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Agronegócios

Novos tributos devem favorecer resultado de usinas só em 2023/24


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O efeito da reoneração da gasolina e do etanol, que deve favorecer o mercado do biocombustível, veio “tarde demais” para melhorar de forma significativa os resultados deste último trimestre da safra 2022/23, que termina no fim do mês. A alteração assegura, ao menos, um horizonte mais confortável para os resultados da próxima temporada (2023/24), que começa em abril, embora existam incertezas sobre a política de preços da Petrobras.

Do início da safra atual até dezembro, as empresas que atuam no setor sucroalcooleiro com capital aberto penaram para manter suas margens e garantir resultados operacionais em linha com os resultados de um ano antes. Com a debilidade do mercado de etanol doméstico, onde a falta de vantagem tributária penalizou volumes e preços comercializados no país, a saída das usinas foi garantir exportações de açúcar e explorar o florescimento de interesses internacionais no etanol brasileiro.

O resultado da Raízen até o 3° trimestre demonstra o tamanho do desafio, com um aumento de 2% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) conjunto dos segmentos de renováveis (etanol e energia) e açúcar, enquanto a receita líquida dos dois negócios cresceu muito mais, em 40%. Na São Martinho, o descolamento também foi observado, com alta de 2% no Ebitda ajustado no acumulado da safra ante um crescimento de dois dígitos na receita líquida, de 13%.

Os números também foram afetados pelo desempenho ainda fraco do lado agrícola, já que a seca e as geadas de 2021 ainda se manifestaram na produtividade dos canaviais colhidos nesta safra. Com custos de produção inflacionados para todos os produtores rurais, a falta de mais matéria-prima dificultou a diluição do problema até o momento.

E o cenário não deve melhorar para esta safra apenas por causa das alterações tributárias. A exemplo de muitas empresas do setor, nenhuma das duas companhias reservou volumes relevantes de etanol para venda neste 4° trimestre – muito menos para o último mês do período.

A Raízen tinha, no fim de dezembro, 19% menos etanol em estoque para venda. A companhia, porém, ainda pode se beneficiar com o aumento das operações de trading. Já a São Martinho não tem a mesma alternativa. Em entressafra, a companhia já tinha vendido até o fim do último trimestre 85% de sua produção de etanol na safra.

A Jalles também entrou no 4° trimestre com uma quantidade de etanol em estoque bem menor do que um ano atrás, cerca de metade tanto no anidro quanto no hidratado, mesmo com a produção da Usina Santa Vitória, adquirida no meio da safra. A companhia acertou em sua aposta de que a desoneração seria postergada no início deste ano e antecipou vendas no 3° trimestre deixando menos etanol para ser vendido agora.

No país, os estoques de anidro e hidratado estão ligeiramente abaixo da média das últimas cinco safras, segundo dados compilados pelo Citi. “Grande parte das empresas já esperava alta do imposto. Para esta safra, fica um pouco menos de espaço, não vemos estoque tão grande de anidro e hidratado para fazer um volume relevante de resultado”, avaliou Gabriel Barra, analista de ações do banco. Para ele, “o impacto real vai ser para o ano [safra] que vem”, já que a safra já começará com o novo cenário.

A Raízen ao menos deve se beneficiar um pouco mais da reoneração neste trimestre em seu negócio de distribuição, que estava com estoques um pouco acima da média, e que serão valorizados com a alteração tributária.

O Citi calcula que a reoneração e a redução do preço da gasolina A pela Petrobras, anunciada também na terça-feira, têm um efeito positivo sobre o Ebitda da Raízen deste ano na ordem de 3%. Para a São Martinho, o efeito deve ser ligeiramente negativo em 1,2%, já que a companhia esperava um aumento de R$ 0,30 no litro do hidratado neste mês. No caso da Jalles, o impacto no Ebitda do deve ser positivo em 5,2%.

Em projeções feitas antes da decisão do governo por uma reoneração parcial, o BTG Pactual estimou que um retorno das alíquotas de PIS/Cofins aos níveis de maio de 2022, potencializaria o crescimento já esperado para o resultado operacional das companhias na próxima safra. No cenário traçado na época, o banco calculou que a reoneração integral elevaria o Ebitda de 2023/24 da Raízen em 3%, da São Martinho em 5%, e da Jalles (excluindo a Usina Santa Vitória) em 6%.

Já há também um otimismo do mercado com os resultados das usinas na próxima temporada também por causa da recuperação da produtividade agrícola e da situação ainda apertada no balanço global de açúcar. “Vemos um custo estável ano a ano, mas com produção de cana maior. O custo por [produção de] açúcar equivalente será menor. Tudo o mais constante, parece ser um cenário melhor”, avaliou Barra, do Citi.

 

 

Fonte: Grupo Idea

portaldoagronegocio.com.br

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