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Opinião: Campanha da Fraternidade pelo direito e pela justiça – Por Irmão Ronaldo Luzzi
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Pelo direito e pela justiça
O tempo da quaresma (período de 40 dias que antecede a principal celebração do Cristianismo, a Páscoa) é um convite explícito à conversão do coração. Tempo favorável para dispor a intenção a algo novo e que isso possa se tornar fecundo na vida das pessoas. Foi na sua “quaresma” (Mt 4,1-11) que Jesus Cristo reafirmou os planos de Deus para sua vida e ressignificou os sentidos daquilo que viria a ser sua paixão, morte e ressurreição: seu projeto de vida.
E é neste tempo especial que a Igreja do Brasil lança os esforços da sua Campanha da Fraternidade (CF) 2019, que tem por objetivo despertar a solidariedade dos fiéis e da sociedade em relação a algum problema que o País passa, tendo sempre em vista possíveis soluções para essa problemática. Especialmente, a CF tem como objetivo tocar a consciência das pessoas para o bem que podem fazer umas às outras.
Este ano, o tema da CF é Fraternidade e Políticas Públicas e o lema Serás libertado pelo direito e pela justiça (Is 1,27), referências diretas aos programas governamentais voltados ao cuidado dos mais pobres e marginalizados. Esses cuidados básicos previstos em leis e na Constituição Federal nem sempre funcionam a contento ou nem mesmo são desenvolvidos minimamente em vários locais do País. A Campanha deste ano tem como objetivo principal, segundo seu texto base, “estimular a participação em políticas públicas, à luz da palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade”.
Por política pública entende-se todo esforço governamental relacionado a salvaguarda dos direitos básicos do cidadão que incluem, mas não se resumem a: educação, saúde, trabalho, lazer, assistência social, meio ambiente, cultura, moradia, transporte etc. É o conjunto desses direitos que garante qualidade de vida às pessoas e possibilita o pleno desenvolvimento dos cidadãos, por conseguinte.
Papa Francisco, na mensagem que enviou à Igreja do Brasil por ocasião do lançamento da CF 2019, diz o seguinte: “Muito embora aquilo que se entende por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do Estado cuja finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e instituições devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam “o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et spes, 74)”.
Com esta temática tão atual no dia a dia dos cidadãos brasileiros, fica o apelo da Igreja e a chamada de atenção para que todos garantam sua participação nos espaços de discussão e de implementação de políticas públicas, que não apenas se assista ao desastre anunciado do descaso público que tem se visto na história do Brasil. Prevê também que o povo não seja mais vitimado pela falta de protagonismo dos cristãos e das pessoas de boa vontade que, omissos, permitem que se difunda uma cultura de egoísmo, individualismo e de corrupção de norte a sul do Brasil.
História
O projeto da Campanha da Fraternidade remonta ao ano de 1961, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, quando três padres responsáveis pela Caritas Brasileira resolvem promover uma campanha para arrecadar fundos para a caridade. A primeira Campanha foi realizada na quaresma de 1962 e já no ano seguinte outras 16 dioceses nordestinas aderiram ao projeto que em 1964 é assumido pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) como projeto de toda a Igreja do Brasil. Aí nasce a CF como se conhece hoje.
A CF não se limita ao tempo litúrgico da quaresma, apenas, mas se entende com diversas ações ao longo do ano corrente. No tempo quaresmal, no entanto, ganha maior notoriedade em todas as Igrejas do Brasil.
*Irmão Ronaldo Luzzi é pastoralista no Colégio Marista São Luís, em Jaraguá do Sul (SC)