Saúde
Pandemia acelera atenção à saúde mental nas empresas
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Uma reportagem publicada no final de janeiro em um grande jornal carioca levantou que, só em 2020, houve uma alta de 26% do número de concessões de auxílio-doença e de aposentadorias por invalidez decorrentes de problemas de saúde mental. Os dados foram obtidos pelo jornal em consulta à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.
A verdade é que problemas de saúde mental não começam e nem terminam nas empresas. Muitas pessoas têm alguma questão de saúde mental antes mesmo de conseguir um trabalho. Trabalhar, por vezes, ajuda muito. Outras pessoas são mais suscetíveis a apresentar algum transtorno, como angústia, medo, insônia, e vão apresentá-lo em algum momento de suas vidas; pode ser quando estiverem trabalhando, mas pode ser quando não estiverem trabalhando.
Com o aumento dos pedidos de afastamento e de auxílio-doença, as empresas tiveram de aprender a lidar com isso rapidamente. O que se tem visto é um número crescente de organizações criando, inclusive, departamentos exclusivos para lidar com esse tema ou contratando consultorias especializadas no assunto para auxiliá-las a montar um plano de ação. É também crescente o número de empresas que buscam capacitar as suas lideranças e seus departamentos de recursos humanos para identificar transtornos mentais em seus times e, rapidamente, providenciar ajuda àquele empregado que necessita.
O investimento em saúde mental tem sido alto, até porque, como diz a OMS (Organização Mundial da Saúde), não há saúde sem saúde mental. Sem saúde, não há empresa que prospere. A boa notícia é que a pandemia trouxe reflexão para muitas empresas, fazendo com que elas começassem a se mexer no sentido de atualizar os seus valores e suas missões. Afinal, o melhor produto delas não é vendido. O melhor produto de qualquer organização é e sempre foram as pessoas.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
Forbes Brasil