Saúde
Odeia ir ao médico? Pode ser a “síndrome do jaleco branco”
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Você já ouviu falar sobre a “síndrome do jaleco branco”? É uma reação que algumas pessoas apresentam – crise de ansiedade, fobia e nervosismo – ao enfrentarem um consultório médico. Geralmente, assim que o paciente marca uma consulta de rotina no médico, automaticamente há um aumento inesperado da pressão arterial que permanece até o momento do exame. Mas de onde vem esse medo?
Em entrevista ao Jornal da USP, o professor e psiquiatra Dr. Luiz Vicente Figueira de Mello, do Hospital das Clínicas de São Paulo, conta que a síndrome é uma fobia específica, que faz parte dos transtornos de ansiedade. “Geralmente essas pessoas também têm fobia em outras situações, como altura, lugares fechados, baratas, é uma soma de medos. O maior pesadelo das pessoas com essa síndrome é que descubram uma doença grave enquanto estão fazendo exames de prevenção e isso é problemático porque evita que elas façam esses exames preventivos”.
Principais sintomas
Segundo dados da Universidade da Califórnia, a síndrome do jaleco branco – em termos médicos chamada de “latrofobia” ou “jatrofobia” – começou a ser estudada na década de 80, quando especialistas notaram que muitos pacientes, tanto crianças quanto adultos, apresentavam uma reação de medo ao se depararem com médicos ou quando estavam em um hospital, consultório ou clínica.
Durante os momentos em que está enfrentando a síndrome, o paciente também pode sentir náuseas, tonturas, tremedeiras, suor frio, taquicardia, tensão muscular e descontroles emocionais, além de apresentarem ansiedade com objetos ligados ao universo hospitalar, como jalecos brancos de enfermeiros, médicos ou dentistas. Todos esses sintomas são puramente psicológicos.
Causas da síndrome
Um estudo divulgado neste ano, pela Universidade da Pensilvânia, comprovou que uma em cada cinco pessoas sofre da síndrome, que pode começar já na infância, quando a criança mostra resistência ao ir a consultas médicas. Essas pessoas geralmente associam hospitais a agulhas, bisturis, doenças e mortes.
A síndrome também pode estar ligada a algum fato do passado clínico, ou seja, um trauma que pessoa possa ter sofrido em atendimentos não muito acolhedores ou complicações e sofrimentos durante uma cirurgia.
Tratamento indicado
Para que os sintomas diminuam com o tempo, é preciso que o paciente tenha confiança e bastante diálogo com seu médico e que os dois estabeleçam uma relação leve e agradável. Neste caso, o médico deve saber lidar com o problema da melhor maneira.
É importante que, durante a consulta, a pessoa sinta que está conversando com um amigo próximo e que está ali para ajudar a resolver seus problemas. Para estreitar a relação, de vez em quando, o médico pode enviar mensagens para saber como vai a saúde do paciente.
Para sair do ambiente hospitalar, o médico também pode sugerir encontros pontuais em um local mais descontraído ou propor terapias em grupo para lidar com a síndrome.
Caso o médico perceba que, mesmo depois de algumas tentativas, não conseguiu reverter as reações do paciente, é preciso indicar um tratamento psicológico pois, se não for tratada, a síndrome do jaleco branco pode evoluir para uma síndrome do pânico.
O tratamento mais eficaz para esse tipo de transtorno ansioso é a terapia cognitiva comportamental, um tipo de terapia que vai expondo as pessoas àquilo que elas têm mais medo. “Durante o processo é muito comum elas se sentirem mal ao entrarem em hospitais, por isso nós usamos um acompanhante terapêutico, que vai junto com o paciente ao hospital, acompanha as consultas e a pessoa vai enfrentando gradualmente as situações médicas”, completa o psiquiatra.
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