Mato Grosso
Pesquisadores estudam alterações no Pantanal mato-grossense e alertam para preservação do bioma
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Durante 10 dias pesquisadores de diversas áreas percorreram o Pantanal mato-grossense para saber o porquê a paisagem tem mudando ao longo dos anos, quais os pontos mais sensíveis e o que contribuiu para as alterações da fauna e flora na região.
A doutora em ecologia, Solange Castrillon, estuda a formação de ilhas ao longo do Rio Paraguai. Ela disse que esse é um processo natural que vem sendo acelerado pela ação do homem.
“Naturalmente, essas ilhas demorariam milhares de anos para se formarem, mas com a ação do homem ampliando essa segmentação juntamente com a alteração do clima, isso pode ocorrer mais rapidamente. Um dos problemas é a agricultura não sustentável que joga muitos agrotóxicos na natureza”, ressaltou.
Rio Paraguai é rota para o comércio — Foto: TVCA/Reprodução
Outra preocupação dos pesquisadores é o uso do Rio Paraguai para a escoamento da produção de Mato Grosso. A hidrovia Paraguai-Paraná, com 3.440 km de extensão, vai de Cáceres, a 220 km de Cuiabá, a Nova Palmira, no Uruguai.
O Rio Paraguai é o principal formador do Pantanal, uma das características dele é a baixa declividade de três centímetros a cinco centímetros por quilômetro. As curvas acentuadas ajudam a controlar a velocidade da água.
“Para ser econômico, os barcos que vão atravessar o Pantanal precisam de uma grande quantidade de barcaças e uma grande extensão, mas o rio é pequeno, tem curvas estreitas e não tem como passar sem derrubar essas curvas. Isso significa que a água do Pantanal vai escoar mais rápido. Não podemos deixar que essa água vá embora”, alertou a doutora em ecologia, Carolina Joana da Silva.
Discussão sobre o escoamento da produção já foi judicializada — Foto: TVCA/Reprodução
A discussão sobre o escoamento da produção chegou a ser judicializada, mas atualmente não há nenhum impedimento jurídico para a navegação comercial nesse trecho. O estado, que detém a concessão do Porto de Cáceres, já anunciou que vai reativá-lo com o apoio da iniciativa privada e o uso da tecnologia para amenizar os impactos ambientais.
Está prevista a implantação de terminais portuários particulares — Foto: TVCA/Reprodução
Segundo o governador Mauro Mendes, a região de Cáceres tem solução para esses problemas ambientais.
“Pode-se fazer transbordo, tem navegação que pode ser feita até o porto a 80 km de Cáceres. Existem muitas soluções. A navegação fluvial é o meio de transporte mais barato do mundo e nós temos que usar isso para tornar a região Oeste mais competitiva e inserida em um movimento de desenvolvimento econômico”, ressaltou.
Alterações do clima também contribuem para mudanças do bioma — Foto: TVCA/Reprodução
Também está prevista a implantação de terminais portuários particulares. Um deles deve ser construído a 40 km acima da Estação Ecológica de Taiamã.
O chefe da estação, Daniel Kantek , disse que independente da tecnologia usada a movimentação de barcaças na região pode ter consequências graves.
“Há um tempo atrás ocorreu o transporte de grãos nesse trecho e os pescadores profissionais comentaram que quando as barcaças passavam eles ficavam pelo menos um dia sem poder pescar, pois os peixes somem e podem morrer ao mudar de localidade muito rápido”, explicou.
Pesquisadores alertam para preservação — Foto: TVCA/Reprodução
Além disso, as alterações climáticas no bioma podem afetar a formação de metano, que é um dos principais vilões do efeito estufa.
“Esses eventos extremos climáticos podem facilitar a remoção do metano que ficaria recolhido na massa da água ser transferido para a atmosfera. Por exemplo, chuvas intensas na bacia, com mudanças no fluxo de água, facilita que o metano seja exportado do ambiente Pantanal para a atmosfera. A adição de metano na atmosfera em grandes quantidades é um dos causadores do aquecimento global”, disse o doutor em ecologia, Fábio Roland.
G1