Ariquemes
Pesquisadores da Unir desenvolvem farinha de pupunha em Ariquemes
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Pesquisadores do departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Rondônia (Unir) em Ariquemes (RO), estão desenvolvendo a farinha de pupunha. O novo ingrediente, que aproveita a fruta amazônica, pode ser transformado em bolos e em receitas salgadas.
Segundo os pesquisadores, o próximo passo, é levar o produto, rico em nutrientes, para a merenda escolar.
Do campo
Lavoura de pupunha em Cacaulândia, RO — Foto: Franciele do Vale/Rede Amazônica
O catarinense Ocimar Júlio Sete, que atualmente mora na zona rural de Cacaulândia (RO), chegou há mais de 40 anos no estado e quando chegou, foi surpreendido pelo fruto amazônico.
“A gente via [a pupunha] nas lavouras. A gente via aquelas palmeiras que dava aquele coquinho, mas ele sapecava muito a boca porque ele era nativo. Então nós começamos a buscar conhecimento e a gente começou a plantar o que era comestível”, disse.
Em seu sítio, com cerca de 51 hectares, Ocimar produz de tudo um pouco, mas ao longo dos anos, o agricultor deu prioridade a plantação de pupunha. Atualmente, ele tem 50 árvores, com 150 hastes de pupunheiras em plena produção, além de uma lavoura em formação com 150 pés.
Pé de pupunha tem muitos espinhos — Foto: Franciele do Vale/Rede Amazônica
Geralmente, a safra de pupunha acontece de novembro a fevereiro. Na última safra, Ocimar colheu uma média de 1,5 mil kg do fruto, que ele vende quase tudo in natura.
Como é um fruto perecível, Ocimar acaba perdendo cerca de 20% da produção. Mas um projeto da Unir, que estuda formas de beneficiamento da pupunha, deve encontrar formas para melhor aproveitamento do fruto.
O último censo agropecuário do IBGE, realizado em 2017, apontou que 164 propriedades produzem pupunha em Rondônia e a média é de 267 toneladas por ano.
Parte1: Farinha de pupunha é a aposta de pesquisadores em Rondônia
Para pesquisa
Pesquisadores da Unir desenvolvem farinha de pupunha em Rondônia — Foto: Franciele do Vale/Rede Amazônica
As pupunhas produzidas por Ocimar, são utilizadas para pesquisas de beneficiamento sobre o fruto na Universidade Federal de Rondônia. Ladislene de Paula, professora de bioquímica e projetos industriais na Unir, é a responsável pelo projeto, que reúne cerca de 10 pessoas, entre pesquisadores e acadêmicos.
O primeiro experimento do projeto foi criar a farinha de pupunha, que pode ser usada em várias receitas doces e salgadas. Mesmo fora da safra, o fruto, colhido no começo do ano, foi congelado e ainda ajuda nas pesquisas.
“Por ser um fruto sazonal, a gente pensou em como melhor aproveitar esse fruto, para que ele seja utilizado em todo o ano. Então foi por esse motivo que nós optamos dentre os inúmeros frutos da região amazônica, trabalhar com a pupunha”, explicou a professora.
Pesquisadores da Unir desenvolvem farinha de pupunha em Rondônia — Foto: Franciele do Vale/Rede Amazônica
No laboratório, os frutos são lavados, cortados em tiras finas e colocados na estufa para secagem. Uma das etapas mais delicadas do processo, é transformar a pupunha, em farinha.
Durante o processo de secagem, é necessário chegar a uma temperatura ideal. Segundo os pesquisadores, foram necessários mais de 50 testes para descobrir qual era o melhor tempo de secagem.
Em uma estufa de 45 litros, leva-se de 4 a 7 horas, em uma temperatura de 70ºC, para que 1 kg de pupunha seja seco.
Processo para fazer farinha de pupunha na Unir — Foto: Franciele do Vale/Rede Amazônica
“Esse projeto envolve algumas etapas. Nós estamos em andamento e hoje, a gente já conseguiu determinar as melhores condições de secagem para esse fruto da pupunha. Foram realizados diversos testes, modificando temperatura e tempo, para que a gente chegasse a essa melhor condição, que é o que a gente conseguiu hoje”, explicou Ladislene.
Depois da secagem, os frutos vão para o liquidificador, onde são triturados e aos poucos, a farinha vai surgindo. 1 kg de pupunha seca dá uma média de 500g de farinha.
Na mesa
O desenvolvimento da farinha de pupunha é financiado por uma empresa multinacional, que investe em projetos que buscam o desenvolvimento sustentável para alimentação da população. Uma das etapas, é levar todo o conhecimento da universidade, para mais perto da sociedade.
“Uma das nossas preocupações como pesquisadores, é fazer com que nossa ciência chegue na comunidade, que ela não fique só aqui, no meio acadêmico. Então nosso projeto se propõe a compartilhar esses conhecimentos com a população”, disse a professora.
Além do projeto científico, Ladislene sugere que produtores de pupunha e escolas públicas da região possam participar de workshops, para que aprendam as técnicas de beneficiamento do fruto.
“Nós iremos ministrar workshop para produtores de pupunha e escolas públicas da região, para que o produtor rural consiga produzir a farinha na sua propriedade e as merendeiras consigam elaborar esse produto alimentício na escola”, disse.
G1.globo.com