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Prevenção a quedas entre idosos é alvo de lei estadual


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A queda decorrente de acidentes domésticos é uma das principais causas de morte entre idosos no Brasil. Numa tentativa de reduzir o número de acidentes e prevenir quedas e fraturas de ossos, o governo do estado de Mato Grosso sancionou a Lei nº 10.942, no dia 17 de setembro deste ano, que cria o Programa Estadual Educativo e de Prevenção de Quedas Acidentais, tendo como alvo a diminuição da ocorrência de fraturas no público da terceira idade. A iniciativa da prevenção e conscientização para evitar esse desfecho foi do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho (DEM).

As campanhas de conscientização serão realizadas em postos de saúde, hospitais, farmácias e clubes da terceira idade, por meio de cartazes com orientações sobre o assunto.

“O objetivo é desenvolver campanhas de conscientização de prevenção para alertar sobre os riscos das quedas entre pessoas da terceira idade. Além disso, o idoso deve receber orientações em relação aos cuidados durante o banho e também instalação de equipamentos dentro de casa para dar suporte”, explicou Botelho.

Segundo dados do Ministério da Saúde, esses acidentes são a 5ª causa de mortalidade em idosos, no Brasil, sendo que o país tinha 28 milhões de idosos em 2016, 13,5% do total da população. Em dez anos, esse número chegará a 38,5 milhões (17,4% do total de habitantes).

Foto: Ronaldo Mazza

Em 2031, o número de idosos (43,2 milhões) vai superar pela primeira vez o número de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos (42,3 milhões). Antes de 2050, os idosos já serão um grupo maior do que a parcela da população com idade entre 40 e 59 anos. Tanto que a projeção é que, em 2042, a população brasileira atinja 232,5 milhões de habitantes, sendo 57 milhões de idosos (24,5%).

Os números divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) comprovam que os óbitos em 2014 por quedas acidentais nas pessoas com mais de 60 anos em Mato Grosso foram de 133 mortes; em 2015 os números foram os mesmos, 133 pessoas; em 2016 saltou para 149 mortes, em 2017 foi batido o recorde de mortes, com 190 óbitos registrados. Já em 2018, as estatísticas apontam que morreram 138 pessoas; em 2019, foram registradas 70 mortes até o momento. (Veja infográfico na matéria).

O aposentado Marcos Feliciano Gonçalves Ferreira, de 78 anos, é um desses exemplos de queda acidental. Ele conta que tudo aconteceu enquanto tomava banho. Num descuido, escorregou e fraturou o fêmur.

“A recuperação foi longa e cansativa e ainda dependia de outras pessoas para me ajudar, mas consegui deixar a muleta depois de quase dois meses de sacrifício com os exercícios de fisioterapia”, destacou.

Para Ferreira, a lei proporciona a conscientização das pessoas da terceira idade, principalmente quanto às precauções no cotidiano.

Foto: FABLICIO RODRIGUES / ALMT

“Sempre ouvia falar de pessoas que caíam e tinham fraturas, mas quando aconteceu comigo, a situação mudou e agora tenho mais cuidado em tudo. Essa lei vai ser muito boa, principalmente para prevenir esses casos de acidentes”, resumiu ele.

Estima-se que 30% das pessoas com mais de 65 anos de idade caem pelo menos uma vez por ano. Depois dos 80 anos de idade, essa porcentagem pode chegar a 50%, um número considerado alto pelo Ministério da Saúde.

De acordo com informações da diretora e fisioterapeuta do Centro Integral de Reabilitação Dom Aquino Correa (Cidrac), Patrícia Dourado Neves, independentemente da idade, todas as pessoas correm o risco de cair. Porém, para a pessoa idosa, uma queda pode representar um problema grave, levando inclusive a limitações funcionais que antes não existiam. Assim, um idoso que era ativo passa a depender de cuidados de outras pessoas.

“A lei vai facilitar bastante a prevenção, pois o estado necessita – de uma forma geral – trabalhar esse problema. Toda a melhora do paciente precisa de uma orientação sobre precaução. Idosos precisam tomar uma série de cautelas, evitar os tapetes, utilizar barras para banheiros, evitar locais escorregadios e úmidos”, reiterou ela.

A diretora falou da estrutura do Cidrac para atender os pacientes em Mato Grosso. Patrícia Neves disse que a instituição consegue fazer até 50 atendimentos de trauma semanalmente.

“Como aqui é um centro integrado, oferecemos um tratamento multidisciplinar, como fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, nutricionista e médicos especialistas. Os pacientes que chegam aqui vêm com diagnóstico médico de outro centro, e é acolhido pelos nossos profissionais, por intermédio de uma triagem para verificar qual atendimento necessita. Depois, sai com uma agenda marcada para início do tratamento”, explicou a diretora.

Para a fisioterapeuta Ivana Gláucia Paes de Barros, são várias as causas relacionadas a quedas. Ela ressaltou que há fatores próprios da pessoa, como a perda da massa muscular, e questões do ambiente, como uma calçada quebrada ou um tapete solto, e elogiou a criação da lei.

“A lei é fundamental para alertar sobre os perigos de uma possível queda em casa, principalmente no caso do idoso, que deve evitar tapetes, colocar barras de apoio e deixar luz acesa no banheiro. Prevenir vai aliviar a reabilitação, os custos cirúrgicos e aliviar a mortalidade também”, esclareceu Paes de Barros.

No entanto, a fisioterapeuta faz algumas recomendações para as pessoas da terceira idade evitar as quedas. “A partir de quando o paciente sofre uma fratura em casa, o processo de recuperação é muito lento. Por isso, entendo que a prevenção é melhor do que a recuperação, porque algumas dessas pessoas acabam precisando, por exemplo, de prótese no quadril quando sofrem queda, ficando limitadas para as atividades funcionais”, revelou.

Vale destacar que, entre as consequências das quedas, a fratura de fêmur é uma das mais graves nas pessoas com 60 anos ou mais de idade. 

Segundo o médico fisiatra do Cidrac, Fabiano Silva Magnino, por ser considerado o maior osso do corpo humano, esse rompimento pode causar perda da funcionalidade e aumento da mortalidade na população idosa.

“Essa lei foca nas pessoas da terceira idade por ter mais chance de queda acidental. Acho que a prática de atividade física domiciliar é um dos incentivos à precaução do ambiente, como, por exemplo, evitar todo tipo de material escorregadio. Incentivar também o paciente idoso a procurar um educador físico capacitado para orientar exercícios com o propósito de melhorar a capacidade dos ossos e isso acarretar em uma não fratura também é recomendado”, aponta ele.

Outro fator indicado por Magnino está direcionado às variedades de causas relacionadas às quedas. Para o médico, há fatores próprios da pessoa e outros [fatores] externos.

 “O idoso, por si só, já sofre com a perda do movimento e massa muscular, e isso tudo vai interferir no processo educacional dele, caso ele tenha uma fratura por queda. De uns tempos para cá, a população brasileira vem envelhecendo, então, nada mais justo você criar uma lei que ampara as pessoas”, prevê ele.

Confira dicas e conselhos para evitar a queda de pessoas idosas:

– mantenha os ambientes bem iluminados;

– durante a noite, deixe algumas luzes acesas em locais de circulação, como banheiros, corredores ou quartos;

– evite tapetes;

– não deixe fios elétricos, roupas, sapatos ou outros objetos espalhados pelo chão;

– ao subir escadas, apoie-se no corrimão;

– guarde objetos de usos frequentes em locais de fácil acesso, não suba em bancos ou cadeiras para alcançá-los;

– instale barras de apoio no banheiro, próximas ao vaso sanitário e no box do chuveiro;

– mantenha os pisos secos e evite encerá-los;

– mesmo dentro de casa, evite usar chinelos e pantufas. Prefira calçados de borracha e salto baixo;

– ao andar na rua, preste atenção em raízes de árvores, buracos e obstáculos nas calçadas;

– atravesse apenas nas faixas de segurança, com calma e respeitando o sinal;

– não sair desacompanhado.

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