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Pacientes com diabetes estão sem insulina de ação rápida fornecida pela Saúde do Acre


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Pacientes com diabetes não conseguem mais pegar insulina de ação rápida no Centro de Referência de Medicamentos Especiais (Creme), em Rio Branco, responsável pela distribuição pela Secretaria de Saúde (Sesacre). A falta do medicamento no Sistema Único de Saúde (SUS) é um problema nacional e ocorre por entraves nas compras.

A insulina de ação rápida geralmente é usada por pacientes com diabetes tipo 1, quando o pâncreas para de produzir o hormônio. Nesse caso, a caneta de insulina rápida é necessária para manter os níveis de glicose estáveis depois da ingestão de alimentos. Por isso, é aplicada antes das refeições, e faz efeito em torno de meia hora.

No início de abril, o Ministério da Saúde informou aos estados que avaliava medidas para reverter a possibilidade da falta de estoque de insulina de ação rápida, em canetas, no SUS. Entre elas, uma compra internacional, que estava em fase de “avaliação dos documentos enviados pelas empresas” e compra de insulina em frasco.

Débora Motta é mãe de uma menina de 10 anos que usa a insulina de ação rápida, utilizada no tratamento do diabetes mellitus (DM1), desde os 7 anos. Ela explicou que a medicação começou a falta semana passada no Creme.

“Toda vez que minha filha for comer precisa usar. Ela toma umas seis vezes por dia, no mínimo. Pra comprar, sairia na faixa de R$ 50 e pouco, a R$60. Só que no grupo temos pais que não têm condições de arcarem com esse valor. Tem gente que usa mais de uma caneta de insulina por mês, e essas canetas só podemos usar por 28 dias, por mais que não tenha usado todo, temos que descartar porque ela para o efeito”, lamentou.

Insegurança

 

Ainda segundo Débora, os pais foram orientados a pegar outro tipo de insulina nos postos de saúde. Contudo, para a filha dela a substituição do medicamento não tem o mesmo efeito e, com isso, ela precisa comprar a insulina de ação rápida.

“Nosso grupo, que chama ‘Família Doce’, tem cerca de 90 pessoas, e são mais os pais de crianças com DM1, e, às vezes, a gente empresta a caneta para quem não tem e começa a ação toda. A médica que está no grupo deu a solução de quem não conseguir, que pegue no posto de saúde de outro tipo. Essa última, em 15 minutos começa a fazer efeito no organismo da criança. A minha filha é acostumada com esse tipo. Quando coloco a de ação rápida, demora muito mais tempo e, às vezes, não faz mais efeito”, disse.

Para Débora, a falta de uma previsão para o retorno da distribuição na rede pública gera muita insegurança. “Eles não têm uma posição de quando isso se resolve. Eles falam ‘não sei’. O Creme fala que não tem nem previsão de quando isso resolve. Gera uma insegurança total. Se a criança fica sem, ela vai à óbito”, criticou.

Ellen Ribeiro é diabética desde 2009 e pega insulina de ação rápida desde 2018 na rede pública. Ela foi pegar o medicamento no Creme essa semana e já não conseguiu mais. “No meu caso, a regular não funciona no meu organismo, então, quando acabar meu estoque reserva vou ter que comprar mesmo”, pontuou.

A jovem diz ainda que, quando o medicamento falta na rede pública, a procura nas farmácias é maior, o que acaba gerando um desabastecimento ou um aumento nos preços. “Algumas crianças podem usar a regular, que também é entregue nos postos, mas tem algumas unidades que estão sem e não é pelo mesmo motivo do Creme, sempre teve aos montes a regular e NPH, mas essas descontrolam as glicemias, no meu caso, não funciona porque usei por muito tempo e já tenho bastante tempo com diabetes”, falou.

Preocupação

 

A coordenadora do Creme, Ana Paula Moreira de Aguiar, explicou que o governo federal enviou uma normativa no último dia 17 alertando para o desabastecimento no estoque da insulina de ação rápida. O documento, inclusive, destacou que não há previsão para o retorno do fornecimento.

Nessa segunda-feira (24), Ana Paula disse que tinha 14 unidades no estoque do Creme e não foi suficiente para atender todos os pacientes.

“Na mesma semana que saiu a notificação do Ministério da Saúde já mandei a normativa para a Secretaria de Saúde porque fiquei sabendo que a rede municipal também não teria a regular e a NPH. Nessa segunda conseguimos atender alguns pacientes, mas, infelizmente, está em falta. Estou tentando saber se poder haver um processo de licitação ou não porque, como é a nível nacional, não tem onde comprar. Estou procurando ainda essa resposta, mas, por enquanto, não tem”, confirmou.

https://g1.globo.com/ac/acre

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