Agronegócios
Produtores de MT devem sentir efeitos negativos da Covid-19 mesmo após fim de período crítico
Compartilhe:
O superintendente do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, avaliou que setores da agropecuária de Mato Grosso devem sentir os efeitos negativos da Covid-19 na economia durante o segundo semestre deste ano. Segundo ele, setores como o de soja e milho não sofreram impactos negativos, ao contrário do que ocorreu em setores como o de carne bovina, leite, etanol e algodão.
Daniel afirmou que o Imea vem acompanhando os impactos do coronavírus nas cadeias de produção de Mato Grosso e já foi possível constatar que alguns setores têm sofrido mais que outros. Estes efeitos devem durar mesmo após a passagem do período mais crítico da pandemia no Brasil.
“Os setores que tiveram maior impacto foram aqueles que dependem do mercado doméstico brasileiro. Na demanda interna brasileira por alguns produtos, que já está em baixa por causa do isolamento, deve trazer consequências para o segundo semestre, por causa do aumento do desempredo, renda mais baixa, e com isso setores como o do etanol, de carnes, leite, biodíesel, algodão, vestuário (não só aqui, mas internacionalmente), todos estes setores sofrerão”.
Ao invés de crescimento do mercado, a análise que se fez é, na realidade, de queda. O preço do barril do petróleo, que está em queda, também deve afetar o preço de vários produtos brasileiro, como o algodão, que tem como concorrente o próprio petróleo, utilizado para a fibra sintética.
Na carne Daniel afirma que 25% do mercado não deve sofrer, pois isso corresponde às exportações para outros países, que não diminuíram a demanda. Já para os outros 75% do mercado, que é interno, deve haver uma redução por causa da diminuição da renda.
“É importante dizer, por exemplo, que no mercao de carnes, o isolamento lá em São Paulo, que vai se extender por mais tempo que em Mato Grosso, impacta diretamenta o mercado de carne porque São Paulo é o principal destino”.
No entanto, Daniel avalia este período tem sido bom para alguns setores.
“Por outro lado, temos os mercados de grãos, que são soje e milho, e estes sim mantiveram o mesmo patamar de preço que se tinha até março, até se elevou um pouco mais por conta da alta do dólar, que está batendo récordes de aumento, e isso tem movimentado para cima os preços de soja e milho. Há escassez destes dois produtos no Brasil, em especial o milho, mas sabemos também que com o novo cenário do mercado de carne e do etanol pode causar uma diminuição, trazendo o preço para uma normalidade”.
Segundo Daniel boa parte das duas safras de soja e milho já estão comercializadas. Porém, para as próximas safras o preço da soja pode acabar sendo impactado com o aumento do preço de insumos para a produção do grão.
OLHAR DIRETO