Justiça
Prefeito se cala, mas órgãos de controle investigam cargo de mãe de Miguel
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O silêncio do prefeito de Tamandaré (PE), Sérgio Hacker (PSB), continua. Patrão de Mirtes Renata Santana de Souza, que perdeu o filho Miguel Otávio, 5 anos, na terça-feira (02/06), após o menino cair do 9º andar do prédio da família do político, ele ainda não explicou por que o nome da empregada doméstica de sua casa em Recife consta como servidora comissionada desde 2017 da folha de pagamento da prefeitura que comanda, na cidade distante 100 km da capital pernambucana. Mas os órgãos oficiais de controle já abriram investigação para confirmar se há irregularidades na nomeação.
Tanto o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) quanto o Ministério Público (MPPE) decidiram buscar mais informações sobre o caso. O cargo de Mirtes na prefeitura é de Gerente de Divisão na manutenção das “atividades de administração”, com o salário bruto praticamente igual ao mínimo, R$ 1.093,62.
A Promotoria de Justiça de Tamandaré instaurou nesta sexta-feira (05/06) um inquérito civil para apurar possível prática de improbidade administrativa do prefeito Sérgio Hacker.
O MPPE constatou, através de busca no portal da transparência municipal, como o Metrópoles antecipou nesta quinta-feira (04/06), que Mirtes Renata figura na folha de pagamento do município desde fevereiro de 2017.
A Promotoria de Justiça de Tamandaré expediu ofício requisitando à chefia de gabinete da Prefeitura que informe, no prazo de três dias úteis, dados funcionais sobre a servidora, como cargo, função, método de controle de ponto e local de lotação, dentre outros.
A mãe de Miguel afirmou na manhã desta sexta-feira (05/06), segundo o portal UOL, que não sabia que constava como funcionária na prefeitura da cidade da qual o patrão é prefeito.
Já o TCE-PE informa que está também apurando o caso. “Constatada a veracidade dos fatos, o gestor poderá responder por crime de responsabilidade e infração político administrativa. Na existência de pagamentos por serviços não prestados, as pessoas envolvidas deverão ser chamadas a devolver a quantia recebida. Neste caso específico, o prefeito poderá responder solidariamente, ou seja, terá que também ressarcir os cofres públicos” diz nota do tribunal, que abriu auditoria especial para o assunto.
Silêncio
A assessoria de imprensa da prefeitura limitou-se a emitir uma nota afirmando que Hacker está muito abalado com a morte do menino e que por isso só falará sobre o assunto aos órgãos oficiais e no “momento oportuno”.
O menino Miguel morreu após ter sido deixado sozinho no elevador de um prédio de luxo no Centro do Recife pela primeira-dama de Tamandaré, Sarí Corte Real, saído no nono andar e caído de uma altura de 35 metros.
A mãe, Mirtes, havia descido para passear com o cachorro da patroa, e deixou o filho sob os cuidados da patroa.
METROPOLES