Saúde
Pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia revela que homens descuidaram da saúde nessa pandemia
Compartilhe:
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) fez um levantamento para medir o impacto da pandemia na saúde e como atingiu a especialidade. Cerca de 500 pessoas de 22 estados responderam a um questionário on-line: cerca de 77% eram homens e 23%, mulheres. Os dados mostraram que 88% desse total se sentiram afetados. No contingente masculino, 75% tinham mais de 40 anos e, desse grupo, 55% deixaram de ir ao médico ou abandonaram o tratamento nesse período. Foi informado também que 38% dos entrevistados foi pelo menos uma vez ao urologista, 27% ainda não tinham se consultado e 3% alegavam que nunca procurariam um especialista.
“Esses números são preocupantes. Sabemos que até 90% dos pacientes com câncer de próstata em estágio inicial podem ser curados e quase nenhum deles quando diagnosticados com metástases”, afirma o urologista e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) Dr. Danilo Galante.
Novembro; o mês de conscientização sobre o câncer de próstata passou, porém a prevenção deve ocorrer durante o ano inteiro, mesmo em meio uma crise sanitária como a que o mundo está passando.
A estimativa para 2020 é de cerca de 66 mil novos casos, com 15.576 mortes relacionadas à doença. Levando em consideração que o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no mundo, Galante elaborou um manual básico esclarecendo abaixo as principais dúvidas que cercam a doença com a proposta de disseminar informação aos homens:
Quais são os sintomas do câncer de próstata?
A doença é assintomática em praticamente todos os pacientes em estágio inicial da doença (95% dos casos). Já na fase mais avançada da doença ocorrem sintomas de obstrução da bexiga (dificuldade em urinar, aumento da frequência diurna e noturna),dor óssea, e presença de sangue na urina e/ou no sêmen.Além de obstrução alta dos rins, complicando com infecção generalizada ou insuficiência renal nos casos mais graves.
Como prevenir o surgimento da doença ou garantir sua cura?
A única forma de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce. O exame de PSA (Antígeno Prostático Específico) é útil para detectar situações anormais na próstata: inflamações, infecções, crescimento benigno e tumores. Aliado ao toque retal, a dosagem de PSA no sangue é importante para ter suspeita de câncer de próstata, com possível necessidade de biópsia. Aliás, a biópsia, exame em que se retiram fragmentos da glândula para análise em laboratório, é o único método aceito para diagnóstico do câncer de próstata. A população geral deve iniciar avaliação anual a partir dos 50 anos. Já os grupos de risco a partir dos 40.
Quais são os grupos de risco?
Alguns grupos de pacientes apresentam ao menos três vezes mais chance de ter a doença, motivo pelo qual recomenda-se iniciar as avaliações a partir dos 40 anos de idade. São eles os pacientes com histórico de câncer de próstata na família, obesos e os da raça negra
Porque há ainda certa resistência dos homens em manter um acompanhamento constante com o urologista?
A resistência está atrelada ao preconceito que, infelizmente ainda existe, quanto à realização dos exames preventivos, como o exame de toque real. Aspectos culturais como o machismo ainda prejudicam o diagnóstico e controle da doença, já que para muitos homens isso está associado à perda da virilidade. O mal disso é que, por consequência da dificuldade em buscar ajuda médica, há uma descoberta da doença já em estágio avançado, o que diminui as chances de cura. É justamente para combater este tipo de situação que a campanha Novembro Azul existe.
Quais as principais recomendações para diminuir as chances de câncer de próstata?
Manter uma alimentação saudável e equilibrada, não fumar, manter normais os níveis de pressão arterial, colesterol e glicemia, evitar sobrepeso e obesidade e praticar atividades físicas regularmente. Por fim, preocupar-se com a prevenção não somente ao longo do “Novembro Azul”, mas em qualquer época do ano!
Dr. Danilo Galante – Formado em medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) com especialização em Urologia pela UNESP. Pós-graduado em Cirurgia Robótica pelo Hospital Oswaldo Cruz – SP. Doutorado em urologia pela USP, além de Fellow Observer of Johns Hopkins School of Medicine Brady Urological Institute Laparoscopic and Robotic Urologic Surgery. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia e Instrutor do ATLS (Advanced Trauma Life Support), atua em áreas diversificadas como Cálculos Urinários; Infertilidade (incluindo Reversão de Vasectomia), Disfunção Sexual e Cirurgia Robótica. Site: https://drdanilogalante.com.
Assessoria