Agronegócios
Produção de Mato Grosso e Goiás minimizaram perdas no país
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Impactada por quatro importantes fatores – queda na área plantada, atraso no calendário de plantio, redução nos investimentos em campo e seca no Mato Grosso do Sul e Paraná -, a produção de milho segundo safra no Brasil deverá sofrer uma redução de 19% em relação à safra passada. A estimativa é de um volume total de 55,2 milhões de toneladas ante 68,3 milhões, segundo a Agroconsult, organizadora do Rally da Safra.
“O resultado não foi pior porque a produção de Mato Grosso e Goiás surpreendeu”, afirma André Pessôa, sócio diretor da Agroconsult e coordenador da expedição. Mesmo tendo enfrentado adversidades, como o atraso no início do plantio e períodos de estiagem localizados, os dois estados apresentam bom potencial produtivo.
A produção total de milho (verão e safrinha) no Brasil deverá ficar em 82 milhões de toneladas, com queda de 17% sobre a safra 2016/17, quando chegou a 99 milhões de toneladas. A produtividade do cereal também sofreu redução, saindo de 94,6 sacas por hectare para 78,9 sacas neste ano.
No oeste de Mato Grosso, as condições são excelentes e o resultado deve ser superior ao da safra passada. No médio norte, o potencial das lavouras está ligeiramente abaixo da safra anterior, o que configura ainda um ótimo resultado, pois em 2016/17 a produtividade foi recorde para a região. Já no leste e sudeste do Estado, o atraso no plantio e os danos causados pela seca trouxeram maiores prejuízos, contribuindo para que o Estado registrasse uma queda de produtividade estimada de 108,6 sacas por hectare na safra passada para 99 sacas este ano. A produção deverá ser 10% menor, alcançando 26,6 milhões de toneladas. Em Goiás, apesar do atraso no início do plantio do milho, a maior parte da área foi implantada no calendário ideal. As chuvas em meados de abril garantiram bom potencial das lavouras. A perspectiva é de uma safra inferior à passada, porém muito acima de 2015/16, quando o estado foi severamente atingido pela seca. As estimativas apontam queda na produtividade, de 100 sacas por hectare na safra passada para 88 na temporada atual. A produção goiana deverá ser de 6,5 milhões de toneladas, 14% inferior à safra passada.
OS PROBLEMAS – No Mato Grosso do Sul, o plantio ocorreu fora do calendário ideal. As lavouras plantadas após 20 de fevereiro foram as mais afetadas. A seca de mais de 40 dias trouxe prejuízos principalmente à região sul do Estado, onde algumas áreas sequer serão colhidas. A produtividade média prevista caiu de 91 sacas por hectare na safra 2016/17 para 63,5 na safra 2017/18. A Agroconsult estima uma produção de 6,5 milhões de toneladas no Estado, volume 33% inferior em relação à safra passada.
Já no Paraná, em função do alongamento do ciclo da soja e consequente atraso na colheita, muitos produtores acabaram optando por migrar para trigo e aveia, reduzindo assim a área de plantio de milho. No Oeste do Estado, as lavouras plantadas até início de fevereiro apresentaram bom potencial. Já a região norte foi mais castigada pela seca, além de ter sido duramente afetada pelos fortes ventos que causaram o tombamento de muitas lavouras. A produtividade média estimada para o Paraná caiu de 90,9 sacas por hectare na safra 2016/17 para 66 na safra 2017/18. A previsão de safra no Estado é de 8,5 milhões de toneladas, 36% menor que 2016/17.
A expedição técnica encerrou a avaliação das lavouras de milho no dia 8 de junho, após três equipes percorrerem mais de 20 mil quilômetros e realizarem 405 amostras nos estados do Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.