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O que se sabe até agora sobre a nova variante da Covid-19 no Reino Unido


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Diante de uma nova cepa da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o Reino Unido anunciou restrições mais duras a Londres e parte do país. A variante pode ser até 70% mais transmissível do que as versões anteriores do vírus, de acordo com o primeiro-ministro Boris Johnson. A nova mutação foi detectada pela primeira vez no sudeste da Inglaterra em setembro e está rapidamente se tornando a cepa dominante em Londres e outras regiões do país. Especialistas disseram, no entanto, que não parece mais mortal ou mais resistente às vacinas.

O principal conselheiro científico do Reino Unido, Patrick Vallance, disse ao jornal The Washington Post que o “vírus se espalhou” após ser observado por meses. “E está se movendo rapidamente, o que levou a um forte aumento nas hospitalizações”, disse ele. O cientista continuou dizendo, porém, que o surto da nova cepa “é controlável e há luz no fim do túnel com a vacinação iniciada”. O Reino Unido foi o primeiro país a aprovar a vacina Pfizer e a iniciar um programa de imunização em massa, no início deste mês.

Pesquisadores enfatizaram que esse tipo de mutação não é surpreendente. A professora de microbiologia da Universidade de Cambridge Sharon Peacock, diretora do Covid-19 Genomics UK Consortium, destacou que milhares de mutações no coronavírus foram identificadas desde seu surgimento. “O grande número (de mutações) não tem impacto”, disse ela ao Post. “As mutações fazem parte da vida natural.”

Muitos vírus sofrem mutação e evoluem, tornando-se mais transmissíveis, mas menos mortais. Mas, até o momento, o declínio da mortalidade entre as pessoas infectadas durante a pandemia foi atribuído a melhorias nos tratamentos. Cientistas britânicos vêm acompanhando a disseminação da nova variante há quase três meses. A nova cepa foi identificada em amostras coletadas de mais de 1.100 pessoas, a maioria das quais vivia no sudeste da Inglaterra.

O especialista em doenças infecciosas John Edmunds, da London School of Hygiene & Tropical Medicine, disse a repórteres que os cientistas precisam responder a três perguntas. A variante é mais mortal? Pode ignorar anticorpos de uma infecção anterior ou da vacinação? E é transmissível? “No momento não temos informações sobre as duas primeiras perguntas, mas nos últimos dias começamos a obter uma resposta para a terceira, e a resposta é uma notícia muito ruim”, disse ele. “Parece que este vírus é significativamente mais infeccioso do que as cepas anteriores.”

No sábado, o consultor científico-chefe disse que havia 23 mutações diferentes nesta nova variante. A maioria estava em um segmento do genoma do SARS-CoV-2 que codifica a proteína spike, uma estrutura essencial para a capacidade do vírus de se ligar às células receptoras em uma pessoa que é exposta e depois infectada. Os cientistas que rastrearam a nova cepa do vírus informaram repórteres de vários veículos, incluindo o The Washington Post, nos últimos dias. O que os surpreendeu foi a prevalência repentina da nova variante. “Essa linhagem surgiu muito rapidamente”, disse Nick Loman, professor de genética microbiana na Universidade de Birmingham.

O professor de medicina experimental Peter Openshaw, do Imperial College London, disse os dados do governo britânico sobre a nova variante do coronavírus são “de grande preocupação”, observando que a “variante parece cerca de 40% a 70% mais transmissível”. Ele disse que o número de casos pode dobrar em “apenas seis ou sete dias” no ritmo atual. “Portanto, é realmente vital que tenhamos tudo sob controle”, disse ele a repórteres de ciência no sábado.

Outra cientista ouvida pelo The New York Times também atribuiu a explosão de casos no Reino Unido à nova variante. “Essa disseminação está acontecendo em um momento em que já existem muitas linhagens circulando e, apesar disso, (a nova variante) está sobrepujando todas elas”, disse a geneticista Kristian Andersen, da Scripps Research em La Jolla, Califórnia. A nova cepa britânica tem uma mesma mutação que uma linhagem que está crescendo explosivamente na África do Sul. Em uma reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS) no início deste mês, os cientistas relataram que a variante sul-africana foi responsável por 80% a 90% das infecções recentemente identificadas, levando a uma segunda onda explosiva.

“Normalmente vemos de 20 a 30 linhagens em nossas amostras em um determinado momento”, disse ao Times o professor Tulio de Oliveira, da Escola de Medicina Nelson R. Mandela da Universidade de KwaZulu-Natal, em Durban, o que primeiro sinalizou a cepa. “Agora, vemos apenas uma.”

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