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Programa aproxima moradores e PMs e ajuda a diminuir crimes


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Por meio de grupo no WhatsApp, moradores e policiais vigiam bairros da Capital

Moradores de Cuiabá se uniram à Polícia Militar para colocar em prática um programa que utiliza a tecnologia como forma de combater o crime de maneira mais eficiente nos bairros de Cuiabá. A iniciativa permite que a comunidade seja o “olho da polícia” em cada parte da cidade.

O programa “Sentinela” nasceu oficialmente em 2017, quando o capitão Luiz Cláudio Loyola Nunes, na época comandante da Companhia Comunitária do Bosque da Saúde, implementou o projeto na região atendida por ele. Ações semelhantes já funcionavam em outras áreas da cidade, no entanto, segundo o tenente-coronel André Avelino Figueiredo Neto, o uso de redes sociais levou o programa para um outro nível de interação.

Na prática, os policiais criam grupos no WhatsApp com os moradores, onde a comunidade pode fazer denúncias sobre crimes ou até mesmo situações suspeitas que sejam flagradas na região onde moram. A troca é benéfica para ambos os lados, já que contribui para a rapidez no compartilhamento da informação e na eficiência do trabalho.

A polícia, hoje em dia, não tem como estar em todos os locais, então, o olho dos militares é o cidadão

“Dentro desse programa, nós trabalhamos para diminuir os índices de criminalidade para garantir não só a sensação de segurança, mas evitar crimes na região”, afirmou o tenente-coronel, em entrevista ao MidiaNews. 

Ao todo, seis bairros são atendidos pelo programa Sentinela em Cuiabá: Tijucal, Santa Terezinha, Bosque da Saúde, Boa Esperança, Jardim das Américas e Jardim Itália. O objetivo é aumentar o número de áreas atendidas com o projeto e unificar todas as vertentes de segurança pública.

Lutando pelos direitos dos moradores há 2 anos, a presidente do Bairro Boa Esperança, Simone Incrocci, de 35 anos, foi quem correu atrás do programa da PM para executá-lo na região.

Ela diz que o amor pelo bairro impulsionou sua vontade de transformá-lo em um lugar melhor. Segundo ela, a vocação veio de berço, já que seu pai representou o Boa Esperança por 37 anos.

“Aqui no Boa Esperança, eu criei o grupo ‘Boa e Segurança’ em 2017, para unir os moradores, para lutarmos juntos pelo bairro. Soube sobre os sentinelas pelo grupo. Foi quando procurei o tenente Douglas Norimatsu, da base da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e marcamos uma reunião”, explica.

O programa foi oficialmente instalado no bairro em junho deste ano e funciona desde então. No entanto, por ser um local muito grande, nem todos os moradores sabem da existência da assistência de segurança.

Alair Ribeiro/MidiaNews

Projeto Sentinela PMMT

O tenente-coronel mostra exemplo de suspeitos que foram denunciados por moradores via WhatsApp

“Estou fazendo o trabalho de ir até os moradores informar sobre os sentinelas, assim como nos comerciantes locais também, para que todos saibam. E acredito que o tenente está fazendo o mesmo”, conta. 

O projeto

As denúncias são feitas pelos moradores dos bairros nos grupos no WhatsApp, que são criados e administrados pelo comandante da companhia da região.

Os moradores precisam preencher um cadastro pessoal para colaboradores, dessa forma a PM consegue identificar cada morador e conferir a veracidade das informações. Existem regras que devem ser seguidas e lá são compartilhadas apenas informações a nível de segurança pública.

“Nos grupos, os moradores vinculam fotos e vídeos de suspeitos para ter uma ação mais rápida da Polícia Militar. Hoje, com o programa, já temos muitas ocorrências resolvidas, muitos flagrantes e grandes reduções da criminalidade”, relata o tenente-coronel Neto.

Ao solicitar a viatura, é preciso que o morador esteja munido da maior quantidade de informações possíveis, desde o local onde viu algo suspeito até a roupa que o possível criminoso estava vestindo.

As denúncias podem ser realizadas por mensagens ou até mesmo áudios nos grupos sentinelas.

“Isso faz com que o morador participe, pois agora com mais essa ferramenta tecnológica estamos todos em alerta. O que facilita, porque ao invés de ligarmos para o 190 denunciamos pelo aplicativo, um meio de comunicação mais rápida. É a aproximação da PM com a comunidade”, explica a presidente de bairro, Simone Incrocci.

Bairros não atendidos

Apesar de atingir uma parcela significativa da população, o programa Sentinela ainda tem um caminho a percorrer. Os seis bairros atendidos têm um grande número de moradores, mas o projeto da Polícia Militar é agregar mais regiões de Cuiabá para que assim a vigilância seja ainda mais eficiente.

“A polícia, hoje em dia, não tem como estar em todos os locais, então, o olho dos militares é o cidadão”, explica o tenente-coronel Neto.

O fundador da associação e presidente do Bairro Jardim das Américas, José Teixeira, de 77 anos, está há mais de 30 anos no cargo, disse que viu no programa a mudança necessária para a região. O programa funciona no local há 6 meses, mas ele já notou uma grande diferença quando se trata da criminalidade.

“Me lembro de uma ocasião em que um morador flagrou um suspeito tentando roubar um carro, perto do shopping. Imediatamente, mandaram no grupo e os policiais agiram com rapidez e conseguiram prender o sujeito”, relata o presidente de bairro.

Por sua boa experiência com o programa, José acredita que aqueles locais que ainda não possuem a assistência virtual da Polícia Militar devem se juntar para conseguir esse benefício. Para ele, a união de moradores e diretores é essencial para conseguir combater a criminalidade na região. 

Me lembro de uma ocasião em que um morador flagrou um suspeito tentando roubar um carro, perto do shopping. Imediatamente, mandaram no grupo e os policiais agiram com rapidez e conseguiram prender o sujeito

O tenente-coronel Neto afirma que os bairros que tiverem interesse, primeiramente, devem procurar o Conselho de Segurança da sua região. Na Capital, cada região tem um conselho dentro da base comunitária, que é atendido por ele.

Ele diz que é importante envolver as lideranças dos bairros, para desenvolver e trazer, junto com o comandante da área, o programa sentinela.

Eficiência

Durante os dois anos de ações em conjunto com a comunidade, a Polícia Militar registrou uma queda no número de crimes, principalmente de casos de roubos e furtos. Os dados são uma comparação entre os anos de 2016 e 2017.

Os dados ainda não foram atualizados nos anos seguintes, porém, em relatos, os presidentes se mostraram satisfeitos com os resultados alcançados em poucos meses de atuação do programa.

“Sabemos que não é fácil e eles nos atendem de imediato, fazendo com que o nosso bairro seja mais seguro. É mais uma ferramenta de segurança que veio a agregar no Boa Esperança, então, é de extrema importância o que está sendo realizado no bairro” diz a presidente Simone Incrocci.

O tenente-coronel credita o resultado não só à colaboração dos moradores, mas também pela própria rede social que dinamiza a ação dos policiais. Ele diz que as prisões começam a acontecer na região e, assim, os suspeitos pensam duas vezes antes de tentar cometer alguma infração.

Outra vantagem em usar os grupos de WhatsApp é a confiança na veracidade das denúncias. Durante anos da história da polícia, uma das principais preocupações dos agentes era a distribuição de informações falsas feitas pelo telefone 190.

Ele explica que não há uma garantia de que a pessoa do outro lado da linha esteja sendo sincera, mas pelo programa e através do cadastro, a proximidade entre os dois lados cresceu massivamente, trabalhando para um bem comum. 

“Para nós, o aplicativo é uma grande ferramenta dentro atuação policial. Hoje, a missão principal da PM é a prevenção. O Sentinela é um grande acessório, que tem o cidadão do nosso lado, de olho, não só no seu patrimônio, mas em toda comunidade”, explica o policial. 

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