Rondônia
OPINIÃO: “A treta entre Bagattoli, Marcos Rocha e Expedito e a falta de noção sobre o que é fake news”
Compartilhe:
O estica-e-puxa protagonizado pelo quase senador Jaime Bagattoli, que esculachou, depois fez cafuné publicamente no candidato de seu partido (lembre aqui) é só mais um lance nesta disputa marcada pelo extremismo e a boataria desenfreada. Por uns, ao rever sua posição e as críticas feitas antes ao aliado, Bagattoli deu uma demonstração de grandeza; para outros, o recuo não passou da uma típica “arregada”.
Seja como for, merece respeito um sujeito que, estreando nas urnas, concorrendo a senador, deu um calor no ex-governador Confúcio Moura e aposentou coercitivamente da vida pública o senador Valdir Raupp, ambos do MDB. Ainda que tenha sido empurrado pela “Onda Bolsonaro”, o vilhenense teve coragem e disposição, para arrancar 2,3 milhões de reais da própria algibeira e perambular por todo o Estado, a despeito de poder gozar em paz a fortuna construída com suor e competência. Mas o defeito e as virtudes do estreante são realçados somente quando convém a quem tenta usá-lo como cabo-de-guerra.
A coisa que realmente chama a atenção em todo esse banzé é o uso indevido da expressão “fake news”. A rigor, ao menos neste episódio, não houve o emprego desta infame ferramenta, seja pelos aliados do ex-senador Expedito Júnior, adversário de Rocha, que torcia pelo rompimento, ou pelos partidários do próprio coronel, que agora celebram a reconciliação.
Analisemos os fatos sem a paixão dos militantes para que, aqueles realmente interessados na verdade, possam conhecê-la em toda a sua pureza.
O que os aliados do candidato militar apontam como fake news é um áudio, no qual Confúcio revela que orientou Marcos Rocha a aceitar se candidatar a governador. Ele próprio diz isso, de viva voz, numa entrevista, e até dá algumas trolladas no coronel, deixando claro que a participação dele no pleito era apenas para cumprir tabela. A tal “Onda Bolsonaro” apareceu e deu no que todos vimos.
Isso é fake news? Óbvio que não. Aconteceu, é fato. E, de mais a mais, Confúcio provavelmente votará mesmo no candidato que foi seu secretário. Ou alguém acha que ele vai optar por Expedito Júnior, a quem derrotou duas vezes para governador?
Já a parte na qual, usando fatos verdadeiros, os adversários do candidato do PSL tentam insinuar que ele não passa de um joguete nas mãos de velhas raposas do MDB, isso, sim, é distorção. E convém não esquecer que um dos homens mais próximos de Marcos Rocha é o ex-secretário de Estado da Agricultura, Evandro Padovani, colega do militar e igualmente secretário de Confúcio.
Rocha, para o bem ou para mal, responderá por sua própria administração e, ocasionalmente, caso vença a parada, pode até nomear algum secretário ligado a Confúcio. Mas só se quiser. Ele é realmente novo na política e, se eleito, terá autonomia para governar. Inclusive, se também entender necessário, pode expulsar emedebistas na bicuda de sua equipe. Ficar chutando o que ele fará ou deixará de fazer não passa de bravata dos aliados e de má fé dos adversários.
Quanto à divulgação de uma foto na qual Jaime e Expedito aparecem juntos, isso também não é fake news. A imagem é real e foi feita durante a inauguração do comitê do PSDB em Vilhena, ainda na pré-campanha. Assim como as insinuações contra Rocha, essa que tenta atingir Bagattoli está apenas fora do contexto. Ele não é aliado, nem apóia o tucano, como alguns tentam sugerir.
Eis, portanto, o resumo de toda a polêmica: de ambos os lados, partem ataques tentando desconstruir os dois candidatos, o que pode não ser uma coisa muito elegante, mas proibido não é. Faz parte do jogo: desde que existem campanhas eleitorais, há sempre gente que transforma meia verdade em mentira inteira. Agora, se o eleitor não tem maturidade e se deixa influenciar pelo jogo sujo mútuo, aí não há muito o que fazer…