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PECUÁRIA: Acrimat debate relação entre bem-estar animal e lucratividade


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Doutor e um dos principais nomes da pecuária brasileira, Roberto Roça e os diretores da Acrimat deram uma aula sobre bem-estar animal. Avaliação foi feita por um dos internautas.

Ascom/Acrimat

O bem-estar animal foi tema central da live realizada pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) nesta terça (14). O Médico Veterinário Roberto de Oliveira Roça, formado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre e doutor em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), debateu o assunto com os diretores da Acrimat Celso C. Bevilaqua e Wallace A. Gonçalves.

Mediada pelo gerente de Relações Institucionais da entidade, Nilton Mesquita, a webinar abordou o assunto “Bem-estar animal: ética, produtividade e lucro”. Nela, conceitos como a não submissão de animais ao medo, à dor ou estados desagradáveis de forma intensa ou prolongada; bom funcionamento destes animais, no sentido de saúde, crescimento, comportamento e fisiologia; e a necessidade de deixar este animal levar uma vida natural por meio do desenvolvimento e do uso de suas adaptações naturais foram discutidos à exaustão pelos participantes, que durante quase duas horas interagiram entre si e responderam questionamentos dos internautas.

Roça iniciou o evento resumindo que bem-estar animal pode ser entendido de várias formas, sendo que uma delas é quando você elimina ou minimiza os efeitos negativos na criação do animal, como dor, medo e desconforto. “Veja bem, você pode minimizar, mas é difícil eliminar todas essas condições. A dor pode ser minimizada, mas o medo já é mais complicado, pois como você elimina o medo dos animais?”.

Em seguida, o médico veterinário destacou que o bem-estar animal é caracterizado pela presença de efeitos positivos como felicidade, satisfação, conforto e saúde. “Além de cinco pontos que podemos pontuar, aqui chamadas de Cinco Liberdades: a fisiológica, ambiental, sanitária, comportamental e psicológica”.

O doutor explicou que por liberdade fisiológica entende-se o acesso do animal a alimento e água de boa qualidade, para que ele possa viver sua vida em toda sua plenitude. A ambiental é aquela onde o animal pode viver em local que reproduza com muita proximidade o seu habitat natural. “A sanitária é uma das mais importantes, pois devemos criar estes animais em ambiente sadio, sem doenças, sem problemas de saúde”.

A comportamental se dá quando se permite ao animal se expressar, externar o comportamento natural de cada espécie. “A liberdade psicológica é onde prezamos pela manutenção dos estados mentais. Aqui, eles devem ser preservados.

Após a enumeração, Roça explicou que sem estes cuidados ocorrem perdas econômicas. E para fazer a transformação chamada de transformação do musculo, que é passar do animal para o alimento, para a carne, certos procedimentos, com o os elencados acima, devem ser respeitados.

“Esse caminho de transformação do animal em alimento é onde devemos ter maior cuidado em relação ao bem-estar animal”, observou Roça. “Do apartamento dos animais ao embarque, passando pelo transporte a sua chegada ao frigorífico, o abate e o processamento da carne, tudo isso é importante que nós tenhamos um produto de qualidade na mesa do consumidor”.

Abate humanitário e lucratividade

A relação entre o abate humanitário e a lucratividade também foram levadas aos espectadores da live. Segundo Roça, abate humanitário é aquele caracterizado pelo conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantem o bem estar dos animais desde o embarque na propriedade rural até a operação de sangria no matadouro-frigorífico.

O abate humanitário e o bem estar animal tem relação direta com a lucratividade pois se não forem obedecidos tais requisitos a carne não é considerada de qualidade, e isso diminui seu mercado na cadeia de produção da carne bovina.

“Nos países desenvolvidos há uma demanda crescente por estes processos, que objetivam reduzir sofrimentos inúteis ao animal a ser abatido. O essencial é que o abate de animais seja realizado sem sofrimentos desnecessários e que a sangria seja eficiente. As condições humanitárias não devem prevalecer somente no ato de abater e sim nos momentos precedentes ao abate, como o transporte”, explicou Roça.

Perdas econômicas do bovino no abate

Ao adentrar esse tópico, o doutor citou alguns dos seus trabalhos, onde aponta que aspectos mais práticos e objetivos relacionados a condições como transporte, alojamento, descanso e manejo do pré-abate diz respeito à quantificação das contusões, que podem ser observadas nas carcaças dos animais abatidos. “Estas acabam por gerar perdas econômicas diretas e indiretas, tais como desfiguração de cortes musculares e depreciação das carcaças”.

Já as indiretas estão ligadas ao estresse, envolvendo a qualidade do produto; aos serviços executados para limpeza e à vida de prateleira do produto. Várias situações estressantes no transporte, como freadas e aceleradas, podem influenciar a qualidade da carne e da carcaça.

A monitoração da adequação das instalações, equipamentos e práticas em relação ao bem-estar animal; incidência de contusões de carcaças, suas consequências e estimativa de perdas, associando-as às práticas mediatas e/ou imediatas de pré-abate foram tema de discussão entre os participantes, bem como outros assuntos relacionados ao tema.

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