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Promessa de mudança de vida e até R$ 200 mil por penalidade: Veja o que 16 jogadores disseram em depoimento ao Ministério Público


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O Ministério Público de Goiás (MPGO) colheu depoimento de pelo menos 16 jogadores acusados e citados no decorrer das investigações de manipulação de resultados de jogos de futebol. Os atletas falaram sobre terem recebido até R$ 200 mil por penalidade e promessa de mudança de vida. Outros, afirmaram não conhecer Bruno Lopez, acusado de chefiar o esquema, ou sequer terem recebido ofertas para fraudes.

 

g1 não conseguiu contato com a defesa dos jogadores até a última atualização desta reportagem, com exceção de Romário. Por nota, o advogado do atleta disse que a inocência do jogador “será provada no curso do processo” (veja nota completa ao final da reportagem).

Os jogadores denunciados vão responder pelo artigo 41-D do Estatuto do Torcedor: Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição esportiva nos seguintes jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022 (veja lista abaixo).

  • Anderson Jordan da Silva Cordeiro: testemunha
  • André Luiz Guimarães Siqueira Júnior: acusado
  • Gabriel Domingos de Moura: acusado
  • Lucas Baptista Félix: testemunha
  • Marcos Vinicius Alves Barreira (Romário): acusado
  • Mateus Da Silva Duarte: acusado
  • Joseph Mauricio de Oliveira Figueredo: acusado
  • Allan Godoi Santos: acusado
  • Matheus Francisco Inácio: não está entre os denunciados, mas o nome é citado no processo
  • Matheus Henrique De Souza Carvalho: não está entre os denunciados, mas o nome é citado no processo
  • Osmane Washington Viana: não está entre os denunciados, mas o nome é citado no processo
  • Paulo Sérgio Marques Correia: acusado
  • Riquelme Sousa Silva: testemunha
  • Van Basty Sousa e Silva: testemunha
  • Willian Prado Camargo: testemunha
  • Jean Francisco Martim Cândido: testemunha

Confira o resumo do depoimento de 16 jogadores de futebol que falaram sobre o caso com o Ministério Público (para facilitar, basta clicar no nome do atleta acima).

Anderson Jordan da Silva Cordeiro

 

Jogador Anderson Jordan da Silva Cordeiro — Foto: Victor Souza/Tombense

Jogador Anderson Jordan da Silva Cordeiro — Foto: Victor Souza/Tombense

Em depoimento, Anderson alegou ter recebido uma proposta para fazer um pênalti por dinheiro na partida do Vila Nova contra o Sport, que aconteceu na Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022, mas que se recusou.

De acordo com o atleta, quem entrou em contato com ele foi o empresário apontado como chefe do esquema, Bruno Lopez. Ao Ministério Público, o jogador alegou que Bruno se apresentou dizendo que “que tinha apostado no Romário” e que “tinha sido o Romário que havia passado seu número para convencer a cometer o pênalti”.

Ele ainda afirmou que, durante o contato, ainda foi solicitado que ele indicasse alguém para realizar o pênalti, mas que ele não fez a indicação.

Conhecido como Jordan, o jogador atua como atleta profissional desde 2008. Ele joga no Vila Nova desde setembro de 2022 e atua como zagueiro no time. O g1 não localizou a defesa do atleta até a última atualização desta reportagem.

André Luiz Guimarães Siqueira Júnior

 

André Luiz durante a passagem pelo Sampaio Corrêa — Foto: Ronald Felipe/SCFC

André Luiz durante a passagem pelo Sampaio Corrêa — Foto: Ronald Felipe/SCFC

 

Ao Ministério Público, o jogador comentou sobre uma partida de futebol que aconteceu entre os times Sampaio Corrêa e Londrina, onde um pênalti foi marcado durante a partida. O jogador ainda afirmou não ter tido nada “anormal” neste jogo.

O atleta falou que chegou a participar do início da jogada, mas que “recolheu o corpo por não saber se estava dentro da área para evitar cometer falta ou pênalti”. O jogador contou que o pênalti que aconteceu durante o jogo foi marcado por Mateusinho, mas negou ter ficado sabendo de qualquer tipo de procura para “encomenda” desse pênalti.

André ainda comentou sobre um grupo de WhatsApp que ele fazia parte com outros jogadores do Sampaio Corrêa e afirmou que esse grupo teria sido criado para “jogos online de Playstation e pôquer”.

Atleta profissional desde 2013, André Queixo atualmente joga no Ituano, em São Paulo. Ele já passou pelo Ponte Preta e pelo Sampaio Corrêa.

Gabriel Domingos de Moura

 

Gabriel Domingos, no Vila Nova em Goiânia — Foto: Roberto Corrêa/VNFC

Gabriel Domingos, no Vila Nova em Goiânia — Foto: Roberto Corrêa/VNFC

Em depoimento, o jogador negou conhecer o acusado de chefiar o esquema de manipulação de resultados de jogos, Bruno Lopez, e a esposa dele, Camila Silva da Motta, e alegou nunca ter ouvido falar da empresa do casal, a BC Sports Management. Ele ainda contou que conhecia Romário, porque jogou no Vila Nova, e afirmou ter recebido mensagens de um homem, que ele acredita se chamar Vinícius.

Vinícius teria perguntado a Gabriel iria jogar contra o Sport e se conhecia o Romário, que jogava no Vila e iria fazer um pênalti na partida contra o Sport, em troca de um R$ 70 mil, sendo R$ 10 mil adiantados, de acordo com o depoimento.

Ao MPGO, Gabriel contou que mandou mensagem ao tal intermediador na véspera do jogo contra o Sport dizendo para ele ficar tranquilo, porque o pênalti seria cometido. No entanto, segundo o jogador, tudo passou de uma mentira para Vinícius “não ficar lhe mandando mensagens, incomodando-o”.

O jogador disse que Vinícius mandou um comprovante de transferência de R$ 10 mil e, na véspera do jogo, ele próprio enviou R$ 5 mil a Romário, que teria dito que precisava de dinheiro para pagar Willian Formiga. Depois, Gabriel disse que se arrependeu e devolveu o dinheiro a Vinícius, antes de comunicar ao presidente do Vila Nova.

Gabriel pontuou também que foi adicionado em um grupo chamado “Pênalti”, tendo “dois integrantes desconhecidos que conversavam”. O volante é atleta profissional desde 2022 e atuou no Vila Nova até abril de 2023, quando o time decidiu rescindir o contrato com o jogador devido ao suposto envolvimento dele com o esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol.

Lucas Baptista Félix

 

Jogador Lucas Baptista Félix, do Vila Nova — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Jogador Lucas Baptista Félix, do Vila Nova — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O atleta afirmou em depoimento ao Ministério Público, que antes da partida do Vila Nova contra o Sport no final da série B, recebeu contato sobre a aposta, mas “recusou desde o início por ser honesto” e disse que jamais mancharia a carreira com isso. Ele ainda afirmou não ter notado nenhuma anormalidade durante a partida relacionada a aposta e que tomou conhecimento a respeito depois, por meio das redes sociais.

Ainda em depoimento, Lucas disse que Victor Fernandes havia o contatado antes do jogo e chegou a pedir indicação de outro atleta, mas ele afirmou não ter passado nenhum contato por acreditar que “isso está acabando com o futebol”.

Lucas é atleta profissional de futebol há oito anos e atualmente joga pelo Avaí, em Santa Catarina. Em 2022, ele passou pelo Hercílio Luz, Avaí e foi emprestado ao Vila Nova, time onde permaneceu por alguns meses, até o término da Série B.

g1 não localizou a defesa de Victor até a última atualização desta reportagem.

Marcos Vinicius Alves Barreira (Romário)

 

Ex-jogador do Vila Nova Romário, em Goiânia, Goiás — Foto: Divulgação/Vila Nova

Ex-jogador do Vila Nova Romário, em Goiânia, Goiás — Foto: Divulgação/Vila Nova

Conhecido como Romário, Marcos Vinicius Alves Barreira contou em depoimento ter conhecido Bruno Lopez, apontado como chefe do esquema de manipulação, por meio de um amigo, de quem comprava produtos. Segundo Romário, esse amigo foi quem comentou sobre o esquema de apostas que tinha com Bruno e que, no dia seguinte, fez uma ligação em que colocou Bruno para conversar com ele.

Romário ainda afirmou ter recusado três vezes a oferta de Bruno em participar do esquema de apostas. Segundo o jogador, Bruno teria afirmado que, em um primeiro momento, receberia o valor de R$ 300 mil. No entanto, em seguida, baixou a proposta para R$ 150 mil, com um sinal de 10 mil. Ainda de acordo com o jogador, Bruno teria dito que ele ainda receberia R$ 50 mil por ter indicado o jogador Gabriel Domingos para o esquema.

No entanto, Romário disse que, logo depois, “os caras” começaram a cobrar e o ameaçar, além de ameaçar a família dele. O atleta ainda disse que todo dinheiro que caía em sua conta ele enviava para Bruno, que chegou a gravar um vídeo com uma arma e três balas na mão, dizendo que seria uma para Romário, outra para a companheira e outra para a filha do atleta.

Com tantas ameaças, ele afirmou ter ficado procurando jogadores para fazer um pênalti no jogo do Vila Nova contra o Sport até duas horas antes da partida, por saber do risco de Bruno “fazer alguma coisa contra a sua família”.

Romário jogou pelo Vila Nova em 2022. Em seguida, foi emprestado ao Atlético Goianiense, retornou ao Vila Nova, foi vendido aos Emirados Árabes, mas por não ter passado no exame médico, voltou ao Vila Nova, time de onde ficou até novembro de 2022, quando teve o contrato rescindido pelo time.

Ele ainda afirmou que, após dizer a Bruno que não iria mais fazer parte do esquema, o suspeito de chefiar o esquema teria ameaçado seu irmão, passado dizer que “iria vir a Goiânia, e a enviar mensagens a esposa de Romário, com ameaças, por meio das redes sociais.

Mateus Da Silva Duarte

 

Mateus da Silva Duarte, conhecido como Matheusinho, é citado em esquema de manipulação de jogos em operação feita pelo Ministério Público de Goiás — Foto: Ronald Felipe/SCFC

Mateus da Silva Duarte, conhecido como Matheusinho, é citado em esquema de manipulação de jogos em operação feita pelo Ministério Público de Goiás — Foto: Ronald Felipe/SCFC

O jogador do Cuiabá que em 2022 atuou no Sampaio Corrêa afirmou não ter ouvido conversas sobre manipulação de resultados de jogos. Além disso, disse que não conhece nenhum dos suspeitos de envolvimento no esquema, como Bruno Lopez e sua esposa, Camila Motta, o jogador Romário ou o atleta Gabriel Domingos. Também pontuou nunca ter ouvido falar da empresa de Bruno, a BC Sports Management.

Joseph Mauricio de Oliveira Figueredo

 

Joseph é investigado pela participação em suposto esquema de apostas em jogos da Série B — Foto: Victor Souza/Tombense

Joseph é investigado pela participação em suposto esquema de apostas em jogos da Série B — Foto: Victor Souza/Tombense

Ao Ministério Público, o jogador Joseph Figueiredo contou que, em 2022, atuou pelo Botafogo, de São Paulo, e pelo Tombense, de Minas Gerais, tendo se transferido para o time em abril ou maio após o campeonato paulista. No depoimento, o atleta afirmou que participou da partida entre Tombense e Cricíuma, que é uma das investigadas pelo órgão, mas ainda disse que o jogo “não teve nada de anormal”.

Ele pontuou que cometeu um pênalti durante a partida, mas justificou ter sido “um lance normal de jogo” e alegou não ter tido conversas antes para cometer o pênalti de propósito. Ele ainda afirmou que não conhece o acusado de chefiar o esquema, Bruno Lopez, nem a esposa dele, Camila Motta, e nem os jogadores Romário, Gabriel Domingos e Mateus da Silva Duarte.

Allan Godoi Santos

 

Allan Godoi, em passagem pelo Sampaio Corrêa — Foto: Ronald Felipe / SCFC

Allan Godoi, em passagem pelo Sampaio Corrêa — Foto: Ronald Felipe / SCFC

 

Allan contou que é jogador profissional no Sampaio Corrêa e conhece Mateusinho porque jogaram juntos no clube. O zagueiro contou que em uma partida contra o Londrina, não foi procurado por ninguém para cometer alguma infração e que Mateusinho teve um pênalti, mas ele achou normal e dentro das regras do jogo.

Sobre André Queixo, ele contou que já jogaram juntos, mas não conversaram sobre as apostas. A mesma afirmação foi feita em relação aos atletas Ygor Catatau e Paulo Sérgio.

Em relação a um grupo de WhatsApp em que cinco jogadores falavam sobre “receber dinheiro e ter feito o serviço”, Allan disse que ele foi criado para “jogar videogame” e falar sobre apostas em dois sites. O atleta disse que não lembra de conversas sobre pênalti no jogo do Vila Nova.

Referente a uma frase sobre “esperar dinheiro cair”, dita no grupo, o jogador respondeu ao MPGO que era sobre uma aposta que os jogadores fizeram no site. Em todo o depoimento, Allan reforçou que os grupos no WhatsApp eram referentes a apostas legais e análises de jogos.

O MPGO questionou Allan sobre uma aposta de Victor Talamini, sobre pedidos de números de jogadores e sobre Matheus dizer que tomaria gol no primeiro chute, tudo citado no grupo do WhatsApp. O jogador disse que não se lembra de nada relacionado.

Matheus Francisco Inácio

 

Matheus Inácio goleiro — Foto: FEC

Matheus Inácio goleiro — Foto: FEC

Em depoimento ao Ministério Público, Matheus contou que, em 2022, atuou nos clubes Água Santa, Manaus e Sampaio Corrêa, time em que terminou o ano. Segundo o atleta, durante a partida entre o Sampaio e o Londrina, que também foi investigada pelo órgão, ele ficou de reserva. O jogador ainda afirmou não ter ouvido nenhuma conversa sobre a aposta no jogo relacionado ao pênalti que ocorreu na partida e nem ter sido procurado por ninguém antes da partida. De acordo com o jogador, só havia comentários de “aposta em bet e apostinha normal, mas não de pilantragem”.

O jogador ainda disse não conhecer Bruno Lopez, suspeito de chefiar o esquema, mas contou que conhecia Victor Talamini de um grupo de pôquer e que eles tinham uma relação de “pôquer e de videogame, pois se falam muito jogando online”. Ele ainda contou que participava de um grupo de WhatsApp em que falava de um jogo de apostas de videogame, mas alega que nunca havia ganhado nada com isso. O jogador ainda afirma já ter recebido dinheiro de pôquer do Victor uma vez.

O atleta disse ao MPGO que atualmente atua no Aparecidense. Na época do depoimento, ele estava lesionado e havia dito que fez um acordo para receber do clube um salário de R$ 8 mil durante o período da lesão.

Matheus Henrique De Souza Carvalho

 

Matheus Souza, do Guarani, foi emprestado ao Vila Nova  — Foto: Thomaz Marostegan/Guarani FC

Matheus Souza, do Guarani, foi emprestado ao Vila Nova — Foto: Thomaz Marostegan/Guarani FC

O atleta disse ao MPGO que, na véspera do jogo do Vila Nova contra o Sport, surgiu um boato sobre o cometimento de um pênalti no primeiro tempo, mas ele não sabia quem faria. No entanto, o jogador destacou que Romário mandou mensagem dizendo para, salvo engano, tomar cartão no primeiro tempo e que ele receberia dinheiro para isso (o jogador disse não lembrar do valor, mas acredita que era em torno de R$ 30 mil).

No entanto, “pelo teor” da mensagem, o atleta não achou correto e parou de responder. Matheus contou que não foi o único do clube a receber mensagem de Romário, mas não sabe o que eles conversaram. O atleta disse que conhece Gabriel Domingos, mas que o jogador não tentou induzi-lo a participar do esquema, apenas disse que Romário passou dinheiro depois dele dizer que faria um pênalti.

Domingos teria dito a Matheus que usou parte parte do dinheiro. Por isso, teria pedido a Matheus uma quantia emprestada para devolver a Romário, e ele emprestou. “Parece que Romário ‘fez a cabeça’ do Domingos para dizer que cometeria o pênalti para o cara e este cara passaria um valor”, falou Matheus em depoimento.

A quantia emprestada seria de R$ 3,4 mil e foi paga por Domingos, segundo o atleta. No depoimento, o jogador disse que não questionou mais detalhes sobre as operações e o dinheiro.

Matheus contou que é jogador profissional, começou a carreira no Guarani (SP), em 2022 atuou no clube, no Confiança e no Vila Nova, onde está no desde o segundo turno da série B de 2022.

Osmane Washington Viana

 

Jogador Osmane Washington Viana, conhecido como "Mineiro" — Foto: Reprodução/Instagram Osmane Washington

Jogador Osmane Washington Viana, conhecido como “Mineiro” — Foto: Reprodução/Instagram Osmane Washington

Em depoimento, Osmane contou que não conhece os principais apostadores do esquema, mas conhece a empresa BC Sports, que é de Bruno Lopez, acusado de chefiar o grupo de manipulação.

De acordo com Osmane, ele conhece porque a empresa fez um depósito bancário em dua conta, mas ressaltou que não sabia quem era o dono. Segundo o jogador, ele emprestou sua conta para o colega Gabriel Damasceno, com quem jogou no São Caetano (SP) em 2022.

Gabriel teria pedido a conta do atleta porque não tinha limite na sua. Osmane contou que recebeu um PIX da BC no valor de R$ 10 mil, mas depois repassou ao colega. O jogador finalizou o depoimento ressaltando que “nos últimos três anos recebeu ligações com ofertas para esquemas em jogos, mas jamais mancharia sua carreira com isso e não aceitou”.

Em depoimento, Osmane contou que é jogador profissional de futebol desde 2009, atua no no Humaitá/AC desde janeiro. O atleta disse que, no ano passado, passou por São Caetano (SP), Acre, Fluminense (BA) e Vitória (PE).

Paulo Sérgio Marques Correia

 

Jogador Paulo Sérgio Marques Corrêa, durante jogo do Sampaio Correa  — Foto: Lucas Almeida / L17 Comunicação

Jogador Paulo Sérgio Marques Corrêa, durante jogo do Sampaio Correa — Foto: Lucas Almeida / L17 Comunicação

 

O atleta profissional contou ao Ministério Público que atualmente joga no clube Operário, de Ponta Grossa, no Paraná. No entanto, ele atuou no Sampaio Corrêa na época da partida investigada contra o Londrina, mas afirmou não ter participado do jogo, tendo ficado no banco.

O jogador diz ter ficado surpreso quando soube do envolvimento de Mateus da Silva Duarte, conhecido como Mateusinho, com quem jogou junto no Sampaio e em um clube de pôquer, devido ao desempenho dele no campeonato de futebol. Ele ainda disse não ter sido procurado por ninguém para falar de apostas na partida.

Quanto ao clube de pôquer, o atleta justificou que os participantes jogam com o “Brasil inteiro” e que, com certa frequência, devido aos jogos, entram valores de R$ 2 mil ou R$ 3 mil em sua conta bancária. Ele ainda justificou que nunca teve contato com o acusado de chefiar o esquema de manipulação de jogos, Bruno Lopez.

Junto com Mateusinho e outros dois jogadores, o atleta fala sobre a existência de um grupo de WhatsApp onde os jogadores falavam sobre jogos de pôquer e futebol e de um outro grupo onde o assunto “sempre era sobre jogo de futebol”.

Riquelme Sousa Silva

 

Riquelme Sousa Silva em passagem pelo pelo Vila Nova, Goiânia, Goiás — Foto: Roberto Corrêa/VNFC

Riquelme Sousa Silva em passagem pelo pelo Vila Nova, Goiânia, Goiás — Foto: Roberto Corrêa/VNFC

 

Riquelme detalhou ao MPGO que conhece Gabriel Domingos, pois já trabalharam no Bahia e no Vila Nova, por isso tem amizade, por serem do mesmo clube. O jogador disse que conhece Romário, por conta do futebol, mas não conhece Vitor Fernandes. Riquelme contou que, apesar de ter sido relacionado, não jogou na partida contra o Sport.

No entanto, o atleta disse que Romário ofereceu entre R$ 100 e 200 mil para ele receber um cartão vermelho, mas recusou.

O contato de Romário teria acontecido por mensagens e ligações, mas depois um número de São Paulo entrou em contato com ele pedindo para arrumar alguém para cometer um pênalti. Segundo o jogador, ele recusou novamente.

O MPGO questionou sobre uma ligação de vídeo do jogador com Bruno Lopez e Romário. O atleta respondeu que aconteceu alguns dias antes do jogo, mas eles falaram sobre o cartão vermelho que os apostadores queriam que ele levasse, não o pênalti.

“Disse que o apostador só passou a proposta e não disse o nome e que Romário quando ligou disse que tinha uma situação que mudaria a vida deles e falou que colocaria uma pessoa na ligação e, de repente, o outro cara [Bruno] entrou e começou a falar de expulsão na partida”, disse.

Depois disso, Riquelme reforçou que recusou a proposta e não mandou sua conta, que Romário teria pedido, e morreu o assunto. Acerca de uma conversa do acusado Victor Ysamasaki com Romário e Domingos, de que tinha procurado Riquelme para cometer um pênalti, o atleta disse que a proposta que recebeu (e negou) foi a do cartão vermelho.

“Quando ofereceram cem a duzentos mil para que arrumasse alguém para resolver a aposta para eles, não quis se envolver e não indicou ninguém. [Riquelme disse] que não sabe de outros jogadores terem sido procurados por Domingos e Romário”, pontuou o MP.

Riquelme disse ao MPGO que é jogador profissional desde 2018 e está no Vila Nova desde abril de 2022, foi relacionado para doze partidas e participou de três jogos no ano passado.

Van Basty Sousa e Silva

 

Van Basty Sousa e Silva, que já jogou pelo Vila Nova, é citado em esquema de manipulação de jogos em operação feita pelo Ministério Público de Goiás — Foto: Reprodução/Instagram

Van Basty Sousa e Silva, que já jogou pelo Vila Nova, é citado em esquema de manipulação de jogos em operação feita pelo Ministério Público de Goiás — Foto: Reprodução/Instagram

Ao MPGO, Van Basty, meia do Vila Nova disse que Romário ofereceu dinheiro para ele cometer um pênalti na partida entre o Tigrão e o Sport. Prints obtidos pela investigação mostraram que o intermediador insistiu pela penalidade, mas Van manteve a posição.

O MPGO apurou que, para convencer o meia Van Basty, Romário insistiu até a promessa chegar a R$ 200 mil, mas o atleta recusou. Segundo a investigação, as propostas de Romário ao atleta aconteceram no dia 5 de novembro de 2022. Veja a cronologia descrita pelo MPGO (em horários aproximados):

  • 18h30: Romário oferece R$ 50 mil ao meia Van Basty, por um pênalti no primeiro tempo, mas o atleta recusou;
  • 21h: Romário reforça o pedido ao meia Van Basty e aumenta para R$ 150 mil a proposta. O atleta recusou;
  • Fim da noite: Romário ofereceu R$ 200 mil a Van Basty pela penalidade, mas o atleta manteve a decisão e recusou.

 

Van contou que é jogador profissional desde 2011 e está no Vila Nova e que em 2022 atuou na Chapecoense e depois no Vila Nova, a partir do segundo turno da série B.

Willian Prado Camargo

 

Willian Prado Camargo, conhecido como Willian Formiga, é citado é mencionado em processo por negar receber dinheiro em esquema de manipulação de jogos em operação feita pelo Ministério Público de Goiás — Foto: Reprodução/Instagram

Willian Prado Camargo, conhecido como Willian Formiga, é citado é mencionado em processo por negar receber dinheiro em esquema de manipulação de jogos em operação feita pelo Ministério Público de Goiás — Foto: Reprodução/Instagram

 

Em depoimento, o jogador disse ser jogador profissional de futebol há 17 anos. Atualmente, ele joga no Ceará, mas permaneceu por três anos no Vila Nova. Ele comentou sobre a partida realizada entre o Vila Nova e o Sport e contou ter sido procurado por Romário um dia antes do jogo. De acordo com o atleta, Romário havia dito que “estava com esquema de aposta e os jogadores entregariam R$ 150 mil para quem fizesse um pênalti no primeiro tempo”.

Ele ainda disse que recusou a oferta por não querer manchar a carreira com isso e que outros jogadores comentaram sobre o assunto no vestiário antes da partida por também terem sido procurados por Romário.

Jean Francisco Martim Cândido

 

Jean Martim, durante passagem no Vila Nova, em Goiânia, Goiás — Foto: Roberto Corrêa/VNFC

Jean Martim, durante passagem no Vila Nova, em Goiânia, Goiás — Foto: Roberto Corrêa/VNFC

Ao MPGO, Jean Francisco Martim contou que é atleta profissional de futebol desde 2019, estando atualmente na Inter de Limeira, em São Paulo. No entanto, ele disse que em 2022 passou pelos times Hercílio, Avaí e Vila Nova, por onde permaneceu por cerca de três meses.

Segundo o jogador, quanto a partida investigada pelo MPGO entre o Vila Nova e o Sport, na Série B, ele disse ter recebido uma mensagem que acredita ser de Romário oferecendo dinheiro para fazer pênalti na partida. O atleta afirmou que, após receber a proposta, “prontamente a recusou devido a seu caráter”.

O atleta ainda disse que sabia que estava “rolando aposta” na última rodada, mas não exatamente o teor, e que não sabe se mais alguém foi procurado a respeito.

Nota da defesa de Marcos Vinicius Alves, conhecido como Romário:

 

A defesa do atleta Marcos Vinicius Alves Barreira, vulgo “Romarinho”, com referência às acusações contidas e veiculadas na operação “penalidade máxima”, vem informar que a investigação criminal envolvendo o atleta já foi concluída pelo Ministério Público do Estado de Goiás e encaminhada ao Poder Judiciário, com o oferecimento de denúncia por suposta infração ao art. 41-D da Lei nº 10.671/03(Estatuto de Torcedor), cuja defesa já apresentou respota à acusaçãp, estando o processo aguardando a manifestação dos demais corréus para designação de audiência de instrução. Destacando que o mesmo não foi denunciado por crime de associação ou organização criminosa. Cuja inocência será provada no curso do processo. Não tendo o atleta firmado acordo de delação premiada ou de não persecução penal com o Ministério Público.

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