Agronegócios
O desenvolvimento do agronegócio na região Norte de Rondônia é uma realidade
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Milhares de cabeças de bovinos das raças senepol, nelore, girolando, angus e Brahma, alguns criados em campo aberto e outros com melhoramento genético e cuidado na preservação das pastagens com o sistema de piquete rotacionado revelam o potencial da bovinocultura na região norte do estado de Rondônia, compreendendo a Ponta do Abunã até a divisa com o Acre.
Mas, não é só o boi que abre caminho para o desenvolvimento desta imensa área de terras férteis e planas, propícias para as culturas de lavouras de precisão como a soja e milho que começam a transformar a paisagem coberta de quiçaça, mato rasteiro e brejo, tendo a BR-364 como indutor neste processo de desenvolvimento do agronegócio.
Áreas de terras consideráveis que necessitam apenas de pequenas correções de solo, como calcário e curvas de níveis estão sendo adquiridas por agricultores do sul do estado de Rondônia e Mato Grosso, mirando as exportações pelo rio Madeira, assim que a ponte, lá na Ponta do Abunã estiver concluída.
O progresso é imponderável, às vezes até demora a chegar, mas quando homens de visão futurista arregaçam as mangas acreditando que tudo pode mudar, ele chega junto. É exatamente isso que está ocorrendo na região de Ponta do Abunã pelas ações práticas dos governadores de Rondônia, Marcos Rocha, e do Acre, Gladson Cameli, ao decidirem buscar junto ao governo federal apoio e recursos para a conclusão da ponte sobre o rio Madeira.
Não precisa ser futurólogo, economista, ou coisa parecida, para compreender no semblante dos pequenos, médios, grandes produtores rurais e empresários na região da Ponta do Abunã que durante décadas foram esquecidos e confinados entre o rio Madeira e o estado do Acre, que agora está chegando o momento de sonhar com um futuro promissor.
FALTA INDÚSTRIA PARA ACELERAR O DESENVOLVIMENTO
O término da ponte sobre o rio Madeira, na opinião de Valdeci Ribeiro Soares, um produtor rural que está localizado na divisa de Rondônia com o Amazonas, distante da BR-364, 13 quilômetros no distrito de Nova Califórnia, praticamente no portal de ingresso para o Acre “falta indústria para beneficiar a produção agregando valor para acelerar o desenvolvimento”.
É verdade, Valdeci, com o apoio da mulher Sueidi Aparecida, cultiva 200 mil pés de abacaxi consorciado com milho verde, quatro mil pés de melancia, garantindo uma colheita de mil frutos de ótima qualidade por safra. Ainda produz maracujá, açaí, cria frangos e galinhas caipiras e 30 vacas leiteiras que garantem a produção de 30 quilos de queijos por semana.
Transportar essa produção para comercializar em Porto Velho não compensa pela distância e ausência de infraestrutura para armazenar. Então a saída são as feiras livres nos municípios acreanos, onde possui uma freguesia fixa e com lucros garantidos.
Valdeci explora uma área de 150 hectares na divisa do Estado do Amazonas com Rondônia beirando o município de Lábrea, cercado por mata verde e muita natureza ainda intocável, bem como preservada por ele. Como nada é perfeito, Valdeci e Sueidi Aparecida arranjaram uns sócios, digamos, meio inconvenientes, com quem eles coexistem pacificamente.
As Mãos Peladas, um cachorrinho selvagem originário das selvas amazônicas, que se alimentam de frutas e insetos se tornaram sócios na lavoura de melancia. À noite, eles abrem um pequeno furo com os dentes na fruta sugando o caldo até onde podem e depois abandona, partindo para destruir outra fruta.
As maritacas velhas de guerra também não deixam por menos avançando sobre a lavoura de milho. Valdeci não maltrata os bichinhos, procura conviver com eles colocando espantalhos nas lavouras, que cercam a residência. Nem sempre dá certo, mas ele já aprendeu a contabilizar os pequenos prejuízos.
AGRICULTURA FAMILIAR EM NOVA CALIFÓRNIA
Com destaque para atuação dos técnicos da Emater, em Nova Califórnia, predomina a agricultura familiar, sendo as principais culturas, a pupunha que tem suas sementes comercializadas no Acre e outros estados. O palmito, beneficiado e industrializado vai para os estados do centro sul do País, frisa o técnico da Emater, Ivan Roque Macedo.
O produtor rural Selso Rudi Rech, cultiva 7 hectares de rambotã, uma fruta descendente da Ásia que se adaptou bem na região de Nova Califórnia, colhendo cerca de 25 mil quilos anuais, fornecendo para os supermercados da capital, Porto Velho e Rio Branco, no Acre.
ECONOMIA SUSTENTÁVEL
Reca um projeto agroflorestal que surgiu há 33 anos no distrito de Nova Califórnia pela necessidade de sobrevivência dos pequenos produtores rurais assentados na região pelo Governo Federal. Na atualidade é uma realidade revelando que onde existe vontade de trabalhar e produzir tudo pode apresentar bons resultados.
Acentua Fábio Veailetto, coordenador técnico do projeto Reca, que tem 260 famílias associadas. A instituição recebe também produtos de 150 famílias de extrativistas, castanhas, açaí, copaíba, andiroba. A indústria beneficia 1,6 milhões de quilos de frutos de cupuaçu. Com tecnologia de alta precisão, ali são industrializados palmitos para o consumo humano e óleo de cupuaçu para produção de cosméticos.
O projeto mantém 40 funcionários permanentes e mais 40 no período de safra. A direção espera com o evento da conclusão da ponte sobre o rio Madeira, na Ponta de Abunã, que ventos positivos soprem na região, gerando emprego e rendas.