Saúde
O que é síndrome da pele escaldada?
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A síndrome da pele escaldada, também conhecida como doença de Ritter e necrólise epidérmica estafilocócica, é a mais grave das lesões bolhosas da pele. Ela é uma infecção cutânea grave causada por uma bactéria que produz uma toxina esfoliativa que faz com que as camadas externas da pele fiquem empoladas e descasquem, como se tivessem sido mergulhadas em um líquido quente.
Quais são as causas da síndrome da pele escaldada?
A síndrome da pele escaldada é causada pela toxina de algumas cepas da bactéria Staphylococcus aureus. Como essa toxina se espalha por todo o organismo, a infecção estafilocócica de uma pequena zona da pele pode levar ao descolamento da pele à distância, inclusive de toda a pele do corpo.
Qual é o mecanismo fisiopatológico da síndrome da pele escaldada?
A síndrome evolui a partir de uma infecção inicial, comumente nas cavidades orais ou nasais, garganta ou umbigo. Essas toxinas são produzidas por cerca de 5% das espécies de Staphylococcus. Elas atuam em um local remoto com relação à infecção, levando a uma erupção vermelha e separação da epiderme sob a camada de células granulares.
Acredita-se que haja dois tipos de síndrome da pele escaldada: uma localizada, na qual há apenas envolvimento irregular da epiderme e outra generalizada, na qual áreas significativas estão envolvidas, em geral distantes do local da infecção inicial.
A frequência da síndrome da pele escaldada é maior em crianças menores de 5 anos de idade. Pensa-se que a diminuição da frequência em adultos seja explicada pela presença de anticorpos específicos para exotoxinas e também pela melhoria da depuração renal das toxinas que são produzidas. Na criança, a imaturidade renal dificultaria a depuração dessas toxinas e ainda não existe a mesma formação de anticorpos como nos adultos.
Quais são as principais características clínicas da síndrome da pele escaldada?
A síndrome da pele escaldada ocorre quase exclusivamente em lactentes e crianças com menos de 5-6 anos. Raramente ocorre em idosos, exceto naqueles com insuficiência renal ou sistema imunológico muito enfraquecido. Como as outras infecções estafilocócicas, a síndrome da pele escaldada pode ser contagiosa.
Ela é uma síndrome de esfoliação aguda da pele tipicamente após uma celulite eritematosa. A gravidade varia de algumas bolhas localizadas no local da infecção até uma esfoliação severa que afeta quase todo o corpo. Tem sido descrita uma forma leve da doença envolvendo a descamação apenas das dobras cutâneas após o impetigo.
A infecção inicial costuma não ser aparente antes que se tenha uma erupção na pele. Pode-se observar, também, mal-estar geral, febre e irritabilidade.
Como o médico diagnostica a síndrome da pele escaldada?
O diagnóstico é, principalmente, clínico, pela história médica e observação direta das lesões. Um diagnóstico diferencial tem de ser feito pelo menos com o impetigo bolhoso e a necrólise epidérmica tóxica.
Tanto a síndrome da pele escaldada estafilocócica como o impetigo bolhoso são doenças cutâneas devastadoras causadas pela toxina esfoliativa estafilocócica. No entanto, no impetigo bolhoso, as toxinas esfoliativas são restritas à área da infecção e as bactérias podem ser cultivadas a partir do conteúdo da bolha. Já na síndrome da pele escaldada, as toxinas esfoliativas são disseminadas hematogenicamente, a partir de uma fonte localizada, potencialmente causando danos epidérmicos em locais distantes, e as culturas do material bolhoso são estéreis.
A síndrome da pele escaldada difere da necrólise epidérmica tóxica pois o local de clivagem na síndrome da pele escaldada é intraepidérmica, ao contrário da necrólise epidérmica tóxica, que envolve necrose da camada epidérmica completa, ao nível da membrana basal. Em caso de dúvida, uma biópsia de pele pode esclarecer o diagnóstico.
Como o médico trata a síndrome da pele escaldada?
A base do tratamento é de suporte, juntamente com a erradicação da infecção primária. Medidas conservadoras incluem reidratação, antipiréticos, tratamento de queimaduras térmicas e estabilização. Os antibióticos parenterais ou venosos, para combater o Staphylococcus aureus, devem ser administrados observando-se que a maioria das cepas implicadas na síndrome da pele escaldada são resistentes à penicilina e, portanto, o tratamento tipicamente indicado é feito com vancomicina. A clindamicina é por vezes também utilizada devido à sua inibição de exotoxinas.
Como evolui a síndrome da pele escaldada?
O prognóstico da síndrome da pele escaldada em crianças é excelente, com resolução completa dentro de 10 dias de tratamento e sem cicatrização significativa. No entanto, a síndrome deve ser cuidadosamente diferenciada da necrólise epidérmica tóxica, que leva a um mau prognóstico. O prognóstico em adultos é geralmente muito pior e depende de vários fatores, como tempo para tratamento, imunidade do hospedeiro e comorbidades existentes.