas morreram nos dias 14 e 15 de janeiro em Manaus por falta de oxigênio. Além disso, pacientes infectados pela Covid-19 tiveram de ser transferidos para outras cidades.
Questionado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, Araújo afirmou que não agradeceu ao país após a chegada dos caminhões que levaram oxigênio para Manaus.
A resposta também foi negativa quando indagado se havia ligado para alguém na Venezuela ou agradecido ao governo venezuelano pelo gesto.
“Não. A doação foi oferecida pelo governo venezuelano”, disse o ex-chanceler ao ser questionado se havia contatado algum representante do país vizinho.
Entre outros pontos, a CPI da Covid investiga o colapso no sistema de saúde de Manaus que ocorreu em janeiro deste ano, em meio a um novo surto de Covid-19 e ao recorde de internações pela doença.
Autonomia
Após as declarações de Ernesto Araújo, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD), que é senador pelo Amazonas, afirmou que mortes em Manaus poderiam ter sido evitadas.
“Enquanto estava morrendo gente sem oxigênio em Manaus, o oxigênio da Venezuela estava vindo pela estrada. Um voo da FAB [Força Aérea Brasileira], se o Ministério das Relações Exteriores tivesse interferido, em uma hora ia e voltava”, disse Aziz.
“Não fizeram isso. Enquanto a gente não conseguia um voo – e o desespero era grande – morreu muita gente. Poderiam ter sido evitadas essas mortes se Vossa Excelência tivesse agido”, continuou.
À CPI, o ex-chanceler disse que o Itamaraty “não age de maneira autônoma em temas de saúde”.
“O Itamaraty não tem condições de avaliar o momento e em que condições é necessário proceder a essa ou àquela ação em relação ao sistema de saúde, no caso o suprimento de oxigênio”, disse Ernesto Araújo.
G1.globo.com