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Agronegócios

Oferta e preços dos alimentos in natura voltam ao ‘normal’


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Primeiro segmento a acusar os reflexos negativos da greve dos caminhoneiros, os alimentos in natura também são os produtos cujo processo de normalização da oferta está mais acelerado. Com parte da colheita represada após os bloqueios das estradas, tomate, batata e cenoura, entre outros, apresentaram forte queda de preços já no primeiro dia após o fim das manifestações. E a tendência perdura, o que deixa os picos recentes cada vez mais distantes.

“Como o ciclo das hortaliças é muito rápido, o prejuízo é pontual, de uma colheita, e a oferta se normaliza rapidamente”, afirma Luciano Vilela, diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Horticultura (Ibrahort). No entreposto da estatal Ceagesp na capital paulista, o maior do país, o preço da caixa de 7 quilos da alface crespa tipo especial, por exemplo, chegou a subir 54% entre os dias 23 e 30, para R$ 18,01, mas na semana seguinte houve baixa de 47%, para R$ 9,37 – menos que os R$ 13,09 do dia 18, a sexta-feira que antecedeu o início da greve.

“Todos os segmentos apresentaram normalização de preços, mas as verduras caíram mais porque foram as que mais apresentaram excedente de produção, uma vez os produtos ficaram acumulados nas roças”, diz Flavio Godas, economista da Ceagesp. Com a greve, muitos produtores adiaram a colheita, o que elevou a oferta disponível nos primeiros dias de desbloqueio das estradas. O mesmo se deu com alimentos como batata, cebola e cenoura.

De acordo com dados da Neogrid, empresa que monitora os estoques de 25 mil pontos de venda em todo o país, a ruptura na oferta de frutas, verduras e legumes chegou a 20,3% no dia 30 – o que significa dizer que 20,3% dos estabelecimentos apresentavam falta de algum produto dessas categorias. No dia 10, esse percentual já havia caído para 8,8%. “Quando a greve deu sinais de encerramento, já na véspera do feriado [Corpus Christi] e no feriado, o varejo em geral começou a receber muitos caminhões”, afirma Robson Munhoz, vice-presidente da Neogrid.

O volume de entregas, segundo o executivo, foi “surpreendentemente” grande, embora, em muitos casos, a qualidade estivesse comprometida por causa da demora no frete. “Os produtos estavam próprios para o consumo, mas não tinham a mesma qualidade que observamos quando o processo de entrega está normal”, afirma Munhoz. Com isso, na Ceagesp as entregas de hortifrútis em geral superaram as 20 mil toneladas diárias no pós-greve, ante uma média de 11 mil toneladas em dias normais. Durante o auge da paralisação, apenas 10% desse volume estava sendo entregue no entreposto paulistano.

A velocidade da recuperação da oferta doméstica de frutas, verduras e legumes contrasta com a de outros alimentos, sobretudo os processados. No caso do frango in natura, por exemplo, o índice de ruptura observado pela Neogrid em 10 de junho ainda era de 14,1% ante um percentual de 18,9% no dia 30 e uma média mensal de 9,5% até 21 de maio.

“Na produção industrial nós percebemos que determinados produtos tiverem problemas de matéria-prima e a linha de produção parou. No caso de frutas, verduras e legumes, isso não ocorreu e o campo continuou produzindo”, afirma Munhoz. Segundo informações do Cepea, o preço médio do frango congelado no atacado na Grande São Paulo acumula alta de 44,5% em junho, cotado a R$ 4,84 o quilo.

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