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O Pernambuco que pernambucanos desconhecem: O turismo no interior do estado – Por Ed Wanderley


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Nem só de Porto de Galinhas se faz o turismo de Pernambuco. Ainda que seja esse o mais fácil e recorrente pecado na indústria turística local. E nem é necessário se deslocar por centenas de quilômetros além da capital para descobrir boas atrações com custos pouco elevados à espera até mesmo dos próprios pernambucanos.

Para a coordenadora do curso de graduação em Turismo da Universidade Católica de Pernambuco, Rosilei Montenegro, a necessidade de interiorização é latente, uma vez que levaria desenvolvimento econômico e social com arrecadação de impostos e qualificação dos espaços culturais fora da capital pernambucana. No entanto, esbarra na falta de qualidade dos serviços e na fraca divulgação. “A verdade é que as pessoas não estão habituadas e habilitadas para lidar com esses turistas e identificar suas necessidades. Mesmo nos pontos mais consolidados, a exemplo de Gravatá, Petrolina, Triunfo ou Garanhuns, há limitações. Levar esse público para outras áreas também auxiliaria na capacitação desse pessoal”, avalia.

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Turismo em Gravatá, cidade do interior do Estado de Pernambuco

Entre os exemplos que a professora cita está Nazaré da Mata, onde esteve com um grupo de trabalho. “Eles acabam restritos ao carnaval e não conseguem trabalhar o Maracatu Rural no resto do ano, mesmo com todo o potencial que essa manifestação guarda”, conta.

O coordenador do curso de Turismo da Universidade Federal de Pernambuco, André Falcão, acredita que parte do problema está no fato de que sequer a informação do que o interior oferece chega a turistas. “Quando chega, mesmo com boas ideias, elas não são articuladas o bastante”, fala, sobre o programa Pernambuco conhece Pernambuco, lançado em 2010 com nada menos que 11 rotas de promoção do turismo voltado aos próprios pernambucanos. “Era uma ideia fantástica, mas como estruturar, qualificar e promover 11 rotas simultaneamente? Falta articulação entre estado e municípios. Por isso, o turismo do interior não ‘pegou’”, acredita.

Entre os exemplos que poderiam ser importados nesse sentido, ele cita o Estrada Real, proposto desde 2001 pelo instituto de mesmo nome que qualifica a informação sobre atrativos ao longo de 1,4 mil km de estradas, atingindo 163 municípios de Minas Gerais, além de outros 16 no Rio de Janeiro e São Paulo, aos quais eles são ligados. “Tudo é restrito a apenas três caminhos. Fica mais fácil administrar e qualificar a estrutura turística”, recomenda.

Sobre o desafio da interiorização do turismo em Pernambuco, o secretário do Turismo, Lazer e Esportes, Felipe Carreras, afirma que ainda há municípios que precisam de completa estruturação, mesmo aqueles mais conhecidos, como Buíque, que atrai Ecoturistas. “Não adianta trazer pessoas e não ter como oferecer conforto. Por isso, fomos às 12 regiões do estado, mais Fernando de Noronha, ouvir as demandas e vamos lançar uma ação de turismo interno, voltado para o próprio pernambucano. Hoje tem gente daqui que conhece mais os parques de Orlando que o próprio estado. Para isso, vamos premiar as agências turísticas que venderem Pernambuco. A partir de 2016 já haverá outro cenário”, garante. A ação depende da conclusão de um processo licitatório, previsto para dezembro deste ano.

 

Ed WanderleyEd é repórter do Diario desde 2010. Atualmente faz a gestão do projeto CuriosaMente, na célula de dados do jornal. É viciado em viajar, mas ainda não descobriu os encantos dos sertões do Araripe e São Francisco. O resto de Pernambuco “tá dominado”.

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