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Saúde

Pesquisa mostra que uso de produtos de limpeza pode levar à obesidade


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Muito se fala hoje sobre prevenção da obesidade, especialmente na infância. Uma recente pesquisa da Federação Mundial de Obesidade mostra que 11,3 milhões de crianças brasileiras estarão acima do peso até 2025. Dessas, 1,4 milhões terão gordura no fígado, 1 milhão terá hipertensão e outros 150 mil terão diabetes. Entretanto, não é só a alimentação que interfere nessa balança. Cientistas descobriram que os produtos de limpeza utilizados em casa influenciam no peso das crianças. Isso acontece porque os produtos alteram a microbiota intestinal dos pequenos, de acordo com novo estudo publicado no jornal da Associação Médica Canadense.

Pesquisadores descobriram que bebês morando em domicílios com uso (no mínimo) semanal de desinfetantes (produtos antibacterianos) tinham duas vezes mais chances de ter níveis mais altos dos micróbios intestinais Lachnospiraceae na idade entre 3 e 4 meses. Esses mesmos bebês tiveram seu índice de massa corporal (IMC) maior aos três anos do que outras crianças não expostas ao mesmo uso de desinfetantes.

Já os bebês vivendo em domicílios que usavam produtos de limpeza ecologicamente corretos tinham microbiota diferente e eram menos propensos a ter sobrepeso quando crianças pequenas. Os especialistas sugerem que o uso de produtos ecologicamente corretos pode estar ligado a estilos de vida e hábitos alimentares mais saudáveis da parte dos pais, contribuindo assim para os microbiomas intestinais e o peso dos bebês deles serem mais saudáveis.

“A obesidade não possui uma única causa. Além dos fatores principais mais envolvidos, várias outras causas podem estar implicadas. A flora intestinal (microbiota) é uma delas. Combater o problema não se restringe a mudar o desinfetante, é bem mais complexo. Por isso, hoje, a obesidade é considerada uma doença e requer medidas de prevenção, mas também de tratamento médico, que inclui mudanças de hábito de vida, medicamentos, e em alguns casos, até mesmo cirurgia bariátrica”, afirma Marcio Mancini, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

O trabalho avaliou a flora intestinal de mais de 700 bebês entre três e quatro meses, pensando-os novamente com um e três anos de idade. Foi observada a exposição a detergentes, desinfetantes e ainda produtos ecológicos utilizados na casa de cada um. A flora intestinal dos bebês demonstrou alterações mais fortes para o uso frequente de desinfetantes, pois tinham níveis menores das bactérias Haemophilus e Clostridium, e níveis mais altos de Lachnospiraceae. Essa alteração não foi detectada quando avaliado o uso de detergentes ou produtos de limpeza ecológicos.

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