Mato Grosso
Polícia e MPE investigam padre por suposta apologia ao estupro
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A promotora Laís Rezende, da 2ª Promotoria de Justiça Cível de Alta Floresta, requisitou a instauração de um inquérito policial contra o padre Ramiro José Perotto, da Paróquia São Paulo Apóstolo de Carlinda.
O delegado Pablo Bonifácio Carneiro, da Polícia Civil de Alta Floresta, recebeu o pedido e abriu o inquério na sexta-feira (21).
Além disso, a promotora também instaurou um procedimento administrativo no âmbito do Ministério Público Estadual.
O religioso é responsável por tecer comentários ofensivos à menina de 10 anos vítima de estupro, que realizou um aborto legal. Em publicações no Facebook, o padre afirmou que a menor “gosta de dar”.
O Ministério Público quer que a Polícia Civil investigue se o padre cometeu o crime de apologia ao estupro na modalidade de incentivo.
O delegado já solicitou que a TV Nativa envie a gravação da entrevista com Ramiro, onde ele diz que “existem crianças que se vestem para provocar os adultos”.
Os antecedentes criminais do pároco serão analisados e ele deve ser intimado a prestar depoimento.
A promotora também enviou um ofício para a igreja informar sobre o procedimento investigativo da conduta do padre.
No que diz respeito aos danos causados à menina, o caso deve ser apurado no local em que a família tomar conhecimento dos fatos.
O caso
Os comentários foram feitos no dia 17 deste mês, em seu perfil no Facebook, após o pároco compartilhar uma publicação do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo.
Nos prints dos comentários respondendo internautas revoltados, o pároco dizia que a menina “compactuava” com os abusos sexuais por nunca ter denunciado.
“Duvido uma menina ser abusada com 6 anos, por 4 anos, e não falar. Ela compactuou com tudo e agora é inocente kkk (sic). Gosta de dar então assuma as consequências”, afirmou o padre.
Em carta aberta, Ramiro assumiu a autoria das publicações e pediu desculpas.
“Assumo a responsabilidade de ter proferido palavras desagradáveis, e justifico que compartilho da defesa da vida, nunca condenar e tirar julgamentos. […] Àqueles que se sentiram ofendidos, só resta meu pedido de perdão”.
Ele disse ainda que não teve a intenção de se manifestar com “palavras de baixo calão”. Segundo o religioso, isso não representa sua fé nas pessoas.
“Não foi minha intenção proferir palavras de baixo calão, as quais não comungam com minha fé e minha crença na pessoa humana”, afirmou em outro trecho da carta.
MidiaNews